A data oficial da fundação da Xiaomi foi a 6 de Abril de 2010, exactamente há 9 anos, e por então poucos deram por esse facto. Mas, nos últimos 9 anos a Xiaomi tornou-se uma marca de culto, ao ponto de por vezes ser chamada e “a Apple da China”. Todavia, a Xiaomi não podia estar mais longe da Apple: a marca Chinesa é dinâmica, inovadora, diversificada, e o seu leque de produtos vai dos wearables ao automóveis. Tamanha diversificação não é fácil, nem na China dos recursos ilimitados onde dezenas de marcas nascem e desaparecem sem se tornarem relevantes. O que distingue a Xiaomi?

Os segredos

Em 2010, o mundo mobile não era nada como o conhecemos hoje em dia. Esse foi o ano em que a plataforma Android pela primeira vez superou a gigante Nokia em número de unidades vendidas. Foi um crescimento de 615% face a 2009. Por então, a RIM, dos famosos BlackBerry, a Sony, LG, ainda estavam acima da Apple, e a Huawei era a única marca Chinesa relevante, em 9º lugar do ranking mundial.

O mercado estava forte e dinâmico, mas com a ascensão da Internet, as marcas Chinesas já começavam a encontrar um ponto de entrada nos mercados clássicos, sendo a Xiaomi um dos exemplos mais importantes da nova era de comércio internacional via Internet. Graças a estes canais paralelos, a Xiaomi destaca-se como um nome a levar em consideração no mundo dos smartphones baratos e bons, com relações qualidade-preço insuperáveis.

O segredo da Xiaomi foi desde sempre obter lucro a partir do software e serviços, não do hardware em si, permitindo-lhe manter uma baixa margem de lucro nos equipamentos e, portanto, preços extremamente competitivos.

Uma tradição tornou-se sinónimo da Xiaomi: as flash sales. A Xiaomi foi a primeira marca mainstream a utilizar as flash sales para criar expectativa sobre os seus produtos. Invariavelmente, cada smartphone era lançado numa flash sale, vendendo aos milhares em poucas horas, criando mais procura e uma imagem de sucesso.

Mas, com o tempo, a Xiaomi soube abraçar um modelo de negócio mais tradicional, com uma expansão para a Índia onde destronou a Samsung, e outros países Asiáticos. Muito presente na Europa em canais paralelos, a Xiaomi começou finalmente a exercer uma presença física oficial no continente em 2017, chegando inclusivamente a Portugal e atirando-se imediatamente para os tops de vendas.

São marcas de maturidade de uma marca que continua a crescer, sem querer perder as suas raízes.

Os marcos históricos

É o Xiaomi M1 que começa a história de sucesso da Xiaomi, sendo lançado em Agosto de 2011, por então com um dual-core Snapdragon S3. A RAM oferecia 1GB de RAM, enquanto a câmara principal era de 8MP e a bateria de 1930mAH.

2 anos depois, a Xiaomi lançou a sua marca budget, a Redmi, com o Redmi 1, equipado com um quad-core MediaTek, 1GB de RAM e 4GB de ROM e – imagine-se – um ecrã de 4.7 polegadas com resolução HD por cerca de €100.

Nesse mesmo ano, a Xiaomi ultrapassa pela primeira vez a Apple, para se tornar a 6ª marca mais vendida na China e “rouba” o emblemático Hugo Barra à Google, apontando para a sua ambição internacional. Era igualmente anunciada a primeira MiTV e o bem-amado Xiaomi Mi 3.

2014 seria ainda melhor. O ano veria a Xiaomi no topo de vendas na China, ultrapassando o colosso Samsung, e a explosão do sucesso do ecossistema Mi, com gadgets para uma casa inteligente, incluindo um purificador de ar.

Em 2016, a Xiaomi seria novamente uma game changer, com o Xiaomi Mi Mix. O smartphone, sucesso imediato, caracterizava-se por um ecrã de rebordos mínimos, apenas com um rebordo inferior mais expressivo. Este smartphone mudaria o mundo mobile, com o seu sucesso a criar inúmeras cópias e a iniciar uma corrida aos ecrãs bezel-less.

Em 2018, a Xiaomi teve uma ideia louca: o Pocophone Poco F1, uma maravilha de plástico, mas equipada com o Snapdragon 845, o melhor processador disponível no mercado, e usualmente encontrado em equipamentos substancialmente mais caros. O equipamento tornou-se rapidamente um sucesso de vendas junto dos que querem performance máxima.

Mas a marca lançou-se igualmente no gaming mobile com o Xiaomi Black Shark, um dos melhores smartphones de gaming do mercado.

2019 viu a separação da Redmi e da Xiaomi. A Redmi está agora livre para procurar as suas estratégias de mercado e mostra o que pode fazer com a impressionante relação qualidade-preço da família Redmi 7. Entretanto, a Xiaomi pode ter um triunfo em mãos com o Xiaomi Mi 9, um dos mais baratos smartphones no mercado com o Snapdragon 855, com qualidades e preço suficientemente agressivo para enfrentar Huawei ou Samsung.

Mas, o ano ainda não acabou. A Xiaomi não planeia ficar atrás das suas concorrentes e já anunciou o seu primeiro smartphone 5G, na figura do Xiaomi Mi Mix 5G, e até ao final do ano poderá lançar o seu primeiro smartphone dobrável, que será também o primeiro smartphone dobrável em dois pontos.

E agora, para onde irá a Xiaomi?

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