Ao abrir a caixa da Alcatel Shine Lite não é fácil perceber que se trata de um dispositivo de €200. A Alcatel fez aqui uma aposta muito específica num produto de charme com os melhores materiais que podemos encontrar nesta gama de preço.
É uma aposta ganha: o Alcatel Shine Lite é vistoso e atrai olhares para ser um dos mais bonitos terminais de 2016.
Mas um telemóvel não é apenas uma concha. Uma vez passado o encanto do primeiro contacto, é hora de ver o que vale o Shine Lite na sua alma.
Caraterísticas principais
O Alcatel Shine Lite é um smartphone compacto de gama baixa ou entrada de gama, cujo foco é no aspeto exterior, onde o vidro e o metal são os elementos presentes. É uma opção absolutamente rara no segmento e marca uma abordagem muito agressiva da Alcatel, que procura oferecer excelentes níveis de qualidade de construção a um preço onde geralmente não existem.
Do ponto de vista do hardware puro, o Alcatel Shine Lite combina um MediaTek MT6737, quad-core a 1.3GHz com 2GB de RAM e 16GB de armazenamento interno, caraterísticas que não impressionam, mas também não envergonham, face à restante concorrência neste preço.
Do lado das câmaras contamos com uma unidade principal de 13MP e uma câmara frontal de 5MP. A câmara principal é algo limitada em termos de capacidades máximas, com capacidade para somente vídeo HD, mas pelo menos vem com flash de dois tons para fotografias em baixa luminosidade com maior qualidade de cor.
- Processador: quad-core MT6737 (4 núcleos Cortex-A53 a 1.3GHz)
- Memória: 2GB de RAM, 16GB de armazenamento interno
- Ecrã: LCD 5 polegadas HD (1280×720)
- Câmaras: 13MP
- Câmara frontal: 5MP
- Bateria: 2460mAh
- Leitor de impressões digitais:
- Rádio: sim
Na caixa
Adornada com o próprio terminal em diversas imagens, a caixa do Alcatel Shine Lite aposta no visual, mas por dentro encontra-se bem recheada.
Afinal, além do carregador e cabo USB, a Alcatel foi simpática com a inclusão de auscultadores mãos livres. São modelos de gama baixa, mas pelo menos estão lá.
Também encontramos uma capa de silicone transparente que será um must na hora de proteger o Alcatel Shine Lite sem lhe esconder a estética.
Design e construção
Quão longe podemos ir para termos um smartphone elegante e vistoso por menos de €200? Podemos ir até ao Alcatel Shine Lite.
Materiais, design, funcionalidades, capacidade do hardware e profundidade do desenvolvimento do software, tudo são elementos que entram para as contas dos fabricantes. Alguns dispositivos mostram-se muito equilibrados, mas o equilíbrio acaba por não agradaram nem a Gregos, nem a troianos.
A abordagem da Alcatel é diferente e a marca joga pesado nos melhores materiais e no melhor design que este preço pode comprar.
Altamente simétrico, com painel frontal e traseiro ambos em Gorilla Glass 2.5D, o Alcatel Shine Lite é um smartphone repleto da beleza da simetria.
As laterais em alumínio recorrem à chanfra para disfarçar a espessura real do dispositivo, e aqui notamos que não haverá o nível de acabamentos que encontramos em dispositivos substancialmente mais caros, se bem que em algumas ocasiões tenhamos visto smartphones mais caros com acabamentos do mesmo nível.
É preciso realmente olhar para perceber os acabamentos menos luxuosos, e na mão estas laterais podem ser menos acariciantes do que esperado.
Mesmo assim não deixa de impressionar aquilo que a Alcatel conseguiu aqui. O Alcatel Shine Lite tem simplesmente charme e se é arrojado em preto e prateado, em branco é de grande elegância.
Típico dos Alcatel, a única real ressalva a fazer é a tecla de bloqueio algo alta na lateral, longe do polegar.
Ecrã
Como tem sido a nossa experiência nos Alcatel deste segmento, o ecrã é muito meritório e apresenta excelente brilho, autorizando uma utilização razoável em condições externas.
A facilidade de leitura decresce no entanto com a rápida alteração cromática em ângulos de visão limitados, ponto fraco a destacar.
Não deslumbrando, é apesar de tudo um ecrã muito capaz que permite uma experiência global positiva, e tem a vantagem da proteção Gorilla Glass que não se encontra muito por aí por este preço.
Software
O Alcatel Shine Lite chega com o Android Marshmallow praticamente de fábrica, com poucos acrescentos ou alterações.
De facto, quando falamos dos compromissos que são necessários para manter um smartphone abaixo dos €200, o da Alcatel está no software pouco personalizável.
A UI apresenta o básico para qualquer utilizador e alguns extras, como a possibilidade de configurar uma impressão digital para aceder de imediato a apps específicas, ou escolher apps para acesso direto a partir do ecrã de bloqueio.
A aposta na música por parte da Alcatel continua com a APP de música que tem o modo DJ para mixar temas.
