Cada vez mais Portugal está a entrar do mapa do mundo tecnológico, e desta vez foi a Google que decidiu trazer o seu evento Android Innovation Day até nós. Com tal, não podíamos deixar de marcar presença no mesmo. No entanto, este evento foi um pouco diferente do que estamos habituados, dado que a Google não estava a apresentar nenhum dos seus produtos.

A Android Innovation Day pauta pela junção de representantes tanto da industria móvel, como de algumas startups em Portugal. Todos juntos, com o Android em mente, falam deste mundo e do potencial que tem para oferecer. Deste modo conseguem dar uma maior noção do que é o Android em números e de qual a sua real importância.

Fazendo um pequeno ponto da situação, o Android foi lançado em 2007 como uma plataforma de código aberto. Hoje, há mais de 24.000 equipamentos de mais 1300 marcas com o sistema Android. Nas lojas de aplicações há mais de 1 milhão de apps disponíveis. Em 8 anos, o Android gerou mais de 1,2 milhões de empregos só na Europa.

Como foi o Android Innovation Day?

Este evento começou com Bernardo Correia, Country Manager da Google Portugal a abrir o mesmo. Focado na importância do ecossistema mobile, explicou o novo paradigma de Mobile First, em que cada vez mais os utilizadores acedem a internet em plataformas móveis. Por exemplo em Portugal:

  • 50% de todas as pesquisas Google são feitas em dispositivos móveis
  • Pela primeira vez em Portugal, no dia 7 de Agosto, o YouTube foi mais usado em dispositivos móveis que em todas as outras plataformas em conjunto.
  • Contudo, 1/4 do tráfego gerado por dispositivos móveis ainda é redirecionado para sites não mobile

Nesta pequena lista de curiosidades, conseguimos rapidamente perceber a democratização do acesso à informação que os dispositivos móveis cada vez mais permitem, assim como o Valor deste mesmo ecossistema que cada vez cria mais trabalho para programadores, empresas de software, e companhias de hardware.

De seguida foi João Vasconcelos, o secretário de estado da industria que falou. Um discurso focado em todas as melhorias e vantagens que o governo criou para ajudar a desenvolver e incentivar novas startups no nosso país, bem como todos os programas de apoio criados para as mesmas. Podemos encontrar mais informações em Starup Portugal.

Depois foi a vez de Nicklas Lundblad, Vice presidente, Public Policy and Government Relations, Google EMEA de falar. Começando com um discurso ambicioso, que espera daqui a 10 anos já todos estejamos conectados à Internet, falou dos problemas que o rápido crescimento trouxe para a Google, que testava as suas famosas aplicações em modelos físicos, a chamada Wall of Phones (parede de telemóveis). Esta, continha todos os modelos de android existentes, o que com o passar do tempo e como é possível de imaginar, rapidamente deixou de ser algo fazível.

Android Innovation Day

Falou também do sucesso que o Android estava a ter na penetração dos mercados mais pobres, como o mercado Africano e também sobre os desenvolvimentos que se faziam nestes mesmos mercados, às vezes mais avançados que na europa, como é o caso dos pagamentos móveis do Quénia.

Outro ponto que foi discutido, foi o valor do mercado de dispositivos móveis que pertence ao GDP global, assim como dos vários programas que a Google tem para ajudar a melhorar as capacidades de programação para Android. Nos últimos 2 anos, ajudaram mais de 2 milhões de pessoas, e abriram 10 mil vagas para bolsas de estudo que pode encontrar no site da Udacity.

Por fim também falou de forma muito descontraída sobre o escrutínio que o Android tem recebido por parte da União Europeia, e a capacidade de entender a importância do mesmo.

Antes do coffee break, ainda houve tempo para mais uma palestra um pouco diferente das anteriores. Esta era mais uma conversa entre Eduardo Ribeiro, Deco Group, Pedro Rocha Vieira, Presidente Beta-i e Claudia Trivilino, Application Developers Alliance EU, moderada por Benoit Tabaka, Google EMEA. Sobre o ponto de situação do ecossistema móvel, onde se abordaram temas como Android na indústria, problemas de privacidade no Android, o perigo da internet of Things em termos de segurança e privacidade e se não faria mais sentido em vez de internet of Things chamarmos Web of Things? Visto que o termo Web of Things é mais completo, e fornece uma camada de aplicação que facilita a criação de aplicações internet of things.

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Durante o coffee break, aproveitamos para ver os stands presentes que contavam com a participação da algumas empresas portuguesas como:

  • Mimicry Games, uma empresa que se dedica a desenvolvimento de videojogos e experiências para realidade virtual. Foi fundada por Thomas Papa, em 2012, na Holanda, mas também estabeleceu um estúdio de desenvolvimento em Coimbra. Desenvolve projectos e faz consultoria em realidade virtual para clientes. Para Daniela Pinto, programadora, Mimicry Games:

o Android tem sido revolucionário em democratizar o uso de smartphones. A abertura do sistema, a facilidade de desenvolvimento e de distribuição de conteúdo possibilitou o surgimento de novos negócios, e novos modelos de negócio. Do ponto de vista de alguém que cria conteúdo de forma independente é óptimo. Para além disso, Android deu origem uma onda de inovação tecnológica entre os fabricantes de hardware. A razão pela qual VR se tornou acessível ao público tem a ver com o aumento na resolução de displays, resultante da competição entre fabricantes de smartphones.

