Dias e dias de hype, teasers e pregões transformaram o Lenovo Z5 num dos smartphones mais badalados pelos media, mais cobiçado pelos utilizadores. Mas hoje, com a sua oficialização enfim, o Lenovo Z5 pode bem ter-se transformado na desilusão do ano e num caso que terá de servir de lição a todas as marcas quando decidem publicitar um produto e liberam outro.

O que a Lenovo prometia

Um ecrã bezel-less, ou praticamente, com um rácio de ecrã imbatível, foi o que a Lenovo sempre pregou nos últimos dias e semanas. Era preciso sermos cépticos para pensarmos que de facto a capacidade técnica não está lá ainda para um dispositivo deste género. Depois surgiu o lábio inferior que já começa a ser expectável, mas a Lenovo não desmentiu, nem clarificou as afirmações do seu CEO, e continuamos à espera de um smartphone praticamente sem rebordos.

A Lenovo foi ainda mais longe e andou a provocar-nos com 4TB de armazenamento interno, um valor astronómico que implicaria múltiplas memórias internas e que não deixaria de causar dúvidas, mas como a fonte era a própria Lenovo, todos aguardamos.

A verdade era completamente diferente

O que a Lenovo nos ofereceu

De um smartphone supostamente inaugurando uma nova era, o Lenovo Z5 revelado hoje é um smartphone extremamente capaz e elegante, mas não só mostra um lábio inferior espesso, como surge com um notch que nunca foi mostrado em momento algum, levando os media a pensarem que sim, existiria uma versão com notch, mas não seria a superior.

Mas o notch está lá, e ninguém o viu aparecer.

Acrescentando ao insulto, temos um máximo de 128GB de armazenamento interno, o que equivale a cerca de 2% da capacidade supostamente a bordo. Nem aos 256GB chegamos.

Este tipo de comunicação, não

A Lenovo é uma marca excepcional que tem feito um tremendo trabalho na Motorola e nos computadores, e depois deste flop tenho que renovar a minha opinião de que a Lenovo deveria simplesmente concentrar-se na Motorola. O modo como os responsáveis da marca Lenovo usaram as redes sociais com promessas vãs mostra como é parco o conhecimento que possuem do que deve ser a comunicação oficial de uma marca.

Tudo foi feito para aumentar a expectativa, para colocar todos os olhos neste evento, e o único resultado foi desiludir a generalidade dos utilizadores. Com este tipo de comunicação, os responsáveis da Lenovo perderam a credibilidade, e o segmento mobile do gigante Chinês comportou-se como uma marca secundária habituada a inflacionar os seus méritos. Chang Cheng tem, neste momento, de pedir desculpas, porque a sua comunicação descontrolada tirou ao Lenovo Z5 a chance de ser um smartphone admirado pelo que de facto é.

Em defesa da Lenovo, este não é o tipo de comunicação que a marca costuma fazer. Esta não é a gestão de expectativas que faz aquela que tem sido a maior fabricante de computadores nos últimos anos, aprendendo a desafiar nomes estabelecidos como HP ou ASUS e ACER. Como amante de tecnologia, o meu enorme respeito pelos produtos da Lenovo é patente, e a Lenovo não precisava ter gerado toda esta hype.

Smartphone excelente, mau marketing

Tudo no Lenovo Z5 é sólido: um bom design com acabamento em metal e vidro, motorizado pelo Snapdragon 636 e 6GB de RAM, este equipamento poderia ser muito admirado por estas especificações.

As câmaras são de 16MP com abertura f/2.0 e uma secundária de 8MP para informação de profundidade, enquanto a câmara frontal é de 8MP com abertura f/2.0.

A bateria, entretanto, possui 3300mAh com carregamento rápido de 18W.

Tudo somado, a versão com 6GB de RAM e 64GB de armazenamento interno deverá custar perto de €200, e seria isso mesmo que a Lenovo deveria ter vendido desde o início: um excelente smartphone de €200. Mas, depois da hype, poderá o Lenovo Z5 ser amado?

 

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