Depois do lançamento dos Pixel 8 Pro e Pixel 8, chegou mais recentemente o Pixel 8A e rapidamente os seguidores da Google perceberam que este telemóvel é algo de especial. Oferece – a um preço significativamente reduzido – alguns dos elementos core do Pixel 8, como sejam o mesmo processador e muitas das funcionalidades de inteligência artificial. É justo dizer que o Pixel 8A será o principal concorrente do Pixel 8 em todo o mercado, mas também é justo dizer que para o preço que pede, o Pixel 8A será dos melhores equipamentos no seu segmento. E não é por nada superlativo como os truques de marketing, tão frequentes em outras marcas. É sim, pela forma como o conjunto faz sentido na sua funcionalidade, simplicidade, como um todo.
Pixel 8 vs Pixel 8a
Não costumo começar uma análise com um comparativo, mas tenho recebido tantas questões sobre qual dos dois equipamentos justifica mais a compra (Pixel 8 ou Pixel 8A) que parece existir uma confusão sobre as diferenças entre ambos, em boa parte motivada por um look similar e partilha de funcionalidades. No geral, podemos mesmo dizer que o Pixel 8A está mais perto do Pixel 8 do que do Pixel 7A com o qual já o comparamos: Comparativo Google Pixel 8a e Pixel 7a: quão melhor é realmente o novo Pixel 8a? – TekGenius
Portanto, é um facto que visualmente são muito semelhantes. O Pixel 8A tem uma abordagem estética com cantos de circunferência maior, o que é o mesmo que dizer que é mais arredondado, e é apenas marginalmente mais pequeno no ecrã (6.1″ vs 6.2″). Notaremos que os rebordos do Pixel 8A são visivelmente mais espessos, mas rapidamente colocaremos esse detalhe no fundo do nosso subconsciente. Chega com uma bateria marginalmente inferior, o carregamento wireless também é mais lento (7.5W contra 18W) e não tem a facilidade de partilha de bateria wireless. Isto é, o Pixel 8 pode carregar o Pixel 8A de forma wireless, mas não o oposto.
Ao nível das câmaras é como o dia para a noite. O Pixel 8A ganha em resolução, com 64+13MP para os 50+12MP do Pixel 8, que também tem uma câmara frontal de 10.5MP, enquanto o Pixel 8A tem uma selfie de 13MP. Em compensação, a câmara selfie do Pixel 8 grava a 4K 60p, enquanto o Pixel 8A está limitado a 30p. A câmara principal do Pixel 8 também apresenta píxéis maiores, que são sempre uma vantagem, além de acrescentar estabilização eletrónica por giroscópio. Ambos possuem as mesmas funcionalidades por IA.
Portanto, no campeonato fotográfico eu continuaria a colocar os ovos no cesto do Pixel 8, embora o Pixel 8A seja fenomenal para o seu preço, bastando ver os resultados dos benchmarks. O Pixel 8 oferece mais e – em diversos aspetos – melhor, sendo decisão individual de se estas diferenças valem a diferença de preço. Mas adiantamo-nos.
Elegância de cor fresca
As cores disponíveis para o Pixel 8A são definitivamente um argumento a seu favor. Temos a cor Aloe (verde), Bay (azul-claro), Obsidiana (preto) e Porcelain (branco, nada surpreendentemente). Branco e preto são sempre opções clássicas, e porquanto não posso falar do tom Aloe, o azul-claro é fantástico.
Já falei demasiado sobre o design do Pixel 8A em artigos anteriores, mas a repetição por bons motivos não faz nada mal. Por comparação ao Pixel 8 e ainda mais ao angular 7A, o Pixel 8A oferece cantos muito mais arredondados para o que é efetivamente um toque mais confortável na mão. A construção é em metal a toda a volta, incluindo também o módulo fotográfico, enquanto o painel traseiro é de plástico. Ao contrário do que encontramos no Pixel 7A, o plástico é fosco e com o azul ficamos com uma textura definitivamente reminiscente de gelo: fresca. A vantagem é que não atrai particularmente dedadas ou sujidade, mantendo a elegância do Pixel durante mais tempo.
