Intel e AMD parecem estar a criar uma parceria de grandes dimensões, com a já noticiada gama de chips Intel Core H que integrarão gráficas AMD. Agora, com o que parece ser uma importante transferência de conhecimentos, Raja Koduri, responsável pelo Radeon Technologies Group (RTG) saiu da AMD para abraçar novos desafios na Intel.

Se tudo isto é algo confuso, sim, a AMD e a Intel são rivais tradicionais no mundo dos chips x386, e têm-no sido durante as últimas décadas. A certa altura, a AMD parecia ter-se dado por rendida em termos de capacidades face à Intel e à Nvidia, suas principais concorrentes nos processadores e nas gráficas. Agora, as duas rivais tradicionais parecem ter-se aliado de modo muito inesperado com a já mencionada parceria de GPUs integradas em chips Intel, para grande dano da Nvidia.

O alvo poderá não ser simplesmente a Nvidia, mas igualmente a ARM e a Qualcomm. Talvez ainda este ano, quiçá em 2018, teremos os primeiros computadores com chips de arquitectura ARM, especificamente fabricados pela Qualcomm. Não podemos para já esperar performance comparável, mas a integração de módulos é o futuro e a autonomia será invejável. Tanto AMD quanto Intel perceberem que esse futuro está a caminho e será certamente mais económico que se unam de algum modo para fortalecer o universo x386.

Raja Koduri terá um papel fundamental nesta parceria e poderá já o ter tido no passado, segundo o WCCFTech. Um especialista em memória de grande largura de banda, e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da arquitectura Vega, Koduri foi um dos grandes artífices do regresso dos mortos da AMD e será igualmente fundamental no plano da Intel para integrar as GPU Radeon nos seus sistemas integrados.

O Nervo da Inteligência Artificial

Há outra área onde Koduri poderá ser fundamental, e essa área é a inteligência artificial.

Em 2016, a Intel adquiriu a startup Nervana, uma especialista em aprendizagem profunda. Entretanto, em Outubro passado, a Intel anunciou que começaria a enviar aos seus parceiros o primeiro chip desenhado especificamente para redes neurais, o Intel Nervana.

Aquilo que a Intel chama de processador neuromórfico, o chip inspira-se no cérebro humano quanto ao método de funcionamento e tratamento de informação para aprender e tomar decisões hierárquicas. O chip poderá ter aplicações em diversas indústrias, incluindo no universo dos veículos autónomos, onde a corrida começa a aquecer e a AMD trabalha já em parceria com a Tesla.

Um chip que utiliza memórias HBM2, o Nervana poderá evoluir significativamente com as contribuições de Koduri. Entretanto, do outro lado da barreira tecnológica, a Nvidia está ainda sem dar real resposta às crescentes parcerias da AMD que ameaçam a sua hegemonia.

O panorama dos chips está certamente a alterar-se profundamente com esta aliança de dois rivais até agora inconciliáveis.

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