Deixem-me começar por dizer que não estou particularmente excitado pelo exercício de design feito pela Huawei nos Mate 20 e Mate 20 Pro oficializados ontem numa colossal cerimónia em Londres. Inquestionavelmente são dispositivos bonitos, como a imprensa convidada tem realçado sem reservas, e a qualidade de construção será tipicamente Huawei (o que é o mesmo que dizer que é impecável”), mas os traços não se distinguem particularmente da tendência geral do ano. Tudo é diferente com o Huawei Mate 20 RS Porsche Design, aquele que terá que ser considerado um dos smartphones mais impressionantes de todo o ano e futuro próximo, deste ponto de vista tão importante quanto é aquela qualidade de que poucos gozam: o ser inconfundível.

2018 foi a todos os níveis um ano atroz em termos de design, com uma colagem inaceitável ao iPhone X, gerando dezenas de dispositivos incapazes de se distinguirem uns dos outros, excepto pelo facto de conseguirem implementar de modo horrendo o que deveria ter sido uma simples cópia. A Motorola esteve acima disto com um look muito próprio, a Samsung igualmente, e obviamente que a Huawei nos ofereceu equipamentos como o trio P20 e o Mate 20 Lite que são inquestionavelmente bonitos e difíceis de confundir. O Mate 20 Pro também não será facilmente confundível com outros equipamentos, mas o módulo quadrado para as três câmaras será mesmo o único grande destaque num design impecável, mas derivativo.

Tudo bate certo neste design

O Huawei Mate 20 RS Porsche Design é simplesmente tudo o que os restantes Mate deveriam ter sido em termos estilísticos. A Porsche Design simplesmente não brinca em serviço e ofereceu-nos um dispositivo que se caracteriza pela simetria tão apreciada pelo estúdio de design. Reza a lenda que teria sido a própria Porsche Design quem, em 2017, obstara que o Mate 10 RS Porsche Design incluísse já um notch capaz de violar a simetria do dispositivo.

Este ano não me parece que tenham tido qualquer hipótese, considerando a necessidade de incluir o sofisticado sistema de reconhecimento facial comum com o Huawei Mate 20 Pro. A sua ausência não seria tolerável num smartphone que deve incorporar o melhor design do mercado, mas também toda a tecnologia de ponta que caracteriza a Huawei e a Porsche. Então fica o notch, para o bem, ou para o mal.

No entanto, a face traseira é simplesmente um exercício de design puro, pensado, ponderado e construído ao pormenor: o painel traseiro inteiramente de vidro é substituído por uma construção em três quadrantes, com pele genuína nos quadrantes laterais e um painel central de vidro que corre na vertical ao longo de toda a porção central do painel. É aí que se encontram as mesmas três câmaras e flash dispostos num quadrado reminiscente dos faróis das actuais gerações do Panamera ou Cayenne. Desta vez, no entanto, as câmaras estão niveladas com o painel traseiro para uma maior fluidez de detalhes e nenhuma distracção.

Finalmente, este painel de vidro é igualmente dividido em 3 rectângulos de tonalidade algo diferente, numa espécie de réplica do padrão do painel traseiro maior, este tipo de repetição de padrões e simetria resultando na perfeição. A invocação está lá das racing stripes, um statement de velocidade e espírito desportista que a versão em vermelho e negro reafirma sublimemente. Haverá algo mais racé do que vermelho e negro, como dizem os Franceses?

O Huawei Mate 20 RS Porsche Edition é, assim, um tratado em design limpo e bem rematado e na minha modesta opinião deveria o Mate 20 Pro ter recuperado esta riqueza de detalhes e acabamentos, abdicando quiçá nos materiais como o cabedal para contenção no preço.

Estilo por fora, hardware bruto por dentro

Pensava até ontem que o Huawei Mate 20 Pro seria o smartphone mais inovador do ano até ao momento, e em nada me enganei, conseguindo a Huawei superar todas as expectativas. Ora, o Huawei Mate 20 RS Porsche Design, é fundamentalmente o Mate 20 Pro com estes refinamentos estilísticos da Porsche Design e por isso apresenta talvez o melhor hardware que veremos em 2018.

No seu coração encontra-se o novo Kirin 980, o inovador octa-core fabricado numa litografia de 7nm tem batido todos os recordes de performance no mundo Android e chega unido a uma nova NPU com o dobro da capacidade de processamento da presente no Kirin 970, e ao modem mais rápido de sempre da Huawei, um LTE Cat. 21 capaz de velocidades downstream de 1.4Gbps.

O Huawei Mate 20 RS Porsche Design é intrinsecamente moderno, incluindo um sistema avançado de reconhecimento facial 3D suficientemente exacto para a Huawei autorizar pagamentos via esse método de autenticação, em acréscimo ao leitor biométrico sob o ecrã, este próprio uma unidade impressionante OLED de 6.3 polegadas e resolução 2K, com espaço de cor DCI-P3 e compatível com HDR.

Em termos de câmaras, o Mate 20 RS Porsche Design abdica da tradicional câmara monocromática da qual vou sentir algumas saudades. Diz a Huawei que as melhorias no tratamento de imagem permitiram abdicar dessa câmara (para exposição sim, mas para detalhe também?), substituindo-a por uma ultragrande angular de 20MP mais adequada às fotografias de grupo e paisagens. Aqui, tenho mesmo que tirar ao chapéu à Huawei por adoptar esta resolução: tipicamente as marcas apostam numa resolução inferior, um erro crasso, já que terão que encaixar mais detalhes em menos pixéis disponíveis. A câmara zoom é de 8MP para um zoom óptico 3X e, finalmente, temos a câmara principal, uma potente unidade de 40MP f/1.8.

A bateria, essa, é idêntica à do Mate 20 Pro, com 4200mAh, e carregamento SuperCharge 2.0, capaz de carregar 70% em 30 minutos. Extra-ordinário, certo?

O preço é de €1,695 o que, consideradas bem as coisas, é infinitamente menos euros por cada detalhe brilhante do que conseguiríamos justificar na nova geração de iPhone, e esse ponto é incontornável. No fim de contas, no entanto, o Huawei Mate 20 RS Porsche Design é uma luz no túnel escuro do design de 2018. Venha daí um Red Dot!

 

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