Se pensei que era extraordinário que a IBM colocasse em utilização para o público (pelo menos algum) o seu computador quântico de 5 qubit há cerca de ano e meio, mais extraordinário penso ser que hoje tenha sido anunciado que a tecnológica tenha decidido disponibilizar de igual modo os seus computadores quânticos de 20 qubit.

O salto em capacidade é extraordinário e não se resume à quantidade de qubits. Por um lado, o processamento quântico é extremamente poderoso, mas o modo como os qubits interagem significa que geram uma elevada quantidade de erros. Com 20 qubits, o número de interacções é vastamente superior e também a possibilidade de erros, pelo que a IBM teve que desenvolver grandes esforços para que estes computadores fossem de facto mais poderosos que o seu computador de 5 qubit. Acabou com um computador que gera menos erros por interacção do que o seu antecessor.

Outro desafio era a duração de cada qubit. Para sermos exactos, estas unidades de computação duram meras fracções de segundo antes de voltarem a estados simples binários. Ora a IBM conseguiu que cada qubit durasse aproximadamente 90 microssegundos, por comparação ao máximo de 50 microssegundos há apenas um ano.

Com esta maior duração de cada qubit, mais fácil é para um algoritmo conseguir extrair dados sem erros, mas também mais fácil é construir computadores com maior número de qubits. Um qubit é criado apenas quando conseguimos controlar electrões singulares, cujo estado é alterado através de lasers e, obviamente, quanto menor a duração de cada qubit, mais temos de produzir para conseguir extrair informação. Por isso o novo computador da IBM consegue obter mais informação de cada qubit, sendo mais poderoso que o seu antecessor do que simplesmente pelo número de qubits disponíveis.

Existem inúmeros desafios para a computação quântica, e um deles é saber como proteger os dados. Graças à sua capacidade para serem 0, 1 ou ambos os estados ao mesmo tempo, quando cada bit computacional normal possui apenas dois estados e nunca simultâneos, a capacidade de resolução de problemas destes computadores invalida todos os sistemas de encriptação actualmente existentes.

Mas, ao mesmo tempo, dados encriptados quanticamente são impossíveis de copiar e recuperar. Porquê? Porque o princípio a incerteza de Eisenberg dita que não podemos analisar fotões sem lhe alterar o estado, perdendo neste caso os dados. A tecnologia tem, no entanto, algumas falhas. Por exemplo, ainda é altamente imprecisa e pode duplicar fotões, permitindo a um elemento externo roubar esse segundo fotão duplicado. O essencial, no entanto, é mesmo a incrível falta de segurança de todos os nossos dados face à ascensão da computação quântica, e como ainda não existe uma solução para ela.

Mas usar o IBM não será barato

Para sermos exactos, temos que nos referir à disponibilidade dos computadores quânticos da IBM como a sua primeira disponibilidade comercial. Anteriormente, o equipamento de 5 qubits estava disponível para académicos e cientistas como forma de criar conhecimento, mas os novos computadores terão que ser pagos.

Em paralelo, se o serviço estará disponível até ao final do ano, a IBM anunciou igualmente ter conseguido construir um computador de 50 qubits, mas a sua entrada em serviço comercial não tem ainda data certa.

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