Ó vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança. Esta é a frase que encontram aqueles que na Divina Comédia, de Dante Alighieri, e poderia bem ser simplesmente pendurada à porta da Microsoft quando alguém pensasse desenvolver um novo Windows Phone. É que a última machadada acaba de ser dada: a HP desistiu simplesmente do último realmente bom Windows Phone no mercado. Adeus HP Elite X3.

Um sistema operativo sem futuro

E a culpa é obviamente da Microsoft. No que dependia da HP, a possibilidade estava lá para se criarem equipamentos muito interessantes com o sistema operativo mobile de Redmond, mas como explicou Nick Lazaridis, presidente da HP para as regiões EMEA, deixou de fazer qualquer sentido criar equipamentos Windows Phone, face ao completo desinteresse da própria Microsoft na plataforma Windows Mobile.

De futuro, não fica excluída a criação de novos equipamentos, mas Lazaridis explica que isso estará dependente dos roadmaps da Microsoft e – sou franco – não vejo tal coisa a acontecer. O excelente equipamento que é o Elite X3 deixará de ter suporte em 2019 e, entretanto nada mais será desenvolvido pela HP nesta área.

Desde a saída de Steve Ballmer que a Microsoft tem condenado activamente a plataforma Windows Mobile, numa sucessão de decisões contraproducentes para o ecossistema, e um quase completo silêncio quanto ao futuro do Windows para smartphones.

Satya Nadella parece nutrir grande desamor à mera ideia de um Windows Phone, não deixando por aproveitar qualquer oportunidade para criticar tudo o que antes de si foi feito, inclusivamente a aquisição falhada da Nokia. Será talvez uma excelente coisa que a Nokia tenha acabado por falhar nas mãos da Microsoft, olhando para os equipamentos que a HMD tem agora no mercado Android, mas a diferença fundamental entre a Microsoft e a HMD é só uma: estratégia.

Ler mais: Vídeo Unboxing Nokia 8

A HMD não tem os orçamentos da Microsoft, mas tem vontade, visão, estratégia e comprometimento com a linha Nokia.

Por comparação, a Microsoft perdeu simplesmente todas as oportunidades mobile que teve, inclusivamente com a Nokia. O problema não pode ser simplesmente imputado à dominância do Android. Mas pode sê-lo imputado ao desinteresse.

Na onda transformadora que Nadella imprimiu à Microsoft, áreas como a Cloud têm sido motores de enorme sucesso e motivos de louvor para este gestor de ideias arrojadas, e os Windows Phone ficaram para trás.

Uma última esperança?

Foi em Junho que, numa rede social Chinesa, alguém colocou online o vídeo de dois dispositivos Surface que rapidamente desapareceram. Nadella tinha alertado já em Maio que os próximos smartphones da Microsoft poderiam não parecer smartphones, invocando igualmente o smartphone “definitivo”.

Os futuros Surface já estariam inclusivamente em produção inicial de testes, eventualmente na ODM Pegatron, na China.

Ler mais: Linha Surface da Microsoft pode acabar em 2019

Nada parece mais improvável neste momento. Seria difícil de imaginar que, estando estes dispositivos em produção ou estudo, a HP não o soubesse, o que daria certamente uma perspectiva diferente quanto à utilidade de continuar o desenvolvimento de Windows Phones.

Entre as promessas ambíguas de Nadella, os rumores e a acção taxativa da HP, o Windows Phone foi desligado das máquinas. Abandonem a esperança.

1 COMENTÁRIO

  1. […] Satya Nadella não estava errado sobre o caminho serem os serviços. Estava era redondamente errado de que isso implicava o fim do Windows. Com um mercado mobile a crescer cada vez mais, não existiam bases para se acreditar que o Windows Mobile não tinha possibilidades de sucesso, mas como dizia o outro, quando não se quer, até os tintins estorvam. E foi assim que a própria Microsoft sabotou o próprio sistema operativo, deixando sair cá para fora (e sem controle ou desmentidos) boatos atrás de boatos sobre o fim do Windows Mobile até à machadada final. […]

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui