Quem procura um smartphone barato mas com um elevado grau de exigência habituou-se a olhar rapidamente para os Redmi desde logo. Geração atrás de geração, os Redmi pautam por um excelente equilíbrio de especificações técnicas e preço, oferecendo o fundamental de um smartphone moderno, sem muita exuberância, e sem sacrificar características importantes para os fãs da marca, como o emissor de infravermelhos.

Se bem que o hardware não seja surpreendente no papel, o Redmi Note 11 mostra-se um equipamento muito capaz para uma utilização quotidiana que impressiona pela positiva em diversos pontos. Já aqueles pontos onde não nos apaixona não devem distrair-nos de como é difícil conseguir um smartphone desta qualidade, dentro das restrições do inflacionado mercado atual, e dentro do qual a Xiaomi continua a destacar-se pelo custo-benefício.

Especificações Redmi Note 11

  • Processador e memória: Qualcomm Snapdragon 680, 4GB RAM (mais expansão virtual), 64GB de armazenamento expansível;
  • Display: AMOLED FHD+ (1080 x 2400), 6.43″, 90Hz, altifalantes estéreo;
  • Fotografia:  50MP, f/1.8, 26mm com PDAF; Ultragrande angular de 8MP, f/2.2; Macro de 2MP, f/2.4; sensor de profundidade de 2MP, f/2.4 e câmara frontal de 13MP f/2.4.
  • Conectividade: LTE, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac, Bluetooth 5.0, emissor IR
  • Bateria: 5000 mAh com carregamento rápido de 33W;
  • Dimensões: 159.9×73.9×8.1mm, 179g

Económico com estilo

Exteriormente, o Redmi Note 11 é um smartphone muito bem desenhado para a sua gama de preço, recorrendo a uma combinação de plástico e vidro que não é totalmente usual por este valor. Francamente, a maior parte dos concorrentes vai contentar-se com plástico e considerar o trabalho feito, sem pensar duas vezes. Mas, pode um smartphone ser barato e, ao mesmo tempo, possuir uma estética de que se orgulhe? A resposta é sim, se pensarmos no Redmi Note 11.

O Redmi Note 11, junta uma moldura plástica de acabamento mate e contornos planos a um painel traseiro de acabamento fosco e aveludado, graças à utilização de vidro, fornecendo um toque subtil e agradável, apesar de algo propenso a captar impressões digitais. Ainda assim, o destaque mais óbvio é o módulo fotográfico bastante amplo. A Xiaomi tem procurado dar uma estética muito identificável aos seus smartphones, e o Note 11 não foge a essa tendência, com as câmaras concentradas num módulo retangular de cantos arredondados, que utiliza um jogo muito interessante entre os contornos retangulares e os detalhes circulares que criam interesse.

As câmaras estão lá para serem vistas e captarem a atenção, o que fazem com grande estilo, com uma estética moderna e contemporânea que por vezes falta aos equipamentos mais baratos. Ainda a destacar que, apesar de termos um ecrã AMOLED, a Xiaomi optou por colocar o leitor biométrico na tecla de bloqueio. Para poupar dinheiro, ou por mera funcionalidade, não sei, mas o leitor funciona impecavelmente e podemos mesmo configurar o desbloqueio pelo toque ou, para segurança adicional, desbloquear apenas quando o pressionamos.

À frente, entretanto, o ecrã mostra rebordos muito aceitáveis, mas o lábio inferior mostra a sua vocação budget. Pelo menos a proteção em Gorilla Glass 3 é bem-vinda para manter o painel bem protegido contra embates acidentais. Do ecrã falamos novamente a seguir, mas o Redmi Note 11 passa definitivamente o teste da estética, sendo um smartphone atraente e relativamente distinto dentro da sua gama de preço. A proteção IP53 é uma garantia adicional de proteção do nosso investimento e todo o cuidado no design e acabamento faz deste um smartphone a considerar por quem se importa com a estética.

