Fruto de performance equilibrada, qualidade de imagem, construção de qualidade, e algumas das melhores objectivas disponíveis no mercado, a Canon EOS 5D tem sido o pilar do foto-jornalismo pelo mundo inteiro. Mas com a muito bem-amada 5D Mark III anunciada já no distante ano de 2012, a Canon corria o risco de ficar desfasada face a um mercado em constante mudança. Entretanto, a Canon lançou em 2015 as potentes Canon EOS 5DS e 5DS R mas, com o seu sensor de 51MP, ambas as câmaras serão porventura mais adequadas à fotografia de estúdio e artística, do que à fotografia em contra-relógio de repórteres.

Portanto, o autor teve a oportunidade de fotografar com a EOS 5D Mark III em diversas ocasiões e nada negará a qualidade intemporal dos seus resultados. Mas, face a novas tendências de edição de imagem e conectividade, o seu sensor já mostrava as suas carências face a concorrentes mais recentes. A Canon EOS 5D Mark IV é, enfim, a verdadeira substituta da Mark III e melhora a sua antecessora em tudo, dando aos fotógrafos uma nova ferramenta extremamente poderosa para uma quantidade substancial de situações.

A Canon EOS 5D Mark IV face à 5D Mark III

A Canon EOS 5D Mark IV é uma SLR full-frame com sensor de 35mm e resolução de 30MP, face aos 22MP da Mark III. Ainda assim, a Mark IV consegue aumentar ligeiramente a cadência de disparo para as 7fps, face às 6fps da sua antecessora. A gama ISO normal é agora 100-32000 (expansível até 50-102400), mas será talvez mais importante o que a 5D Mark IV consegue fazer em gamas ISO comparáveis às da Mark III, algo que abordaremos mais tarde.

Uma grande evolução face à sua antecessora, a EOS 5D Mark IV mantém as linhas gerais da Mark III.
Uma grande evolução face à sua antecessora, a EOS 5D Mark IV mantém as linhas gerais da Mark III.

No sistema de foco, continuamos a ter os 61 pontos de foco da Mark III, mas esta é apenas parte da história. A área de cobertura do foco foi aumentada e todos os pontos são capazes de focar com aberturas até f/8. A incorporação do sistema Dual Pixel também permite uma maior capacidade de foco durante captura de vídeo e a Canon implementou aquilo que chama de Dual Pixel RAW, ou a capacidade para fazer micro-ajustes no foco da imagem, graças à utilização das imagens obtidas pelo sistema Dual Pixel.

A bordo encontramos igualmente o sistema de fotometria de 150,000 pixéis herdado da EOS 1D X, com capacidades melhoradas no reconhecimentos de cenas, objectos e cintilação.

Aumenta ainda a resolução do ecrã LCD de 3.2 polegadas, agora nos 1,620,000 pixéis, mas o grande salto em frente está mesmo na conectividade. Enquanto a Mark III era essencialmente uma câmara offline, a Canon EOS 5D Mark IV acrescenta conectividade Bluetooth, NFC, Wi-Fi, GPS e a muito mais capaz USB 3.0, tudo isto permitindo uma mais rápida transferência de ficheiros e emparelhamento com dispositivos móveis, especificamente o smartphone onde, através de uma app razoavelmente completa, podemos utilizar com alguma desenvoltura a câmara.

Ergonomia e experiência de utilização

A Canon tem sabido criar excelentes menus de fácil navegação e com opções amplas de configuração e a EOS 5D Mark IV não muda esta postura. Em termos de ergonomia, temos aqui tudo o que fez da Mark III uma câmara respeitada, com um punho de grande área que permite segurar a câmara com grande firmeza, e uma pluralidade de comandos úteis ao nosso alcance.

Aqui, uma pausa para indicar que, apesar de grande parte dos comandos externos se encontrarem nos mesmos locais, face à Mark III, a EOS 5D Mark IV acrescenta um selector de área de foco logo abaixo do joystick.

A Canon EOS 5D Mark IV mantém os comandos externos da Mark III, acrescentando um novo selector de área de foco sob o joystick.
A Canon EOS 5D Mark IV mantém os comandos externos da Mark III, acrescentando um novo selector de área de foco sob o joystick.

Como é de esperar, apesar de ser uma câmara relativamente pesada, com 890g, a EOS Mark IV é bastante confortável de utilizar, graças ao punho generoso e à facilidade com que chegamos aos comandos externos. Fotografar em modo manual com a câmara é obrigatório. Mais do que isso e mais do que fácil, é divertido, excitante: a Canon reage e responde instantaneamente a qualquer solicitação, com um sistema de foco rápido e certeiro.

Fotografar em modo manual com a câmara é obrigatório. Mais do que isso e mais do que fácil, é divertido, excitante

A ocular é, sem dúvida, um dos seus aspectos positivos. As informações aí são fáceis de visualizar e não temos o problema que encontramos na 7D Mark II, onde a escala de fotometria nem sempre se encontrava visível.

A Canon continua a ser uma câmara volumosa e com um punho extremamente confortável.
A Canon continua a ser uma câmara volumosa e com um punho extremamente confortável.