Os materiais são bons, os remates irrepreensíveis, e até as capas disponíveis são de qualidade soberba. Com uma capa branca com uma textura que me lembra o talco, o Pixel 8A em azul não deixa de invocar um gelado. Muito “Verão”. Este é obviamente um smartphone que ficará bem em preto, para uma utilização mais institucional, mas as cores mais joviais realmente acrescentam algo mais de valor acrescentado para um público mais amplo, e fazem sobressair as linhas muito bem conseguidas.
A experiência audiovisual premium
O ecrã do Pixel 8a é algo mais arredondado que o do Pixel 8 e oferece também rebordos bem mais espessos. Num telemóvel deste preço não é um detalhe que importe demasiado, até porque acaba por se passar despercebido. Mais importante é olharmos para este ecrã com uma melhor noção dos seus dados técnicos: trata-se de um ecrã OLED de 6.1″ e resolução FHD com taxa de atualização de 120Hz, sem esquecer que se trata de um Actua Display de elevado brilho (a Google indica 2000 nits máximos), francamente mais brilhante que o do Pixel 7a em condições de elevada luminosidade.
Para uma experiência de navegação muito mais fluída, devem ativar a opção Smooth Display nas definições de ecrã, e sendo que é de esperar um consumo maior da bateria, não vejo impacto significativo. Ao mesmo tempo, a utilização do perfil de cor adaptável garante uma excelente reprodução de contrastes e cores, mesmo em condições de luminosidade adversa. O Pixel 8a tem passado muito tempo em jardins a jogar e a ler conteúdos, com o que me parece ser uma excelente prestação quanto à qualidade de imagem que reproduz nestas condições.
A mencionar a existência de altifalantes estéreo, ponto em que o Pixel 8a está perfeitamente equilibrado com o Pixel 8. Os dois altifalantes não são os mais altos que já ouvimos. Precisariam mesmo de ter mais volume. Mas no fim do dia, ajudam a uma experiência multimédia bem mais espevitada.
Utilização irrepreensível
O Pixel 8a está equipado com o Tensor G3 da Google e, se em teoria alguns concorrentes oferecem processadores mais potentes, em momento algum temos carência de desempenho. Seja em tarefas banais, navegação ou jogos. A interface polida e limpa certamente que ajuda a uma fluidez geral louvável, não necessitando de potência extra para correr bem.
Os benchmarks colocam o Pixel 8a firmemente em território Pixel 8, com melhores resultados por vezes até, o que mais do que tudo significa que a Google não tentou castrar o Pixel mais barato para dar vantagem aos modelos mais caros. Isto é honesto e significa que de momento o Pixel 8a é um telemóvel de gaming muito sólido e pode ser usado com intensidade, graças à autonomia generosa. Embora goste de jogar o meu War Thunder no Pixel 8, não sinto ficar atrás no Pixel 8a, com os gráficos no máximo e só muito raramente sentido uma quebra mínima do desempenho quando se passa demasiado no ecrã.
A saída de vídeo é um ponto que me tem agradado obviamente. Era uma omissão no Pixel 7a e talvez nunca tenha dado pela sua falta, mas a partir do momento em que ligamos o Pixel 8a a um monitor externo e podemos ver os nossos filmes.
Lançado com o Android 14, o Pixel 8a tem desde logo sobre o seu antecessor a enorme vantagem da promessa de sete anos de atualizações, e tem recebido updates de forma cadenciada, com acrescento de melhorias. O Android a bordo está repleto de truques fantásticos de inteligência artificial, mesmo que faltem algumas funcionalidades fenomenais disponíveis para utilizadores internacionais, como a filtragem de chamadas.
Ainda assim, possibilidades como o Circle To Search com contexto, Best Take, as inúmeras opções de edição fotográfica, ou a inclusão do Gemini, fazem do Pixel 8a um smartphone verdadeiramente inteligente. Funcionalidades como o Circle To Search tornaram-se mais naturais do que pesquisar num motor de busca e já não temos de fazer figuras tristes online, bastando rodear algo e pedir contexto para termos informação na ponta dos dedos.
Ora, colocar tudo isto em cima da mesa é uma coisa, mas durante quanto tempo? A autonomia dos Pixel não é fenomenal, mas tem sido pelo menos consistentemente de elevada qualidade, e com uma bateria de 4492mAh, o Pixel 8a não foge à regra. A sua autonomia é confortavelmente suficiente para durar o dia todo, com folga para algumas tarefas pesadas pelo meio e chegarmos a casa com margem de segurança.
