Há muito que é um dado adquirido que o MediaTek Helio X30 é o grande flop do ano no mundo mobile, superado talvez apenas pelas vendas aparentemente miseráveis do Essential Phone. Um deca-core fabricado em litografia de 10nm, o Helio X30 deveria ter sido o grande competidor do Snapdragon 835, mas acabou por ter apenas um grande cliente de destaque, na forma do Meizu Pro 7 Plus e nem isso é uma grande vitória, já que a MediaTek é accionista da Meizu. O falhanço do X30 foi de tal modo importante para a MediaTek, que a gigante de Taiwan irá aparentemente tirar umas férias da gama alta para se concentrar nos dispositivos premium, onde os Helio P têm obtido bons resultados.

Em entrevista ao site Gearburn, Finbarr Moynihan, responsável pelas vendas internacionais deixou escapar que, para os tempos próximos, a MediaTek irá relocalizar os seus esforços para a gama premium com os novos Helio P, admitindo que o Helio X30 foi um flop a todos os níveis.

Num conjunto de frases bastante francas e honestas, Moynihan confessa que a MediaTek teria consciência que o Helio X30 não seria particularmente competitivo em termos de conectividade para o mercado internacional, deixando o caminho aberto para o concorrente da Qualcomm, da Huawei, ou da Samsung. As vulnerabilidades da MediaTek em termos de modems são, de resto, bem conhecidas, com Qualcomm ou Samsung a conseguirem levar a dianteira em termos de capacidades em redes avançadas.

Entretanto, 2017 foi o ano em que a MediaTek perdeu a gama média para a Qualcomm, com os seus tradicionais clientes Chineses a lançarem uma ampla gama de dispositivos intermédios para os quais o X30 era demasiado potente. A MediaTek acabou assim por perder em todas as frentes.

Moynihan aponta assim para a ausência de novos Helio X pelo menos durante o próximo ano ou dois.

O que correu mal?

O MediaTek Helio X30 não foi apenas um processador, mas a ponta de lança de uma estratégia que viu a MediaTek distrair-se da gama intermédia tradicionalmente sua, sem no entanto ter um equipamento realmente preparado para enfrentar a primeira liga. Assim deixou-se ultrapassar pela Qualcomm que conquistou este segmento no mercado doméstico e assistimos ao fenómeno de diversas marcas Chinesas a colocarem no mercado equipamentos com chips Qualcomm.

A MediaTek falhou, portanto, em ler o mercado. Especificamente o seu mercado. Grandes clientes como a Xiaomi estavam a tentar expandir-se para fora da China, e com isso tiveram que olhar seriamente para os produtos da Qualcomm, mais fiáveis em actualizações, mais potentes em gráficas, mais rápidos em modems. Acima de tudo, mais conceituados no mercado Ocidental. Ao não fazer o esforço extra nos seus chips de gama média, a MediaTek foi perdendo aí os clientes e o Helio X30 nunca chegou a ser realmente desejado.

Mas há quem aponte igualmente problemas importantes a nível de produção, com problemas de performance e controle de qualidade. De facto, os poucos benchmarks que existem com o Helio X30 mostram um dispositivo de performance idêntica à do Snapdragon 820 na melhor das hipóteses, o que não é manifestamente suficiente em 2017, se percebermos o quanto evoluíram nestes últimos anos os chips móveis.

Este recuo acaba por ser a melhor decisão da MediaTek. Equipamentos como os Helio P20 e P25 têm convencido pela sua eficácia, mas falham em marketing, promoção, e confiança do consumidor. A MediaTek tem pela frente grandes campanhas de marketing para mudar a imagem que muitos consumidores têm dela quanto à indisponibilidade para actualizar os dispositivos com os seus chips.

De certo modo, esta decisão era mais do que esperada, mas ainda assim uma pena, já que a variedade é sempre interessante para o mercado e para o consumidor. A gama X tinha certamente potencial que agora não veremos realizado.

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