Já do lado do LCD, é de facto uma pena que não tenhamos um equipamento posicionável, como encontramos em diversos concorrentes. A simplicidade da construção significa mais resistência da câmara, face a uma utilização que deverá ser no terreno, em movimento, com poucas solicitações a um ecrã ajustável. A omissão não é, por isso, importante, mas poderá ser para fotógrafos paisagistas que enfrentarão dificuldades de visualização do ecrã em algumas composições.

Mas, do lado positivo, a nova interface táctil é – como em outras Canon – extremamente facilitadora do acesso rápido a ajustes profundos da câmara, sem necessidade de andarmos a tropeçar entre botões.

Temos de destacar igualmente a facilidade de utilização do foco. Verificamos que, mesmo em condições onde a luz já escasseava, a Canon mantinha vitalidade na aquisição de foco e não tinha tendência para “caçar”. O sistema parece ser capaz de funcionar em condições de até -3EV e o modo Live View chega aos -4EV, pelo que deverá trabalhar com idêntica qualidade.

Menos positivo é a duração da bateria, mas a razão aqui prende-se com a manutenção de uma bateria pouco superior à da Mark III, quando a utilização de Wi-Fi significa um grande consumo energético em qualquer câmara. Utilizando a Canon com emparelhamento, a duração da bateria decresce, mas para fotografia normal através da ocular a diferença não se notará significativamente: as especificações indicam que a Mark IV é boa para 900 imagens face às 950 da Mark III, mas está também optimizada para durar significativamente mais em Live View.

Qualidade de imagem

As fotografias de que a Canon EOS 5D Mark IV é capaz impressionaram-nos grandemente. Tal como em todos os restantes aspectos da câmara, a polivalência aqui é chave, e a câmara transmite-nos enorme confiança na hora de captar uma imagem: sabemos que está tudo nas mãos do fotógrafo, porque a 5D Mark IV tratará dos resultados.

Em particular, a Canon EOS 5D Mark IV melhora significativamente um aspecto onde a sua antecessora fraquejava de modo apreciável: a preservação de detalhes nas sombras.

A câmara oferece ao fotógrafo uma grande amplitude de liberdade para editar as suas imagens, sem criar ruído de modo significativo, mesmo quando temos de optar por uma edição agressiva.

Os sensores mais recentes da Canon têm feito avanços notáveis no sentido de se tornarem ISO invariáveis, permitindo a qualquer fotógrafo sub-expor para preservar as altas luzes, e posteriormente corrigir a imagem em pós-produção. A técnica é comum entre fotógrafos de concertos e paisagens, onde as cenas tendem a ter contrastes elevados, mas no caso da Mark III verificamos que mesmo um aumento modesto da luminosidade nas zonas escuras criava grão significativo e edições mais agressivas tendiam a criar verdadeiras bandas de ruído.

Ora, foi mais por impossibilidade de circunstâncias que por vontade que acabamos por testar a EOS 5D Mark IV em condições de baixa luminosidade, onde verificamos uma diferença abismal face à sua antecessora. A câmara oferece ao fotógrafo uma grande amplitude de liberdade para editar as suas imagens, sem criar ruído de modo significativo, mesmo quando temos de optar por uma edição agressiva.

A captação de detalhe é apreciável, embora tenhamos noção que seria maior sem o filtro de baixas passagens, mas esta será uma perda que muitos acolherão facilmente, pela menor tendência para o moiré que vaticina.

Portanto, quer fotografemos paisagens, concertos, ou reportagens, a qualidade de imagem está assegurada, tanto para os que necessitam de uma captura certeira à primeira, quanto para os que esperam ter matéria prima de qualidade para edição posterior.

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Conclusão

A Canon EOS 5D Mark IV não altera profundamente a fórmula da Mark III. Muito pelo contrário, mantém o foco na polivalência, performance em ISO elevado e utilização intensiva no terreno, pelo que tem todos os trunfos para continuar a ser uma eleita dos profissionais, e ainda mais alguns.

Falamos da interface táctil do ecrã e da elevada conectividade, que permitirá a fotógrafos paisagistas ou de estúdio o emparelhamento muito fácil com qualquer dispositivo. São alterações significativas, que poupam em acessórios externos e garantem à câmara uma maior gama de utilizações possíveis. Claro que seria fundamental que a app da Canon se adequasse mais à utilização profissional, com comandos mais amplos e diversificados. Já o ecrã é irrepreensível na sua utilização e facilita tudo o que possamos imaginar no nosso quotidiano.

Mas o que importa em última instância é a câmara como ferramenta e, aqui, a 5D Mark IV será uma câmara apaixonante para todos os donos de Mark III veteranas, oferecendo garantias de durar pelo menos tantos anos quanto a sua antecessora, graças à sua construção em liga de magnésio e vedação contra elementos externos. Fundamentalmente, temos uma câmara excitante de utilizar para quem saberá apreciar e usufruir das suas competências, e uma ferramenta extremamente valiosa para quem dela souber tirar proveito.

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