Geralmente tenho sempre coisas boas a dizer dos Sony Xperia, independentemente da sua gama e segmento de mercado. Não é apreço injustificado: apesar de terem caído algo no desfavor dos utilizadores, os Xperia são geralmente equipamentos com boa qualidade de construção, software intuitivo e com hardware muito capaz. Chegamos ao Xperia XZ1, equipamento que há muito queria ter já rodado e explorado mas que, por várias vicissitudes, só agora me é possível fazê-lo. O dispositivo remonta, no entanto, a Agosto de 2017, e a Sony lançará novos equipamentos de gama alta já no próximo mês de Fevereiro. Não somente a Sony, claro, mas também a Samsung, a Nokia, potencialmente a LG e a Xiaomi. Perante isto, tenho que olhar para o Sony Xperia XZ1 exactamente como aquilo que ele é: um smartphone com cerca de seis meses, e questionar-me: será este um flagship relevante nesta fase?

Características principais:

  • Processador: Qualcomm Snapdragon 835 a 2.5GHz
  • Memória: 4GB de RAM, 64GB de armazenamento interno;
  • Câmara principal: 19MP f/2.0 com EIS;
  • Câmara frontal: 13MP f/2.0;
  • Ecrã: 5.2 polegadas FHD
  • Sistema operativo: Android Oreo
  • Bateria: 2700mAh;
  • Conectividade 4G: sim;
  • Leitor de impressões digitais: sim
  • Rádio: sim
  • NFC: sim
  • Bluetooth 5.0
  • Carregamento rápido: sim

 

O design

Vamos ser honestos: os ecrãs dos Xperia há muito tempo que recebem algumas críticas por não possuírem exactamente o tipo de rebordos mínimos que começamos a esperar dos smartphones mais caros. Mas, por comparação a equipamentos que saíram na mesma altura, equipamentos como o Xiaomi Mi 6 ou o Pixel 2 da Google, o Xperia XZ1 não fica em desvantagem por comparação a nenhum deles.

Em si mesmo, o design não tem vícios: é minimalista, simétrico, esguio, e não vamos jamais confundir este Xperia com qualquer outro equipamento, muito menos com o iPhone, que tem servido de grande inspirador para muitos. O Xperia tem um look distinto e próprio, que pontua por uma excelente integração dos elementos que compõem a carcaça, por exemplo com os recortes das antenas a esconderem-se em forma de “U” na lateral do dispositivo, por comparação à posição tradicional na face traseira.

De resto, o design esconde uma excelente ergonomia. Toquem o Xperia e ele é sólido, fácil de agarrar sem interrupções e é dos poucos equipamentos nesta era bezel-less em que podemos apoiar o polegar no rebordo inferior para o segurar firmemente durante uma fotografia. Finalmente, a protecção IP68 está ausente de muitos concorrentes e faz toda a diferença em caso de acidentes e Invernos rigorosos.

 

Hardware

Estamos a falar de um equipamento de 6 meses, ou a caminho de. No entanto – e sem reservas – não estamos a falar de um equipamento obsoleto. Mas primeiro, tiremos o ecrã do caminho.

Sim, os bezels dos lábios superior e inferior do ecrã podem ser considerados demasiado grandes por muitos. Não me incomoda em momento algum, mas compreendo a crítica. Em troca, o Sony Xperia XZ1 oferece-nos altifalantes estéreo frontais, com que podemos jogar, ver videoclips ou a nossa série favorita com som de melhor qualidade do que na maioria dos concorrentes nesta gama de preço. Como disse anteriormente, fotografar com o botão dedicado é mais facilitado, já que temos um apoio para o polegar no ecrã. Face a estas questões, prefiro os rebordos do que a perda da ergonomia e da qualidade áudio, mas é uma preferência minha.

O ecrã é um Triluminos e, como sempre, estamos perante o melhor que a tecnologia LCD pode oferecer no momento: bons contrastes, boas cores, excelente luminosidade e belíssimos ângulos de visão. Que os futuros Xperia possam mudar para OLED não é realmente pertinente para uma utilização quotidiana neste momento, e graças à optimização de imagem da Sony, temos aqui hardware irrepreensível.

Mas eu sou um consumidor compulsivo de música. Um ponto onde os Xperia de gama alta se continuam a destacar é no excelente áudio que oferece em três vertentes. Desde logo, o áudio estéreo frontal é muito interessante para o gaming: os altifalante produzem som muito detalhado e não o abafamos com os dados. Simplesmente excelente.

Depois, é preciso falar dos algoritmos de áudio que reconstroem o áudio, com diferenças audíveis mesmo com auscultadores banais e, finalmente, o áudio de alta-resolução via bluetooth, aposta muito forte na Sony e distinta face à concorrência.

 

O software

Existe uma procura crescente por experiências de Android perto do puro, sem UI muito alteradas. A Sony já há muito que pensa nisso. A interface Xperia tem um look muito próximo do Android stock e pouco bloatware, especificamente serviços Sony que integram todo o ecossistema da marca, incluindo a PlayStation, que é servida pela PlayStation App. As apps multimédia da Sony continuam a ser das minhas favoritas em qualquer marca, pelo que aqui não terei muito a apontar.

Como já cobri em anteriores reviews, a interface Xperia inclui ainda alguma implementações que me agradam, nomeadamente o carregamento inteligente da bateria, que aprende os nossos horários típicos de carregamento (por exemplo durante a noite) para adequar a evolução da carga a uma vida mais longa da bateria. E também as Xperia Actions, que permitem a programação de comportamentos específicos do smartphone quando estamos nos transportes, zonas sem rede WiFi ou no trabalho.

