Aqueles que seguem a Xiaomi praticamente desde os seus primórdios como uma marca exótica que se comprava online vinda da distante China, quando a explosão tecnológica Chinesa ainda mal se adivinhava, habituou-se a ver uma relação preço-qualidade imbatível. Os tempos passaram e a Xiaomi foi das poucas marcas Chinesas a fazer a transição dessa marca esotérica e barata para um gigante respeitado e desejado em todas as gamas de preço. Celebrando o 8º aniversário da marca, o Xiaomi Mi 8 é um exercício de modernidade e estilo, que ameaça directamente os flagships estabelecidos no mercado internacional, sem ainda assim ser tão caro quanto eles. O Elegante Mi 8 faz certamente algumas concessões em nome do preço apetecível, mas em alguns pontos é inquestionável que está entre os melhores.

 

A elevada qualidade de construção

Já o disse e volto a dizer: quão facilmente o Xiaomi Mi 8 Pode ser confundido com o iPhone X é algo que me desagrada profundamente, pois qualquer marca com esta capacidade para criar equipamentos de alto perfil deve considerar ter uma imagem inconfundível.

Posto isto, o Xiaomi Mi 8 tem uma qualidade de construção irrepreensível, ao nível de qualquer outro smartphone com que o possamos comparar. Os encaixes são perfeitos e os acabamentos exímios, com as antenas na moldura sem qualquer desnível. Onde o posicionamento na gama alta melhor se nota será nos detalhes menos óbvios, por exemplo, na continuidade das linhas dos diversos componentes, para que do ponto de vista ergonómico o Xiaomi Mi 8 assente simplesmente bem na mão e o considere dos equipamentos mais confortáveis do mercado.

 

Câmaras entre as melhores no mobile

Há muitas coisas que definem o que é uma câmara de qualidade e uma boa parte da equação passa pela app fotográfica e qualidade dos algoritmos de tratamento de imagem subjacentes. Do ponto de vista mais linear, as câmaras do Xiaomi Mi 8 simplesmente cumprem com distinção aquilo que esperamos de um smartphone deste nível: o foco é célere, e as fotografias finais primam por bom detalhe, excelente gama dinâmica e cores correctas.

Com um ecrã de qualidade (ao qual voltaremos), o Mi 8 é tão bom a tirar fotos, quanto a mostrá-las, e obviamente que este prazer de chegar a um local e sacarmos uma boa foto quase sem esforço inspira-nos a simplesmente procurar por mais oportunidades.

Por seu lado, a app fotográfica é bastante ampla e completa, com controles manuais e indicador de pico de foco para auxiliar o ajuste manual naqueles momentos em que queremos grande controle sobre o resultado final.

 

Ecrã de luxo para multimédia

Posto de modo simples, o Xiaomi Mi 8 tem um dos melhores ecrãs do mercado para multimédia. O ecrã de 6.21 polegadas FHD do Xiaomi Mi 8 inclui tecnologia HDR e espaço de cor DCI-P3, mas o segredo não está só no hardware, e a Xiaomi esforçou-se nos algoritmos de tratamento de imagem, recuperando muitos mais detalhes do que outros smartphones de preço equivalente e resolução idêntica. A gama dinâmica é excepcional, e o Mi 8 retém uma enorme quantidade de detalhes nas luzes altas onde outros ecrãs projectam puro branco, e negros mais profundos nas sombras.

 

 

Portanto, para gaming e multimédia, o Xiaomi Mi 8 parece impecável para vermos aqueles vídeos e aquela imagem com “pop” do Instagram. De facto, após alguns momentos familiares, passei as imagens pertinentes para outros smartphones e a resposta geral foi que as fotografias simplesmente já não pareciam tão interessantes.

Performance pura

Os smartphones geralmente escondem uma realidade diferente por trás dos valores brutos das especificações técnicas. Nem todos os 8GB de RAM nascem iguais, e muito menos as memórias ROM, mas a Xiaomi não foi por atalhos como por vezes acontece com alguns concorrentes e optou por memórias UFS 2.1, que garantem excelente performance por gigabyte disponível.

O resultado final é que toda a performance é factualmente boa, com resposta rápida das apps e a sua abertura em particular, enquanto os jogos correm sem problemas visíveis nos fps. Se quisermos procurar pela Internet, não faltam discussões sobre uma possível limitação na performance do Snapdragon 845 para controlar o sobrqeaquecimento, mas depois de verificar a performance da nossa unidade de teste com o AnTuTu, a pontuação é perfeitamente consistente com um equipamento com Snapdragon 845. Se bem que os benchmarks possam despistar problemas de performance num dispositivo, no quotidiano é onde vale tudo e o Xiaomi Mi 8 não levanta reservas.