90Hz de cor e movimento

Em relação à geração anterior, o Redmi Note 11 oferece um ecrã com dimensões idênticas: 6.43″ FHD+ (2400 x 1080), e ainda temos tecnologia AMOLED, apesar da Xiaomi ter optado por integrar o leitor biométrico no botão de bloqueio, talvez por considerações de custo-benefício. O que este ecrã apresenta de novo é uma taxa de atualização de 90Hz, que promete movimentos muito mais fluídos nas animações do sistema como um todo.

Ao contrário do que vemos em alguns equipamentos de gama mais alta, não há obviamente uma taxa de atualização dinâmica e podemos optar apenas por 90Hz ou 60Hz, qualquer uma das duas aplicada de forma transversal ao sistema, sem haver uma implementação para ajustar automaticamente entre uma taxa e outra conforme as necessidades. Ainda assim, o Redmi tem de facto algumas instâncias em que a taxa de atualização fica nos 60Hz, apesar das nossas opções, nomeadamente ao visualizarmos conteúdos multimédia, por exemplo no YouTube. Aqui a taxa de atualização é de 60Hz para diminuir o consumo energético, sendo óbvio que uma taxa de atualização superior não beneficia o vídeo.

Este ecrã não é nada de se deitar fora. Com um brilho padrão de 700 nits e um brilho máximo anunciado de 1000 nits, em utilização exterior sofre como seria de esperar de alguma perda de legibilidade, mas sai-se razoavelmente bem, utilizando-se sem problemas numa caminhada num dia de sol. As definições de cor e luminosidade podem ser normalmente ajustadas manualmente, com um modo vívido para cores e contrastes intensificados, enquanto o modo standard nos oferece tons mais naturais e quiçá mais pastel. Pelo meio, o modo saturado também puxa bastante pelas cores e contrastes, oferecendo aquelas cores intensas a que geralmente associamos os OLED.

Claro que não podemos deixar o ecrã para trás sem falarmos dos altifalantes estéreo que encontramos a bordo do Note 11. Deveria esta característica ser obrigatória num telemóvel? Sim, sem dúvida! Portanto, sem serem altifalantes do nível de um equipamento de mil Euros, sinto-me muito satisfeito com o extra que trazem para cima da mesa em termos de nitidez do som e capacidade para usufruirmos de uma boa série sem abafarmos o único altifalante com as mãos. Se bem que seja um firme apoiante de altifalantes estéreo, sou o primeiro a admitir que muitas vezes não acrescentam nada. Não é o caso do Redmi 11, com bons detalhes e volume relativamente elevado, perfeitamente justificando a opção estéreo.

Experiência de utilização

O Redmi Note 11 é mais um maratonista que um sprinter. O Snapdragon 680 é um excelente processador, mas o desempenho de ponta não é o seu foco. O chip da Qualcomm concentra-se, antes, em desempenho eficiente e, quando pensamos que já deixamos em cima da mesa que temos bom design e excelente construção, ecrã de qualidade e especificações no geral muito interessantes, quase nos esquecemos que estamos perante um smartphone que podemos encontrar por €259.99.

Bom, o processador rapidamente nos recorda isso. O desempenho é sólido, mas não extraordinário. De facto, apesar de ser um processador novo, o Snapdragon 680 utiliza quatro núcleos bseados nos Cortex A73 e outros tantos nos Cortex A53 de arquitetura e performance já ultrapassada, o mesmo podendo ser dito da Adreno 610 que está aqui perto do limite das suas capacidades e não sei sequer como consegue aguentar um ecrã de 90Hz. Ou seja, e por outras palavras, o processador não está neste momento à altura de jogos mais evoluídos e não conseguimos por isso tirar partido real dos 90Hz em termos de gaming. Lost Light ou World of Tanks: Blitz mostraram-se difíceis de jogar, mesmo com gráficos no mínimo, e estes são títulos que se jogam bem mesmo num já antiquado Snapdragon 750, por exemplo.