No entanto, o meu destaque irá para o facto do Sony Xperia XZ1 ter sido o primeiro smartphone a chegar ao mercado já com Android Oreo 8.0., pelo que possui um sistema operativo extremamente actual e optimizado. As actualizações de segurança têm sido muito bem disponibilizadas, embora o mercado Português pareça tardar a receber os patches mais recentes: Sony, se me estão a ouvir… ler…

Portanto, sim, do ponto de vista do software, podemos estar perante um “gostar ou odiar”, mas a interface Xperia tem um design moderno e funcionalidades interessantes.

 

Câmara

Com o Sony Xperia XZ1 estou muito perto de finalmente poder dizer que estou realmente satisfeito com uma câmara Sony. Para um fã da marca, tem sido francamente difícil para mim não conseguir validar as câmaras dos Xperia como entre as minhas favoritas.

Portanto, o que fez bem a Sony desta vez?

Bem, por um lado, temos um chip moderno. O IMX400 é inovador, possuindo uma arquitectura que inclui o seu próprio chip de RAM integrada, autorizando uma leitura mais rápida dos dados recolhidos pelo sensor, por seu turno permitindo captura mais rápida de sequências de imagens e, claro, a muito badalada possibilidade de captura de vídeo a 960fps. A câmara inclui ainda funções novas como o disparo preditivo, que captura imagens antes de apertarmos o obturador propriamente dito, e a possibilidade de focarmos entre cada imagem durante um burst.

A câmara Motion Eye é, efectivamente, a câmara mais avançada de qualquer Xperia e uma das câmaras mais avançadas no mercado. Todavia, aquilo que faz realmente a diferença para mim é uma app que nos dá finalmente algum controlo sobre a imagem, com ajustes para o equilíbrio dos brancos, velocidade de obturação e foco manual que se revela muito útil para conseguir o foco exacto “a olho” naqueles objectos tipicamente difíceis de focar automaticamente, como flores sob um fundo muito complexo.

De resto, o modo inteligente faz um excelente trabalho no reconhecimento das cenas e o seguimento de objectos é extremamente útil para alvos em movimento, desde que não se movam demasiado depressa.

A câmara do Sony Xperia XZ1 mostra simplesmente resultados excelentes sob a luz do dia, com poucos artefactos para nitidez e nas zonas de alto contraste, se bem que não desapareceram totalmente os artefactos de tratamento de imagem, onde alguns concorrentes obtêm um grão mais consistente. Mas, com bons tons, exposição e detalhe, o Xperia XZ1 começa a encurtar a distância que tem separado a Sony das suas concorrentes. Neste momento, este seria um Sony a recomendar para aqueles para quem a fotografia importa.

Onde passa ao lado da glória

Parece talvez que tenho bastantes louvores sobre o Xperia XZ1. O mérito deve ser reconhecido onde exista mas, como qualquer outro equipamento, o Sony Xperia XZ1 não é perfeito.

O seu design, porquanto muito confortável e francamente bonito, pode facilmente passar ao lado do consumidor mais ansioso por ter os principais desígnios da moda. Face à sua concorrência com ecrãs 2.5 ou Edge, de rebordos mínimos, é fácil perceber como o XZ1 pode parecer um produto de 2016. Percebo-o, mas este não é um ponto que deva importar ao seu target empresarial, onde a protecção contra a entrada de água e resistência ao castigo superior ao de muitos concorrentes de ecrãs frágeis deveriam ser argumentos mais atractivos.

A bateria, entretanto, beneficia da excelente gestão energética por parte da Sony. Mais uma vez temos uma bateria com carregamento adaptativo inteligente que aprende os nossos hábitos de carregamento para prolongar a sua vida útil, mas 2700mAh tornam-na algo curta para produtividade intensa. O caminho certo está sem dúvida nos equipamentos como o XA1 Plus ou a nova família XA2, com baterias na casa dos 3000mAh. Se a Sony adoptar esta filosofia nos seus topos de gama, terá aqui vencedores de endurance.

Tudo somado, o Sony Xperia XZ1 sofre um pouco com o seu conservadorismo, passando ao lado de alguns apontamentos da moda que já mencionamos, mas também outros, como as câmaras duplas. A falta de aposta nestas tendências pode ser vista como um pecado capital num topo de gama e, face ao seu preço, o conservadorismo pode criar a ideia de um smarpthone pouco económico.

Conclusão

Estamos muito perto do MWC quando esperamos que a Sony lance novos equipamentos de gama alta e, nesse sentido, esta análise teria forçosamente de ser focada em algumas perguntas que irão imediatamente levantar-se na mente dos consumidores quando conhecerem as novidades.

O Sony Xperia XZ1 tem, neste momento, cerca de seis meses de mercado e, como alguns poderiam esperar, não mostra sinais de envelhecimento prematuro. Na nossa óptica e ao longo da nossa experiência, a sua performance é inquestionável e podemos ter nas mãos a melhor câmara que a Sony colocou no mercado em alguns anos. Quanto ao design, este é uma questão de gosto e alguns dirão que os rebordos excessivos caíram no desfavor do mercado; quanto a mim, o áudio estéreo frontal mais do que justifica estas opções.

É conclusivo que o Sony Xperia XZ1 continua a ser, neste preciso momento, um equipamento digno da sua gama de mercado.

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