O carregamento não é estelar como em alguns concorrentes, mas é suficiente para uma carga de 1/3 em 30 minutos, enquanto o carregamento adaptativo garante um carregamento muito calmo ao longo da noite. Há que destacar aqui – obviamente – o carregamento wireless a 7.5W, funcionalidade que não abunda no segmento dos €500.
Valor fotográfico de topo
Não é segredo que a Google está a publicitar o Pixel 8a como o melhor smartphone para fotografia abaixo de €500, uma aclamação apenas possível fora de Portugal. Aqui, teremos de nos adaptar algo e dizer que o Pixel 8a é talvez o melhor smartphone fotográfico na categoria de €500, uma afirmação que o DxOMark talvez corrobore.
Para hardware fotográfico, o Pixel 8a conta com uma câmara principal de 64MP, acompanhada de uma unidade ultragrande angular de 13MP. Já rodei estas câmaras e já escrevi o suficiente sobre elas para o veredito não ser uma surpresa. Muitos outros telemóveis têm hardware comparável, mas poderão competir em termos de resultados? A verdade é que o Pixel 8a mobiliza a inteligência artificial na qual a Google é perita, e algoritmos de imagem que tornaram os Pixel famosos desde o início. Após a toma fotográfica, temos ainda avançadas ferramentas de edição que permitem fazer verdadeiras maravilhas com as imagens, mesmo que sejamos razoavelmente incompetentes com uma máquina fotográfica.
Por isso, quando apontamos a câmara e disparamos, sabemos que há uma magia eletrónica a ocorrer desde a captura até ao momento em que a imagem final nos aparece no ecrã. No geral, se a fotografia for uma prioridade, não tenho qualquer dúvida em recomendar o Pixel 8a, cuja capacidade chega a rivalizar com o Pixel 8, mostrando fraquejar apenas nos cenários de baixa luminosidade onde os Pixel mais caros são dominantes. Claro que há uma boa componente de processamento na forma como as imagens surgem no ecrã, e surgem sublimes, sendo este um excelente binómio quando falamos no Pixel 8a.
Entre as forças mais patentes das fotografias no Pixel 8a destaco os tons. As imagens são ricas em cor e gama dinâmica, com céus profundos e folhagem expressiva, oferecendo aquilo que poderia considerar tons veraneantes, perfeitos para o sol da estação, com o céu bem azul e os verdes expressivos, vivos. Se bem que o tipo de intensidade cromática numa fotografia pode ser uma questão de gosto, o Pixel 8a está acima de crítica, mostrando poucos artefactos no recorte dos detalhes e uma quase completa ausência das auras usuais no HDR.
Em cenas de elevado contraste, que misturam luzes e sombras mais intensas, o Pixel 8a oferece um resultado equilibrado, não puxando demasiado pelos escuros e não expondo em demasia as luzes. Isto cria resultados com excelente contraste, cor, e francamente perto do que eu poderia dizer ser perto da experiência do olho humano.
De que o Pixel 8a carece é de uma objetiva zoom. Embora a inteligência faça maravilhas com crop a partir do sensor de 64MP, uma câmara zoom dedicada obviamente que faria um serviço melhor. O pixel 8 e o Pixel 8 Pro são melhores opções para uma experiência fotográfica polivalente, embora se façam pagar melhor por isso.
Conclusão
Quem não adora um smartphone de gama alta? É justo: nem todos. Muitos de nós querem apenas um companheiro eletrónico sólido para as nossas necessidades de entretenimento e isso é bom, considerando que os preços da gama alta andam pela hora da morte. Imagine-se então pegar num Pixel 8a e, por pouco mais de €500 termos uma experiência realmente de gama alta, das câmaras ao desempenho, passando pelo design.
Ao mesmo tempo, o Pixel 8a reune os mesmos argumentos importantíssimos dos Pixel 8 e Pixel 8 Pro, nomeadamente a interface limpa e ágil, as inúmeras funcionalidades propulsionadas por inteligência artificial e a promessa de atualizações durante sete anos. Porquanto não é uma revolução por comparação ao Pixel 7a, melhora praticamente todos os pontos, de forma mais ou menos notória, sem por isso ter um aumento desconfortável do preço, e isso é um excelente argumento.
No final de contas, o Pixel 8a é um smarpthone honesto, honestamente bom, com uma experiência de utilização irrepreensível e que está connosco para o longo prazo, fator a que nem sempre damos o devido valor.
