Alguma vez professaram que o vosso amor é maior que o planeta e vai até às estrelas? Provavelmente sim, mas conhecem alguém que alguma vez tenha recebido uma mensagem de amor que viajou pelo espaço e saiu do lar da Humanidade, mesmo que por breves segundos, viajando pelo éter até onde o silêncio nos contempla? Provavelmente não, mas eu conheço.
A proeza foi conseguida graças a um útil, simples, e inovador equipamento, na forma do Motorola Defy Satellite Link, um “telecomando” que é na verdade uma central de comunicação via satélite, usando os equipamentos que orbitam a terra para trocarmos mensagens com quem ou com o que nos é mais fundamental, mesmo na ausência completa de rede celular. Numa era onde amplas expansões da superfície terrestre ainda têm falta de cobertura, e com as comunicações via satélite a serem caríssimas e a requerer equipamentos especializados, o Motorola Defy Satellite Link acrescenta uma enorme facilidade para nos mantermos comunicáveis, quer sejamos aventureiros, ou profissionais em áreas remotas.
Com o Motorola Defy Satellite Link, o amor não depende da rede celular.
Motorola Defy Satellite Link: o que é, como funciona.
O Motorola Defy Satellite Link é um pequeno equipamento com aspeto de telecomando de automóvel, onde geralmente encontraríamos a chave. As suas principais funcionalidades incluem um botão de SOS para imediatamente pedirmos socorro a um conjunto de contactos predeterminados em caso de aflição, mas no panorama mais mundano podemos enviar mensagens de SMS via satélite e fazer check-ins periódicos.
Para tal, precisamos sacar a aplicação Bullitt Satellite Messenger e a uma vez aí usar a opção de registo em Satellite Messenger (bullitt.com). Aqui a minha experiência foi fundamentalmente frustrante, porque a partir do telemóvel tive erros em catadupa, porque temos de escolher um número mobile para associar e inserir o número duas vezes para o validar, mas em momento algum foi aceite o segundo número, indicando existir uma divergência. Inscrevi-me diretamente no computador sem qualquer dificuldade.
Uma vez inscritos, ficamos com uma página onde podemos gerir contactos de emergência, planos de comunicações, e outros detalhes, em paralelo com a app, como por exemplo as nossas informações médicas.
Uma vez criado o nosso perfil e entrados na aplicação no telemóvel, necessitamos ter o Bluetooth ligado para associar o Satellite Link que é reconhecido de forma muito rápida e emparelhado. Dentro da app podemos escrever SMS normalmente, sendo que o destinatário lido a partir dos nossos contactos recebe esta como um SMS normal, mas precisa de instalar o Satellite Messenger para nos responder. Esqueçam o envio diretamente pela aplicação normal de mensagens: não resultará, porque é necessário o intermediário da Bullitt para encaminhar a mensagem não pela rede celular, mas através da ampla rede de satélites geoestacionários.
Os planos de comunicações são ainda relativamente onerosos com o plano base de €4.99 a dar-nos 30 SMS por mês. Não podemos esperar ter longas conversas durante o dia, claro. O objetivo é comunicar emergências e dados importantes. Por isso uma das opções mais interessantes é o check-in. Este funciona indo diretamente à app e configurando que check-in queremos fazer, sendo o mais básico o envio das nossas coordenadas no momento. Imensamente útil para o caso de desaparecermos, havendo assim um raio de buscas que nos podem salvar a vida, ou para de forma discreta darmos nota de que estamos num percurso que não é o previsto.
Mas dou também nota que a aplicação não ficou amarrada aos satélites, e no caso de termos o telemóvel ligado a uma rede WiFi podemos usar a app dessa forma, com as mensagens a passarem normalmente, e sem custos, visto que a cobrança é feita exclusivamente quando uma mensagem não encontra rede celular/WiFi e recorre aos satélites, e só no caso das mensagens enviadas por nós, não por quem nos responde. Este é um bom toque para autorizar o Satellite Messenger como uma app de mensagens autónoma.
Experiência de utilização
Uma vez ultrapassado o pequeno problema de me ser indicado que o mesmo número de telefone inserido duas vezes era de facto dois números diferentes, a partir do site podemos escolher o nosso plano e aguardar para este ser aprovado. Não é uma ativação instantânea, curiosamente.