  • Bloco, estúdio de desenvolvimento de produtos focado em Android com escritório em Coimbra. Todas as iniciativas que levam a cabo têm como objectivo a criação de uma comunidade real de criadores de apps Android em Portugal, como forma de aumentar a qualidade geral do trabalho realizado. Para Sérgio Santos, fundador e programador do Bloco:

o Android trouxe bastante inovação para as plataformas móveis, para além de aumentar os standards de qualidade e design das apps. Para o Bloco em particular, é uma aposta numa plataforma e numa comunidade que valorize a qualidade e design

Bloco é responsável também pela organização de um evento periódico chamado de Android Talks sobre o negócio, desenvolvimento e design de aplicações Android.

  • MeshApp, fundada em Portugal em 2013, é uma startup tecnológica baseada na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, que conta com o apoio do Building Global Innovators, e com escritórios em Lisboa e Boston. Para Rodrigo Moreira Rato, CEO, da mesma: 

MeshApp é mobile first e Android first, por uma simples razão – permite desenvolver e lançar aplicações rapidamente.

Esta foi a empresa responsável pela criação da aplicação Evaristo.

  • Think Pink, uma agência digital portuguesa baseada no Android, com escritórios no Porto e em Lisboa. Para José Aguiar:

O Android ajuda-nos de várias maneiras e torna a nossas vidas muito mais simples e divertidas. Trata-se de uma plataforma que nos permite chegar a vários targets, como também permite criar soluções interactivas, multi-plataforma e disruptiva a uma escala global.

Como destaque tem a criação da aplicação FC Porto.

  • EMEL, já muito conhecida em Lisboa esta é uma empresa pública municipal responsável pela mobilidade e estacionamento da cidade. Para melhorar a experiência dos utilizadores residentes e dos visitantes de Lisboa, a EMEL lançou a App ePark, uma aplicação económica e confortável de pagamento de parques de estacionamento. Com um total de mais de 150.000 utilizadores, o ePark está disponível nas lojas do Android, iOS e Windows, representando mais de 20% da receita de estacionamento da rua da empresa.

Para além das startups, também era possível visitar os stands da Samsung e da Sony, outros stands de realidade virtual, cardboard e Android Tango, e um outro muito engraçado que contava com vários modelos de telemóveis de empresas mais ou menos conhecidas, em que o factor comum era o Android. No entanto, exisitam várias diferenças, desde aplicações especificas da marca, interfaces diferentes e até inclusão ou não das aplicações da Google, mostrando assim toda a diversidade do mundo Android.

Após o final da pausa, voltámos às conversa com o papel das startups e programadores na revolução móvel, com Rodrigo Moreira Rato, MeshApp, José Aguiar, Thing Pink, João Dias, EMEL e Daniela Fontes, Mimicry Games, moderada por Inês Cruz da Silva, Google Portugal. Nesta conferência, todos falaram das suas experiências a nível das empresas e quais os desenvolvimentos futuros, uma melhor visão das dificuldades de criar startups e a forma como podem revolucionar o mercado.

De seguida, o presente e o futuro do móvel em Portugal e na Europa foi a debate. Com Tiago Flores, Head of Mobile Marketing, Samsung Portugal, Veronica Pestana, Head of Sales, Sony Mobile Portugal e João Pedro Lopes, Head of Corporate Affairs, JP Sá Couto, moderada por Pedro Félix Mendes, Portugal Territory Manager, Google Cloud. Aqui, cada empresa falou dos produtos actuais, das suas apostas e do que os diferencia das outras apesar de todos usarem Android. Falaram também do compromisso que tinham para com a plataforma e da importância da cloud.

Por fim chegamos a um ponto mais critico do dia, falando sobre Privacidade e Segurança no Android. Com Felipe Lora, Senior Program Manager, Identity, Privacy and Security team, Google. Aqui houve oportunidade de falar com grande detalhe sobre os mecanismos de segurança da plataforma Android. Destacando a segurança da Google Play em que todas as aplicações são verificadas, Verify Apps que constantemente analisa as nossas aplicações por praticas maliciosas, SafetyNet que protege a privacidade dos utilizadores procurando intrusões no sistema, Android Device Manager que permite saber onde o seu Android se encontrar e controlar o mesmo, entre outras medidas de segurança faladas. Cada vez mais o Android é uma plataforma segura, mas também cada vez é uma maior alvo de ataques maliciosos. Vivemos numa época em que a segurança é cada vez mais importante.

Para finalizar o Android Innovation Day, tivemos mais uma conversa com representantes da Hole19, da developer community de Coimbra e dos Açores, moderada por Pedro Miguel Oliveira da exame informática. Falou-se da grande falta de programadores Android sénior em Portugal e da facilidade de arranjar trabalho para quem tem conhecimentos de programação Android. Todos os participantes da concordaram que investir em aprender a programar Android pode abrir muitas portas para quem procura trabalho como programador, e que a comunidade de programadores android ainda é muito pequena quando comparada, com as comunidades de outros países, como por exemplo a Espanha.

E assim se finalizou um Android Innovation Day em Portugal, um evento diferente do que estava a espera quando recebemos o convite, mas muito interessante. Que acabou por me dar uma melhor perspectiva sobre o mundo Android.

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