Todos os anos, analistas e consumidores olham para o futuro e tentam adivinhar as grandes novidades tecnológicas que virão no ano seguinte. Muitas vezes acertamos, mas muitas vezes passamos simplesmente ao lado da realidade. Em 2016, 2017 parecia um ano com promessas fascinantes de novas tecnologias no mundo mobile, muitas delas anunciadas sem sombra de dúvida. Mas depois, o que foi feito delas?

Neste artigo trazermos aquelas tecnologias que eram quase certas em 2017, mas acabaram por simplesmente não aparecer por diversos motivos.

Carregamento ainda mais rápido

A Qualcomm Quick Charge 4 foi anunciada em Novembro de 2016 para se estrear no Snapdragn 835, prometendo estonteantes 5 horas de utilização com 15 minutos de carregamento. No final do ano passado, com inúmeras queixas dos consumidores quanto à disponibilidade dos seus smartphones e uma omnipresente tendência para smartphones finos e com baterias pouco generosas, esperávamos que o carregamento rápido se tornasse ainda mais rápido, e particularmente nas gamas médias e budget.

Tal não aconteceu per se.

A Qualcomm Quick Charge 3 acabou por se espalhar nos smartphones mais contidos, saindo da gama alta, mas a Quick Charge 4 não conseguiu impor-se. Do Sony Xperia XZ1 ao Nokia 8, a Quick Charge 4 foi a opção escolhida, e mesmo o novo Huawei Mate 10 Pro pouco evolui o carregamento rápido do seu antecessor. Segurança, contenção de custos: as explicações para este facto não foram investigadas, mas o facto é que em 2017 os utilizadores continuaram a queixar-se da dificuldade em manterem os seus smartphones com níveis dignos de bateria.

Mais smartphones modulares

Em 2016, LG G5 e Motorola Moto Z mostraram abordagens bem diferentes da modularidade, e só o segundo pareceu ter algum sucesso. Ainda assim, a modularidade parecia ser um conceito que teria algum sucesso no futuro, graças à capacidade para incrementar os smartphones com novas funcionalidades e módulos específicos.

No fim de contas, os utilizadores parecem preferir os seus smartphones completos, sem necessidade de se gastar ainda mais dinheiro para obter funcionalidades extras. Se a Motorola parece continuar a gozar de algum sucesso com a sua abordagem, o resto não podemos dizer do resto das marcas.Moto Mod

No início do ano a Essential publicitou em grande o PH-1, mas a modularidade do dispositivo ainda não se concretizou seriamente e as fracas vendas do dispositivo mostram que pode não chegar a bom porto. Também a RED mostrou o Hydrogen One, mas este será sempre um dispositivo de nicho, com um preço extremamente alto.

A modularidade poderá renascer em algum momento, mas não foi em 2017 e não será em 2018.

8GB de RAM para os principais smartphones

Quando começamos a assistir a corridas pelas especificações, é natural que possamos pensar que tudo será mais e mais no ano seguinte. O ano passado os 6GB começaram a surgir em diversos smartphones, principalmente no mercado Chinês, altamente competitivo. Pensávamos que os 6GB se tornariam uma coisa importante em 2017, mas que os 8GB seriam o novo benchmark.

Pelo contrário, embora os 6GB se tenham generalizado, principalmente perto do final do ano, muitos equipamentos mantiveram os 4GB de RAM e muito poucos apostaram nos 8GB de RAM, por exemplo o Razer Phone.

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As razões são múltiplas: muitos fabricantes preferiram menos RAM mas de maior velocidade, enquanto as memórias de 8GB saíram prejudicadas pelo seu preço elevado, numa altura em que a maioria das memórias subiu de preço e chegou mesmo a falar-se de problemas para impedir uma subida acentuada dos preços dos smartphones. A tendência pode agora dar-se em 2018, graças às necessidades da Realidade Aumentada, mas teremos que esperar para ver.

Adeus ao jack áudio

É natural que quando um iPhone faz algo, bem ou mal, tendamos a correr atrás dele como se fosse a próxima moda. E aconteceu assim quando o iPhone 7 foi lançado sem jack de 3,5mm. Imediatamente ouvimos falar do fim rápido do jack áudio para 2017, com o Samsung Galaxy S8 a ser visto como um dos primeiros equipamentos Android a chegar exclusivamente com porta USB-C.

Obviamente que tal não aconteceu, nem mesmo com o Note 8, e a Samsung não parece preparada para abandonar o jack áudio. Outras marcas fizeram-no e Razer Phone ou Huawei Mate 10 Pro não o possuem já.

No entanto, a maioria dos fabricantes manteve o jack áudio, mesmo nos seus topos de gama. Os consumidores não estão ainda convencidos das vantagens da sua supressão, e não faltam stocks de componentes que fazem deste um acrescento muito barato em qualquer smartphone. Será que 2018 vai mudar a história?

Leitores de impressões digitais sob o ecrã

Em 2017 assistimos a uma grande evolução dos leitores biométricos. De necessitarem ser feitos em cerâmica, passaram a poder ser colocados sob o vidro do painel frontal, graças à tecnologia ultrassónica. Praticamente todos os principais smartphones de 2017 optaram por este tipo de leitores, mas ficou por dar o grande passo: os leitores ópticos sob o ecrã.

A diferença entre ambos é grande: enquanto os ultrassónicos funcionam como uma espécie de sonar através do vidro, os leitores sob o ecrã propriamente dito estão colocados atrás da matriz LED do ecrã e são ópticos, tal é o caso do ClearForce ID da Qualcomm, que poderá agora chegar ao mercado via Samsung ou Vivo já no início de 2018.

Mas passamos 2017 a ouvir falar da chegada destes sensores até ao final do ano. Samsung e Apple, particularmente, foram dadas como estando a trabalhar neles para integração nos seus principais equipamentos, para depois sabermos que as dificuldades técnicas não estavam a ser ultrapassadas. Inevitavelmente, a Apple optou pelo complexo FaceID e abdicou por completo da impressão digital, enquanto a Samsung foi forçada a colocar o leitor biométrico numa posição desconfortável ao lado da câmara dos seus S8 e Note 8.

 

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