O Motorola Defy Satellite Link depende obviamente de uma ligação a satélites e, não tendo tido a oportunidade de me embrenhar pelo mato adentro longe de qualquer rede celular, tive mesmo que testar o equipamento no meio da cidade, onde a única dificuldade em obter ligação a um satélite é a profusão de torres. Aí tive mesmo de encontrar o ângulo certo no exterior, mas uma vez agarrado o satélite, mesmo dentro de casa a ligação manteve-se ativa, indicado pela luz verde a piscar. A cadência é bastante espaçada e se estivesse num isolamento talvez quisesse uma luz mais omnipresente, mas a verdade é que a aplicação Satellite Messenger indica em todos os momentos se a ligação ao satélite está ativa, pelo que não vou ser picuinhas.
Portanto, com o satélite agarrado, o serviço de mensagens é quase instantâneo e cada SMS e check-in foi recebido. Este desempenho é certamente absolutamente reconfortante para quem pretende passar dias a fio longe de locais onde seja facilmente localizado. Pensemos na fenomenal diferença que um equipamento tão simples quanto este teria feito para um Aron Ralston. Teríamos menos um filme, é certo.
Como é que testei isto sem ter de mostrar coragem e espírito aventureiro? Bom, a ligação do MDSL é autónoma, pelo que as mensagens saem via satélite se estivermos com um telemóvel em modo de avião sem SIM ou conectividade WiFi e mesmo dentro de casa o serviço funcionou bem. Dou aqui nota que o equipamento tem uma autonomia de “até 4 dias” com uma bateria de 600mAh, mas isto parece ser num cenário de utilização mediana. A ligação satélite parece ser relativamente de baixo consumo, e com algumas mensagens por dia quatro dias mal deixaram marca na autonomia.
Pontos a melhorar
Há detalhes no Motorola Defy Satellite Link que mostram ainda o fator novidade e o potencial para melhorarem.
Por exemplo, as mensagens visíveis nas mensagens de emergência ainda não são ajustáveis e – para já – encontram-se estritamente em PT-BR. Por outro lado, o setup não foi o mais fácil, conforme já mencionei atrás, embora não seja este problema um grande desafio para a maior parte dos utilizadores, mas francamente requer alguma paciência e pode ser melhorado.
Ao nível da conectividade, não há nada que possa dizer, mas uma palavra de alerta a quem precisa de trabalhar e depende da ligação satélite na América do Sul ou África: o serviço ainda não está disponível aí, e teremos de aguardar mais um pouco, embora não seja possível dizer o quanto. Atualmente, o serviço cobre a Europa e os EUA, com Canadá, partes da Ásia e Eurásia previstos para o terceiro trimestre de 2023. A compra deste equipamento justifica-se, portanto, dependendo das zonas em que vamos depender da ligação satélite.
O Motorola Defy Satellite Link é um equipamento que eu aconselharia ser bem testado antes de realmente necessitarmos dele, usando para isso os nossos os contactos. Isto porque convirá mesmo garantir que as mensagens estão a ser recebidas, tendo-me apercebido que aquelas enviadas via satélite tendem a ser consideradas spam pelos serviços normais de mensagem, um problema que não será de todo do Satellite Link.
Conclusão
A minha vida não depende de ter uma ligação satélite num momento crucial, mas se dependesse o Motorola Defy Satellite Link seria uma bênção e tem todo o potencial para salvar vidas. Basta um momento crucial em que fazer passar uma mensagem com a nossa posição será suficiente para nos chegar socorro em vez de sermos encontrados tarde demais.
Fora as particularidades com o setup soluçante e a necessidade de todos os contactos necessitarem instalar a aplicação de mensagens da Bullitt para poderem comunicar de volta, o Motorola Defy Satellite Link é uma oferta extremamente acessível e útil numa era em que as comunicações por satélite ainda estão longe de ser acessíveis. Faz, por isso, a diferença quanto a acessibilidade e funcionalidades nucleares para salvar uma vida quando mais precisamos de segurança.