Mas o Snapdragon 680 tem sim o lado positivo de ser fabricado em 6nm, o que lhe dá uma boa relação custo-benefício e, acima de tudo, autonomia acrescida. Por isso, não tenho qualquer dúvida de que este é um smartphone para os gamers pouco exigentes e muito mais interessante para os que utilizadores intensivos das redes sociais ou em trabalho, onde a sua autonomia poderá mostrar-se uma excelente característica. Os que perdem várias horas em transportes até ao trabalho também saberão aproveitar este benefício, mas regressaremos a isto mais à frente.

Posto isto, os benchmarks são expectavelmente tépidos, com uma pontuação single-core de 354 pontos no GeekBench e 1611 no multic-core, enquanto o 3D Mark devolve 447 pontos no Wild Life, o que mostra uma vocação pouco desportiva e nada aconselhável para gamers. Em contrapartida, a utilização normal é suficientemente digna, não sendo por aí que encontramos um problema, dentro de uma utilização mais casual.

A bordo encontramos, obviamente, a MIUI, desta feita na sua versão 13 com o Android 11 por baixo. Não é uma interface para os puristas, mas certamente uma para os que gostam de ter muitas opções de configuração ao seu dispor, e apesar de já termos muitos equipamentos com Android 12, não é particularmente censurável que o Redmi ainda chegue com o Android 11. Mesmo faltando-lhe algumas das novidades do novo sistema operativo, a MIUI parece-me fazer um excelente trabalho de extrair o melhor do processador disponível e, ao mesmo tempo, oferece uma enormidade de configurações possíveis.

Para tirar o máximo proveito do ecrã AMOLED, temos diversos temas para o ecrã sempre ligado e podemos configurar diversas luzes de notificação respirantes nas laterais do ecrã. Se não quiserem fazer tudo nos termos da Google, a MIUI oferece uma grande amplitude de apps próprias, da galeria com amplas ferramentas de imagem, ao gestor de ficheiros e a usual app de segurança com algumas possibilidades muito interessantes para gerirmos as permissões e restrições das nossas aplicações.

Porque há o omnipresente emissor infravermelhos, temos também a fiel aplicação de controlo remoto da Xiaomi para controlarmos equipamentos à distância.

Diria, no entanto, que o melhor da MIUI 13 estará no longo prazo. A Xiaomi está a prometer desfragmentação muito melhorada para que a performance não decaia com o tempo devido a má gestão do armazenamento interno e há também a extensão de RAM que permite utilizar a memória interna para acrescentar RAM virtual à disponível, dando mais pernas à memória disponível para gerir as apps abertas.

Autonomia com pontos extra

A bordo do Redmi Note 11 encontramos uma bateria de 5000mAh, francamente bem recheada para as linhas elegantes e peso geral do dispositivo. Aqui, todas as vantagens do Snapdragon 680 como processador de desempenho contido vêm ao de cima e a bateria tem um comportamento impecável ao longo do dia todo, facilmente adivinhando-se a possibilidade de utilizarmos o equipamento ao longo de dois dias seguidos se, numa emergência, nos esquecermos de o carregar durante a noite.

E falando de carregar durante a noite, o Redmi Note 11 chega com um carregador de 33W, o que é suficiente para nos dar meia carga em trinta minutos, mais do que suficiente numa emergência, enquanto a carga completa se obtém em cerca de hora e meia. Mais uma vez, suficiente para carregarmos durante a manhã enquanto tomamos o banho matinal e o pequeno-almoço.

Fotografia eficiente

O hardware do Redmi Note em termos de fotografia é bastante interessante, se bem que típico para o segmento. Começamos com uma câmara principal de 50MP, recorrendo a um sensor Samsung S5KJN1. A câmara tem foco por deteção de fases, mas nenhum luxo como OIS. De seguida encontramos uma ultragrande angular de 8MP e um sensor macro de 2MP, além de uma câmara frontal de 13MP, todas as três sem AF. Desde logo, a limitação causada pelo Snapdragon 680 é que poderemos captar vídeo com um máximo de resolução FHD, e o facto de termos um ISP com tecnologia de alguns anos também não pode ser ignorado.

