Mais uma app parece ter sido apanhada pelo ditado que diz que não há almoços à borla, e não é uma qualquer app Chinesa obscura, ou uma app pateta de embelezamento, mas talvez o serviço de meteorologia mais conhecido do mundo: o AccuWeather.

A app AccuWeather é tão popular, que diversas marcas de smartphones incluem já o serviço nos seus smartphones de forma nativa, mas ao analisar os dados enviados por um iPhone, um investigador pode ter descoberto que a AccuWeather enviou dados de localização dos usuários a uma empresa de monetização.

As apps meteorológicas são notórias por um motivo: não funcionam sem acesso à localização. Isto já sabemos, e é normal que assim seja, mas até porque a localização gasta bateria, o autor faz o mesmo que muitos utilizadores e simplesmente desliga a função até necessitar dela.

Aqui reside o problema, já que, segundo Will Strafach, a AccuWeather recolhe os dados de localização dos usuários mesmo quando o acesso à localização está desligado, cedendo-os à Reveal Mobile. Já que não pode ter acesso à localização física via GPS, a AccuWeather recolhe os nomes dos routers Wi-Fi e os endereços MAC, o que é ainda mais grave.

A colocar alguma água na fervura, a Reveal Mobile garante que os dados são anonimizados e não rastreiam dispositivos individuais. Já a AccuWeather indica que a recolha dos dados será para efeitos de estudo dos seus utilizadores para oferecerem experiências mais relevantes e contextualizadas.

Portanto, as entrelinhas são estas: sim, a AccuWeather envia os nossos dados de localização para uma empresa externa, sem nós sabermos.

Embora a justificação seja a de serviços melhorados, não pode simplesmente pegar. Afinal, os dados dos utilizadores são somente seus e não devem ser partilhados sem o seu consentimento tácito, ainda que muitas vezes o sejam, não apenas pela AccuWeather. Neste mundo de apps e serviços, simplesmente nos habituamos a abdicar da privacidade de muitos dados.

Mas a questão fica: se uma app está não só a recolher dados, mas a enviá-los para outro serviço, até pode ser legal. Todavia, quem garante ou supervisiona a capacidade de ambas as entidades para manter o anonimato dos dados face a fugas de informação ou ataques cibernéticos?

Se a privacidade é um negócio, não o será somente para os bem intencionados, e já nem vale apontar o dedo somente a apps obscuras de alguns países.

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