Fora estas exceções, a interface do Alcatel Shine Lite oferece poucas alternativas de personalização, como por exemplo simplesmente alterar o estado da luz de notificações durante o carregamento. Na generalidade, as apps oferecem um mínimo de opções de interação, como a galeria que não possui gestos de zoom, ou a câmara sem controlos avançados.
Parte da lacuna será contornada pelo acesso ao sintonizador da IU do sistema, que permitirá pelo menos mexer um pouco nas notificações. Como de costume, o sintonizador ativa-se via um toque longo na roda dentada a partir das definições rápidas.
Performance
Por tudo o que dissemos, face ao relativo “básico” do software a bordo do Shine Lite, há que louvar pelo menos a otimização do software, que permite ao terminal ter prestações bem mais positivas do que o hardware permitiria adivinhar.
Como um todo, o sistema responde bem e sofre pouco com atrasos ou bloqueios, mesmo quando estamos a ver atualizações em segundo plano. Também aqui, o Shine Lite não parece ser um terminal de €200.
As limitações tornam-se óbvias quando necessitamos de fazer um longo download e a capacidade Wi-Fi para tratar de tudo em segundos simplesmente não está lá.
Os jogos sofrem igualmente do usual problema destes terminais, nomeadamente longos períodos de carregamento. No entanto não correm demasiado mal.
Com gráficos controlados, Unkilled corre com fluidez e notam-se poucos problemas nos movimentos. Armados com esta surpresa, instalamos o World of Tanks, que geralmente nem tentaríamos correr num terminal destes.
Mais uma vez, se aceitarmos os gráficos no mínimo, o Alcatel Shine Lite consegue encaixar as exigências para dar uma jogabilidade muito interessante. Não há nada de luxuoso em termos de gráficos e, lado a lado com terminais mais potentes, percebemos quanto dos gráficos e animações acabam por estar em falta. No entanto, a jogabilidade será das mais capazes neste preço.
Ultima palavra para o leitor de impressões digitais que, apesar de ser básico, funciona adequadamente na maioria das situações. Com dedos húmidos, mostra-se ao nível da concorrência o que, neste segmento, nunca é bom sinal para mãos suadas.
Câmara
A câmara principal do Alcatel Shine Lite possui 13MP e é bastante capaz, no sentido em que, numa variedade de situações, é capaz de nos deixar com uma boa recordação do momento. Pelo menos se a ação não se desenrolar de modo muito rápido, já que o sensor mostra não ser adepto da aquisição imediata do foco.
As imagens são ricas nos tons médios, sem contraste tão pronunciado quanto smartphones com a app mais desenvolvida. Os detalhes são tratados com alguma agressividade, deixando-os muito pronunciados. É uma questão de preferência, mas esta abordagem está muito consonante com as preferências das redes sociais e, por isso, parece ir de encontro ao público alvo do Shine Lite.
A grande lacuna do Alcatel Shine Lite em termos fotográficos é mesmo a app fotográfica extremamente básica, sem controlos manuais ou ajustes possíveis. Temos a captura de divisões que permite fazer montagens simpáticas, a estabilização eletrónica de imagem para o vídeo, ou o HDR, mas, face a concorrentes diretos como o BW Aquaris U ou o Coolpad Modena 2, o Alcatel Shine Lite só será um smartphone para fotógrafos aficionados com instalação de apps extras.
Áudio
Nada particularmente excitante neste capítulo, o Alcatel Shine Lite possui um altifalante mono que tem a virtude de debitar um volume substancial. Não que o recomendemos, porque a partir de um certo nível estamos a receber mais ruído do que desejável.
Mas do lado da telefonia estamos bem servidos, com alguma artificialidade no som, sem comprometer ou distorcer severamente, e com o áudio via jack sem vícios.
Bateria
Com 2460mAh, a bateria do Alcatel Shine Lite é bastante capaz para o hardware pouco exigente do dispositivo, e aguenta-se bem em utilização quotidiana. Quando começamos a puxar por ela com jogos e aplicações pesadas, é óbvio que cai a pique e aqui mostra a sua maior lacuna: ausência de capacidade para carregamento rápido.
O carregamento demora por isso cerca de duas horas a um passo bastante lento que dificultará seriamente a vida aos utilizadores intensivos que necessitem de um carregamento de emergência.
Conclusão
O Alcatel Shine Lite é provavelmente o smartphone mais elegante e melhor construído que alguma vez pudemos comprar por €200. A combinação entre painéis de vidro e laterais em metal não atinge o ponto de refinamento de alguns smartphones topo de linha, mas também não concede pontos importantes, não se esquecendo do vidro Dragontrail no ecrã.
O foco no excepcional design não permite que sobre espaço para milagres no interior, e o Alcatel Shine Lite padece de software básico sem pontos de destaque, além de uma performance meramente mediana.
A opção será excelente para utilizadores quotidianos que coloquem interesse máximo na qualidade e durabilidade do smartphone, mas não tanto para os power users e aqueles que necessitam de performance sólida.
Se o estilo está no topo das nossas prioridades, o Alcatel Shine Lite pode bem ser o terminal melhor concebido do seu segmento de mercado.