Evidentemente, o sensor de 50MP tira fotografias com uma resolução por defeito de 12.5MP e, tal como é hábito, é difícil perceber se temos algum ganho ao obter fotografias de resolução total. Os algoritmos chegaram a esse nível de qualidade.

Em condições de boa luminosidade, as fotografias obtidas oferecem qualidade razoável. A gama dinâmica é limitada e a câmara principal parece sub-expor por regra, talvez para preservar as altas luzes. Por seu turno, o detalhe é razoável, contudo nitidez não é particularmente elevada, perdendo-se alguns detalhes mais finos. Além disso, há uma quantidade inesperada de ruído nas zonas de alguma sombra que retiram alguma qualidade ao look geral. Este pode ser o resultado da Xiaomi procurar reter algum detalhe extra, à custa de grão adicional, e não me parece um compromisso mau neste segmento de preço onde as imagens são geralmente bem piores.

Passando para a ultragrande angular, encontramos aqui mais ou menos as mesmas virtudes, com detalhes mais esbatidos que não se prestam totalmente a tirarmos fotografias de cenários muito complexos.

Quanto às imagens captadas à noite, os resultados são na melhor das hipóteses aceitáveis, com fraca gama dinâmica e ainda menos detalhe. Não sendo duro porque os resultados são relativamente consistentes com o segmento de preço, e porque encontramos bem pior, o Redmi Note 11 não é um telemóvel para quem dê prioridade à qualidade fotográfica.

No lado mais positivo, a app fotográfica funciona muito bem e tem uma quantidade muito louvável de opções de captura, não deixando de fora a possibilidade de navegarmos até às configurações para escolhermos quais os modos de captura que queremos ter na lista de acesso fácil. Há mesmo um modo Pro que permite ajustar a temperatura da cor, foco manual, exposição e ISO, e há ainda um histograma e verificação de exposição (linhas zebra) que nos mostra em tempo real os pontos onde a imagem está “queimada”. É um detalhe fantástico para os aficionados da fotografia que merece ser louvado pela sua inclusão.

Conclusão: polivalência acessível

Não é fácil criar um smartphone perfeito neste segmento de preço e na busca do equilíbrio do custo-benefício, o Redmi Note 11 não pode obviamente ser soberbo em tudo. Os seus dois maiores compromissos são ao nível do desempenho pouco desportivo e das câmaras fotográficas meramente aceitáveis. Já se viu pior por este preço neste último campo, mas sei por experiência que a Xiaomi consegue oferecer mais e talvez a câmara se veja amplamente melhorada com releases de software no futuro. Já a potência disponível no Snapdragon 680 não fará muito melhor e o Redmi merecia algo mais neste departamento, para acompanhar o excelente design e acabamento.

Para quem é o Redmi Note 11, afinal? A combinação dos altifalantes estéreo com o ecrã AMOLED de sólida qualidade e uma bateria com pernas para andar farão das longas viagens de transportes e intervalos no trabalho menos enfadonhos, quer queiramos ver uma série ou saber tudo o que se passa nas redes sociais sem ficarmos sem bateria a meio do dia. Para uma utilização generalista, o Redmi Note 11 está muito bem pelo preço pedido e o design esmerado é a cereja no topo do bolo.

1 COMENTÁRIO

  1. Gosto do aparelho, realmente estou um pouco triste com a câmera, mas há piores . Não gostei muito do material usado na parte de trás do aparelho. Gosto mais do material usado no Xiaomi redmi 8. Acho mais elegante

    • Boa tarde Maria, obrigado pelo feedback. Há sim, câmaras bem piores, se formos a ver até em equipamentos mais caros. O que lhe desagradou no material?

  2. Boa noite tenho um telemóvel redmi 11S 4G.
    O telemóvel é bom e bom desempenho. As fotografias estão espetaculares.
    Uma coisa porque há falta um recurso a senha desligar o telemóvel. Impedir o ladrão desligasse e nunca mais o encontra. Está mau feito. Obriga as pessoas a comprar. Enfim. Adorei o e barato. Os Samsung está fora de questão. Caríssimos.

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