Primeiro o Dieselgate, depois as restrições que estão a ser aplicadas à utilização do diesel dentro das cidades. Tudo isto, tornava quase inevitável que o Diesel estivesse para acabar. No entanto, a Bosch parece ter a solução para que o Diesel ainda tenha bastantes anos pela frente, e talvez até seja menos agressivo para o ambiente do que os motores a gasolina.

O Dieselgate tem sido terrível para a Volkswagen, sendo que agora ameaça também outras marcas, como é o caso da Nissan, Mercedes, etc. Junto com estas marcas, está também a Bosch (sim leu bem), já que esta empresa alemã esteve ligada directamente ao Dieselgate. Na verdade, foi um software desenvolvido pela marca Alemã que permitiu que os construtores adulterassem as medições de NOx que é emitido para a atmosfera. O resultado disso, será a Bosch ter que pagar cerca de 400 milhões de dólares em multa, só ao Estado Norte Americano.

Ora, apesar de estar envolvida neste escândalo enorme, a Bosch afirma que tem um sistema de pós-tratamento de NOx que permite que as emissões fiquem muito abaixo dos limites que vão ser impostos já em 2021. A ser verdade, esta é uma grande notícia, num mercado em que os carros eléctricos ainda têm custos demasiado altos para o comum utilizador, assim como têm grandes desafios para ultrapassar, como é o caso das redes de carregamento ainda algo limitadas, assim como o seu reduzido alcance.

E antes que comecem a chover críticas, a verdade é que o futuro deverá ser eléctrico, longe dos combustíveis fósseis, mas até chegarmos a esse futuro, que ainda está longínquo, esta será uma grande notícia.

Este processo apresentado pela Bosch não é propriamente uma novidade, tendo sido já revelado anteriormente. A novidade aqui, é o facto de a Bosch ter implementado este método num Volkswagen Golf GTD com bloco turbodiesel de 2.0 litros com 184cv, tendo pedido ao jornalista Chistiann Hetzner para testar o modelo em condições da vida real, utilizado o PEMS (Portable Emissions Measurement System), a unidade portátil de medições. Este sistema de medição já é aceite por todos como o mais realístico. Apesar de ainda apresentar grandes desvios (até 40mg/km), este sistema não permite qualquer tipo de manipulação.

Durante o teste, Christiaan Hetzner, jornalista do Automotive News Europe, mostrou-se bastante surpreendido com o resultado, já que os valores reais medidos foram de 18mg/km de NOx, um valor muito abaixo do que a nova norma de emissões exige. Para terem uma ideia, a norma Euro6 admite emissões até 360mg/km. Para os que pensam que estes resultados foram obtidos através de uma condução cuidada, o jornalista admite mesmo que andou a abusar na condução, para tentar o pior resultado possível. A nível de consumo, este ficou-se pelos 6,5l/100km (gasóleo), e 0,17 litros de AdBlue, valores muito interessantes face à utilização dada e também ao sistema de medição de emissões e consumos. A Bosch apresenta valores ainda melhores, mas é claro que neste caso a marca alemã aplicou um estilo de condução muito mais comedido.

Mas afinal, o que muda?

Na prática, a Bosch desenvolveu um processo de pós-tratamento de NOx, processo este que permite ao catalisador selectivo (SCR) funcionar sempre à temperatura ideal para queimar o NOx (200 graus), independentemente da carga que é aplicada no motor.

Para fazer isso, colocaram o SCR dentro do filtro de partículas, logo ao lado do bloco do motor, onde as temperaturas são mais elevadas. Este novo software que é usado pela Bosch terá que ser altamente sofisticado, já que terá que garantir que a temperatura dentro do filtro de partículas também não ultrapasse os 800º. Depois de ultrapassado esse valor, o revestimento em platina do SCR começa a degradar-se. O sistema utiliza a elevada pressão de recirculação do motor para evitar que os gases de escape frios, depois de tratados, possam diminuir a temperatura ideal de 200 graus.

No final, a Bosch diz que o sistema consegue uma média de 13 miligramas de NOx por cada quilómetro, um valor muito baixo face aos actuais limites de 80mg/km da norma Euro6d.

Este sistema deverá estar disponível para ser usado de forma massiva dentro de 2 ou 3 anos, com a vantagem de que os custos de fabrico de motores diesel com esta tecnologia, irão igualar os valores despendidos para melhorar os motores a gasolina.

Se a Bosch conseguir o que diz que consegue fazer, então os motores Diesel irão igualar os motores a gasolina no que diz respeito às emissões poluentes, assim como o preço final.

As dificuldades da Bosch

Apesar de a tecnologia ser promissora, e de ajudar bastante a minorar o problema ambiental que actualmente temos entre mãos, a Bosch irá enfrentar grandes dificuldades para que este sistema possa ser implementado.

Apesar de o diesel ser mais económico do que a gasolina (preço por litro), assim como existirem ainda vantagens fiscais que o promovam, a consciencialização da sociedade para os problemas ambientais, tem vindo a mudar a opinião de muitas pessoas. A verdade, é que nos últimos tempos a venda de carros a diesel tem vindo a sofrer quebras significativas, sendo que no seu lugar estão a surgir os motores a gasolina (a maior percentagem) e os motores eléctricos.

Para além disso, a imagem da marca alemã Bosch também não é a melhor. É que na verdade, foi a Bosch que ajudou a que as marcas estivessem a com valores de emissões muito mais elevados do que aqueles que admitiam, pelo que a confiança na marca estará muito afectada. E quer se queira quer não, a verdade é que será sempre muito difícil de convencer alguém que já foi enganado uma vez, apesar de a solução apresentada parecer bastante promissora.

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