As opiniões ainda divergem quanto à necessidade ou benefícios das crianças possuírem smartphones. Pessoalmente sou da convicção de que o acesso à informação, a interacção com os equipamentos, potencia o desenvolvimento intelectual das crianças, porquanto não se sobreponha às outras áreas do seu desenvolvimento cognitivo e cultural. O problema é como conseguirmos conjugar esse desenvolvimento, com o potencial viciante do smartphone. Em Espanha, a Escudo Web pensa ter a resposta para o problema com o seu PhoneKid, um smartphone para crianças com amplas ferramentas de supervisão parental.

Uma criança precisa dum smartphone?

Os smartphones não são pensados para crianças. Não são um brinquedo e, como tal, só mais recentemente começamos a assistir a produtos que incluem implementações que se destinam a proteger as crianças. No entanto, a era do sempre conectado gerou uma ansiedade de comunicação e muitos pais querem poder estar sempre em contacto com os filhos enquanto estes estão na escola, numa passeio, ou em casa. Optam, assim, por lhes dar um telemóvel.

Muitas vezes, os smartphones para crianças podem ser demasiado básicos para que os pequenos vejam neles algum interesse, ou então são-lhes dados equipamentos pensados para adultos e que não possuem qualquer tipo de prevenção para as necessidades específicas das crianças, como protecção dos olhos ou gestão de horários. Muitas das grandes marcas já possuem espaços Kid nos seus smartphones e tablets, para que os pais possam deixar os smartphones nas mãos dos filhos durante algum momento de lazer.

A proposta da Escudo vai mais longe e o PhoneKid parece ter as características de um smartphone completo e funcional, mas com um estrito controle parental que permite aos pais sentirem-se seguros e mais perto dos seus filhos. Este sistema funciona via remota, e permite aos pais controlar algumas das opções a que as crianças têm acesso, mas não permite a visualização das conversas em chats e redes sociais. Portanto, não chegamos ao ponto de espionagem, e salvaguardamos a privacidade das crianças.

Por outro lado, os pais podem desactivar e bloquear o smartphone à distância durante os momentos em que a criança precisa dormir ou estudar.

Uma última implementação importante é um botão de pânico que permite realizar uma chamada para os pais sem qualquer informação no ecrã, o que possibilitará à criança um pedido de ajuda sem que alguém se aperceba de que o fez.

A ideia é excelente do ponto de vista da segurança e gestão dos horários das crianças, supondo-se que os pais podem deste modo manter-se atentos sem se tornarem intrusivos ou opressivos.

Finalmente, o preço indicativo é de €150, embora o hardware do equipamento não se encontre ainda divulgado.

Todavia, há perigos

Se o equipamento que querem oferecer à criança é seguro, o último ano mostrou-nos imensas situações em que eram os smartphones dos pais o problema. Os adultos são supostamente conscientes e responsáveis, mas passaram os últimos anos a instalar apps perigosas ou suspeitas nos seus dispositivos, comprometendo os seus dados e segurança. Ao escolher dar um telemóvel ao seu filho tem que compreender os benefícios e os riscos: se em teoria é benéfico termos sempre presente a localização dos nossos filhos, também existe o risco da localização cair nas mãos de terceiros mal intencionados.

Se perder o seu smartphone, os dados do PhoneKid estarão nas mãos dum infractor. O utilizador terá que se certificar que se previne contra estas possibilidades com mecanismos de localização, recuperação ou eliminação do smartphone e dos seus dados sensíveis. Terá igualmente que compreender que a segurança do seu filho está no seu smartphone: já assistimos a falhas de segurança graves devido a informação partilhada por pais em chats não protegidos, por exemplo.

Por outro lado, a ideia de um smartphone destinado a crianças esbarra na feroz guerra de mercado a que assistimos actualmente, com os anúncios de smartphones a tornarem-se cada vez mais focados no público jovem. O potencial existe, assim, para que exista por parte das crianças uma resistência aos equipamentos infantis e desejem os mais publicitados. Compete sempre aos pais ser a entidade responsável e decisora, pesando todas as possibilidades.

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