Hoje, dia 8 de Março, celebra-se o dia da mulher. E numa industria como o mundo automóvel, é importante para nós mostrar a importância que as mulheres têm na mesma. São vários os factos curiosos, que provavelmente nunca tinha ouvido falar. Na verdade, as mulheres estiveram por trás de grande parte das inovações que marcaram o mundo automóvel, muitas delas referentes às regras de conduções, outras transformadas em equipamento de série.

Espelhos retrovisores, linhas da faixa de rodagem, sinalizadores de mudança de direção (vulgo piscas). Tudo coisas que são mais que habituais no dia a dia de um condutor, e que foram inventados por mulheres. Hoje apresentamos 5 mulheres com inovações e/ou que mudaram o mundo automóvel.

June McCarrol (1867-1954) – a criadora das linhas das faixas de rodagem

Num dia de 1917, esta médica de profissão, conduzia para o seu escritório na Califórnia, quando um camião a tirou da estrada. Foi nessa altura que idealizou que uma linha divisória na estrada, teria evitado o acidente que sofreu. Na altura, transmitiu a ideia às autoridades locais, mas estas recusaram-se a aplicá-la. Com determinação, McCarrol meteu mãos à obra e pintou uma linha divisória num troço de estrada e, juntamente com associações de mulheres, lançou uma campanha para alargar esta medida. Em 1924, as autoridades da California estavam rendidas à ideia de pintar as estradas e transformaram a medida numa lei. O resultado foram 5.600km de estrada pintados na altura.

Aos dias de hoje, este é um sistema de marcação de estradas obrigatório em quase todo o mundo. Para além disso, existem sistemas de apoio à condução que recorrer a câmaras para ler as marcações das estradas para nos avisar em caso de desvios involuntários da faixa em que circulamos. Outros sistemas, permitem até uma condução semi-autónoma mantendo-nos sempre na faixa de rodagem.

Florence Lawrence (1886 – 1938): informar os outros de que vamos parar ou virar

Florence Lawrence é uma das actrizes de Hollywood mais reconhecidas do início do século XX, sendo protagonista em mais de 300 filmes. A sua lápide no cemitério de Hollywood tem a frase “A primeira estrela de cinema”. Entre os vários hobbies que tinha para além do cinema, Florence Lawrence tinha um muito especial: automóveis. Esta mulher era apaixonada por carros, colecionando vários modelos, conduzindo os mesmos e melhorando-os. Foi a sua capacidade crítica que a levou a desenhar um bastão que se movia para indicar que o veículo ia virar, bem como um sinal de stop que se via na parte traseira cada vez que o condutor accionava o travão. Foi esta a mulher que foi responsável pelos piscas e pelas luzes de stop que hoje em dia são obrigatórias nos nossos veículos. Apesar de nunca ter patenteado os sistemas, Florence Lawrence tem aqui uma contribuição decisiva na mudança da industria automóvel e nas regras de condução, garantindo que uma maior segurança.

Mary Anderson (1866 – 1953): Andar à chuva nunca mais foi a mesma coisa

Corria o Inverno de 1902 quando Mary Anderson visitava a cidade de Nova Iorque. A fazendeira e vitinicultora do Alabama, dirigia-se para a Big Apple com as suas filhas de táxi, quando lhe surgiu uma ideia que revolucionava o mundo automóvel. Durante a viagem, apercebeu-se da quantidade de vezes que o motorista tinha que parar o carro para retirar a água do vidro, assim como sujidade e gelo que se iam acumulando. De regresso ao Alabama, trabalhou com um design para inventar um dispositivo que era usado manualmente a partir do interior do veículo, de forma a limpar o vidro: e foi assim que surgiu o limpa para-brisas. Ao contrário de outras mulheres, Mary Anderson patenteou a sua inovação, mas não conseguiu encontrar um comprador. Quando os direitos expiraram, o limpa para-brisas começou a ser instalado como equipamento de série na maioria dos veículos. No dias de hoje, quase nem nos lembramos deles, porque até automáticos são!

Dorothy Levitt (1882 – 1922): espelhos mas não para a beleza

Jornalista, escritora, activista feminina e piloto de altas velocidades. Esta é a melhor descrição para aquela que se poderia chamar de rapariga mais rápida da Terra, na altura. Em 1905 levou o seu carro até aos 146Km/h, um dos muitos recordes de velocidade que estabeleceu ao longo da sua vida. Chegou a dar aulas de condução à Rainha Alexandra da Dinamarca, tendo também escrito um livro “A mulher e o carro”. É nesta obra que Levitt faz referência a um dispositivo que acabou por inovar a indústria automóvel: o espelho. Segundo ela, nesse livro, recomenda que todas as mulheres tenham sempre um espelho pequeno, não para uso estético, mas para conseguir ver o trânsito que circula atrás do veículo. Anos mais tarde, toda a indústria automóvel começava a introduzir os espelhos como equipamento padrão nos seus modelos.

Elvira Beloso – responsável pela história da SEAT

Este não é um nome conhecido, não aparece nos livros de história nem nos históricos jornais. No entanto, esta mulher é apontada como a grande responsável pelo legado histórico que a SEAT tem para mostrar aos dias de hoje. Responsável pelo parque de imprensa há uma série de anos, foi mantendo vários modelos que considerava importantes para ilustrar a história da empresa. Primeiras e últimas unidades, edições especiais, veículos para as autoridades ou efemérides, Elvira foi retirando estas unidades e deixou-as em recantos remotos da fábrica da Zona Franca (Barcelona), de forma a que no futuro o seu valor pudesse ser reconhecido como legado histórico. A verdade, é que hoje a SEAT conta com uma coleção histórica de 317 modelos, em grande parte graças à determinação de Elvira Beloso em manter e salvar o passado.

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