A China tem sido na última década o paradigma do crescimento tecnológico, tanto em quantidade, quanto em qualidade e contribuição para o PIB. No entanto, com cerca de cem marcas de smartphones, e dominando o top dez das marcas mais vendidas, a verdadeira expansão Chinesa pode começar agora, com o anúncio de cortes fiscais impressionantes para as empresas tecnológicas Chinesas.

A medida chega na sequência do bloqueio de Donald Trump à aquisição da Qualcomm pela Broadcom, o culminar de uma atitude altamente proteccionista por parte dos EUA face à entrada de tecnologia externa no país. A medida afectou certamente também a Huawei, e muito mais do que quaisquer receios securitários, não tenho dúvidas que os EUA agiram somente em defesa do mercado principal da Apple. Outras marcas Chinesas, como a ZTE, encontram-se também fora desse mercado importante por não considerarem que justifique o investimento, face aos impedimentos.

Contudo, basta irmos até 2016, em plena crise do Samsung Galaxy Note 7, para percebermos como os EUA podem utilizar a favor das suas marcas domésticas. A diferença aqui é que a economia Chinesa vai ripostar e tem as ferramentas para o fazer.

Numa medida sem precedentes, o governo Chinês anunciou um pacote de cortes nos impostos das empresas tecnológicas, em vigor durante os próximos 5 anos, e com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2018. O corte junta-se aos benefícios fiscais recentemente anunciados para as empresas que produzam tecnologia de ponta e apostem na inovação.

O resultado líquido serão poupanças avultadas nas inúmeras empresas tecnológicas Chinesas que produzem equipamentos em todos os segmentos tecnológicos, desde componentes para terceiros, a dispositivos finais, incluindo processadores, modems, sensores, ecrãs LCD e OLED.

A poupança significará que estas empresas poderão apostar ainda mais no desenvolvimento tecnológico ou passar a poupança para o consumidor final, com preços ainda mais agressivos, com os quais muitas empresas tecnológicas Ocidentais serão incapazes de competir.

Se há alguns anos atrás as marcas Chinesas eram exóticas e duvidosas, hoje em dia a Lenovo, Huawei, Xiaomi, Hisense ou TP-Link são nomes mainstream e aceites pela sua qualidade na electrónica de consumo. Outras empresas, como a TCL, desenvolvem igualmente marcas tradicionais como a Alcatel ou BlackBerry. Todos estes nomes, agora consolidados, podem assistir a um novo impulso de crescimento irresistível para a concorrência.

Tendo gerado uma escalada na guerra económica, os EUA podem ser os principais responsáveis de renovados desafios para a inovação tecnológica no Ocidente, e têm agora a responsabilidade de criar igualmente pacotes de incentivos para as suas empresas tecnológicas. O mesmo é verdade para a Europa: o espaço comum Europeu terá que criar sérias políticas de apoio ao desenvolvimento tecnológico doméstico, se quiser manter a diversidade e a qualidade de escolha para o consumidor e para os cidadãos.

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