É uma longevidade que não existe no mundo mobile há vários anos: anunciado em Outubro de 2017, o BlackBerry Motion vai a caminho de ano e meio de existência, sem substituto à vista. Muitos diriam que o smartphone, munido de um chip antiquado já não está ao nível do exigido pelo mercado. Nada está tão longe da verdade, se bem que não sem veleidades. O BlackBerry Motion continua relevante em 2019: descubra porquê.
Skills que não envelhecem
Um problema de que o BlackBerry Motion sempre sofreu foi o enviesamento das publicações especializadas em tecnologia, comparando-o invariavelmente com equipamentos de foco completamente diferente. A maioria destes são feitos para o visual e performance, sacrificando autonomia e funcionalidades, pontos que são a razão de ser do Motion.
A verdade é que em 2019 o BlackBerry Motion tem um conjunto de skills que não envelhecem e valem cada tostão, a começar pela durabilidade do corpo em metal e plástico com protecção IP67. Em 2017 ou 2019, não importa, neste segmento de preço a protecção extra é rara e a robustez pura e simples ainda mais.
A sua autonomia também é prodigiosa. As baterias não cresceram nos últimos dois anos e, munido de 4000mAh com Quick Charge 3, o Motion simplesmente tem sumo para o dia todo e 30 minutos ligado à corrente são suficientes para repor esta verdade. Um exemplo simples: uma hora depois de sair de casa, ouvindo música ininterruptamente via Bluetooth, a bateria continua a marcar 100%. Não vai cair subitamente porque estive a ler alguns artigos: é simplesmente assim, a autonomia do Motion, e no final do dia de trabalho estará com uns 50-60% ainda de sobra.
O BlackBerry Motion inclui ainda NFC, Wi-Fi 802.11 b/g/n/ac, e provavelmente o melhor launcher disponível para Android. A suite de produtividade e segurança da BlackBerry é insubstituível e a BlackBerry Mobile continua a ser neste momento das melhores em actualizações de segurança. O Motion é extremamente seguro desde o fabrico, com encriptação ao nível do hardware, mas de um ponto de vista mais prático nenhum teclado bate o da BlackBerry em gestos e atalhos. Não é de surpreender que seja exclusivo para equipamentos BlackBerry e nem mesmo o Gboard é tão ágil. Entretanto, a interface é limpa e irrepreensível em termos de estabilidade, o que nem todas podem dizer.
Como uma ferramenta de trabalho, o Motion simplesmente põe tudo em cima da mesa, seja pelo software, pela durabilidade, ou pela autonomia, uma combinação ainda ao alcance de poucos.
Idade que já se faz notar
A maior parte das críticas dirigidas ao Motion apontam para o Snapdragon 625 já antiquado, com 4GB de RAM e 32GB de armazenamento interno. A performance é melhor do que a maioria poderia pensar, com fluidez de resposta e interface ágil, mas nesta faixa de preço já encontramos muito melhor para gaming e multimédia. É certo que nenhuma destas alternativas possui o conjunto de ferramentas do Motion, muito menos a sua autonomia colossal, mas para muitos o argumento do processador superior será suficiente. Mas para as tarefas quotidianas de compor documentos, gerir emails e outras ocorrências, o Motion mais do que cumpre.
O BlackBerry Motion também já está algo atrás da concorrência em modernidade ao nível da fotografia. Acima de tudo, no entanto, o seu preço começa a parecer alto, mesmo considerando as suas virtudes e começa a ser mais pesado que os benefícios do terminal.
Relevância ainda óbvia
Em pleno 2019, ano e meio após o seu lançamento, o BlackBerry Motion é um terminal sub avaliado por quem não parece perceber totalmente o que ele quis trazer para o mercado. Uma imprensa especializada demasiado focada na definição dum terminal em função de quão potente é o seu processador e quão artilhadas são as câmaras, parece ter perdido noção do smartphone como instrumento prático e ferramenta utilitária.
O Motion é um smartphone dedicado ao puro funcionalismo, que ainda hoje oferece um conjunto muito específico de capacidades que serão extremamente atraentes para amantes de produtividade e de que carecem muitos dos seus concorrentes, permitindo ao Motion ainda fazer frente a muitos equipamentos mais elegantes e potentes, mas também mais frágeis e menos especializados.
Se precisam do que o Motion tem para oferecer, em pleno 2019 os utilizadores continuam a não ter muitas alternativas reais.