 

O campeão do custo-benefício

Para muitos, o novíssimo Pocophone F1 será a escolh7a se falarmos em potência pura, mas o Xiaomi Mi 8 leva simplesmente a vantagem em termos de equilíbrio de especificações, não comprometendo em hardware, nem em design, e muito menos em preço. Neste momento, o Xiaomi Mi 8 corta o preço dos seus principais rivais em €200 ou mais, com apenas Huawei ou ASUS a chegarem perto do valor do Xiaomi, sem que o Mi 8 abdique de características importantes que possamos chamar de omissões. Não, o Xiaomi não possui qualquer certificação IP contra água ou poeira, mas pergunto-me se isso fará a diferença para muitos utilizadores.

Pelo contrário, com hardware de alta qualidade e todas as funcionalidades modernas expectáveis num smartphone de €800, o Mi 8 não chega aos €600 e isto é extraordinário para o comprador com discernimento e que quer o melhor, centavo por centavo. Não vão levar uma pechincha, vão levar mesmo um smartphone de elevada qualidade pelo melhor preço possível.

Mas o áudio está errado em tudo

O áudio é o parente pobre do Xiaomi Mi 8. Em 2018, Samsung, Sony e Huawei apostaram em altifalantes estéreo enquanto a Xiaomi optou por um altifalante monoaural, sem qualquer implementação de refinamento áudio, seja Dirac, DTS ou Dolby, que permita tirar o máximo partido de auscultadores de qualidade. O volume é muito razoável e a qualidade não deixa o Mi 8 ficar mal, mas é inegável que mesmo nesta gama de preço se pode fazer melhor.

Contudo, o maior impedimento é mesmo a ausência de jack áudio, uma lacuna partilhada com demasiados smartphones e que nos obriga a utilizar um dongle frágil e pouco prático.

Os auscultadores Bluetooth estão cada vez mais acessíveis e com melhor qualidade, mas eu – como milhões de utilizadores – têm ainda auscultadores analógicos de qualidade superior que não têm qualquer intenção de trocar por versões Bluetooth menos capazes ou mais caras. É certo que os auscultadores Bluetooth são hoje impressionantes, mas o seu valor ao cêntimo ainda não está “lá”. Em resultado desta aposta no Bluetooth, julgo que a Xiaomi cometeu um lapso de julgamento, ao abdicar de qualquer melhoria áudio própria no Mi 8, já que a Sony cedeu ao AOSP o seu LDAC e o aptX da Qualcomm também faz um excelente trabalho… para auscultadores Bluetooth, claro.

Algumas funcionalidades ausentes

O Xiaomi Mi 8 não é certamente um smartphone “tudo ou nada” e para conseguir dar aos utilizadores um leque irrepreensível de boas especificações e serviços, teve que fazer algumas concessões. Pessoalmente sinto falta da possibilidade de aumentar o armazenamento interno via microSD. A capacidade interna de 128GB é certamente importante, mas onde me for dado a escolher, prefiro manter a memória interna limpa e utilizar o cartão para ebooks e música mais voláteis. Esse é um exercício que não posso fazer aqui.

Também não temos qualquer tipo de protecção anti entrada de água e poeira, mas daria esta omissão como pouco importante por um motivo: a qualidade de construção geral do dispositivo. Com os componentes bem isolados, os pequenos acidentes não terão impactos trágicos.

O Xiaomi Mi 8 também não conta com rádio ou carregamento wireless, mas o problema menos óbvio é possuir certificação Widevine L3, quando o streaming HD a partir do Netflix exige Widevine L1. O problema é comum a todos os Xiaomi e muitos outros dispositivos Chineses, sendo nesta fase pouco claro quando a Xiaomi o poderá resolver.

Conclusão

Há alguns anos atrás, algumas coisas eram impossíveis, e uma delas era termos um smartphone que não se limitasse a oferecer simplesmente tudo ou nada. Por outras palavras, era impossível obter tudo o que o Xiaomi Mi 8 nos oferece sem sermos forçados a pagar muito mais por um smartphone que ofereceria certamente mais coisas, mas algumas das quais não precisávamos. A Xiaomi foi certamente uma das pioneiras nestes dispositivos flagship killer que oferecem a performance e o hardware de um flagship, mas com algumas concessões que potencialmente passarão despercebidas para muitos utilizadores.

Hoje, graças ao Xiaomi Mi 8, não temos que gastar perto mais de €800 por um dispositivo de performance máxima e bom design. Nem um smartphone de €600 é “caro” por ser “quase” um flagship, mas não chegar exactamente lá. Porque temos o Xiaomi, que nos mostra que é possível fazer um topo de gama por menos de €600 naquelas que são as características fundamentais de um smartphone de gama alta. Se quiserem aquilo que o Xiaomi Mi 8 tem para oferecer, a única diferença que vão notar entre ele e um equipamento de €1000 é na vossa carteira.

 

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