Todas as histórias têm um começo, e a do Huawei P10 começa no início da segunda década do século XXI quando, em 2012, a Huawei lançou o Huawei Ascend P1. Agora que temos o extraordinário Huawei P10 Plus em mão, é impossível não traçar os seus genes para conhecer melhor o percurso que a Huawei percorreu até se tornar o que é hoje.
Se compraram um automóvel em 2012, é possível que ainda o considerem novo, mas um smartphone com seis anos é o equivalente da brilhantina: só o avô a usa. Pelo menos até ficar careca. E em 2012 o mundo era bem diferente. Nessa altura, as grandes marcas eram Europeias, e da China não saiam smartphones todos os dias. Muitos dos nomes que agora dominam o mercado eram apenas “marca branca” das operadoras Europeias.
Da China continental ninguém esperava um desafio sério a nomes como Samsung, HTC ou Motorola. Por então, quando o Huawei Ascend P1 nasce, a série P ainda estava longe de ser sinónimo de liderança de mercado. O caminho da Huawei trilha-se a partir daí e não foi fácil: por então, os fabricantes Chineses ainda não contavam com o favor dos consumidores ou das redes sociais.
A gama P da Huawei nasce assim antes dos fabricantes Chineses serem reconhecidos e quando ainda tinham que provar o que valiam. O sucesso da afirmação da série P da Huawei é, por isso, em larga medida a afirmação dos fabricantes Chineses, e a sua ascensão sobre os nomes tradicionais da tecnologia ocidental.
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Huawei Ascend P1
O Huawei Ascend P1 começou tudo em Janeiro de 2012. Não era o primeiro Ascend, mas foi o primeiro P, o primeiro da gama alta da marca Chinesa, e vários dos que são os principais traços da luxuosa gama P já se encontravam por ali.
A versão P1S reclamou desde logo o título de smartphone mais fino do mercado, com 6.68mm de espessura, e as linhas esbeltas jamais deixariam a gama P.
O Ascend P1 era fino antes de fino ser fixe, e tinha bateria fixa antes de aceitarmos isso.
As especificações do Huawei Ascend P1 eram boas para a altura, mas hoje impressionam pouco: o processador era um Texas Instruments OMAP4460, com apenas 1GB de RAM e 4GB de armazenamento interno.
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Huawei Ascend P2
Em 2013 chega o Huawei Ascend P2 e marca uma grande evolução face ao P1. É aqui que a linha P realmente começa a desenhar-se como a montra para o que a Huawei é capaz de fazer e inicia o caminho que veria a Huawei como uma das únicas marcas a possuir processadores próprios: o Huawei Ascend utiliza pela primeira vez um chip da HiSilicon.
Trata-se do HiSilicon K3V2 que substitui o dual-core da Texas Instruments por um quad-core com quatro núcleos ARM Cortex-A9. A RAM continua a mesma, mas o armazenamento interno triplica para 16GB.
O Huawei Ascend P2 tem inúmeros pontos a seu favor, desde o ecrã HD de 4.7 polegadas, ao modem LTE capaz de velocidades de 150Mbps, e à espessura de apenas 8.4mm.
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Huawei P6
Que aconteceu aos P3 a 5? Nunca saberemos, e a realidade é que, em 2013, poucos meses após o P2, a Huawei lança o cativante Huawei Ascend P6, um verdadeiro colosso de construção premium e dimensões compactas.
O Huawei Ascend P6 tinha um look decididamente Xperia, nome que por então ainda tinha um impacto importante, e apostava numa construção com moldura em metal e um painel em alumínio ewxovado na face traseira. Mas o seu principal argumento eram mesmo os 6,18mm de espessura, tornando-o o smartphone mais fino do mercado.
Com o seu chip HiSilicon K3V2E e 1GB de RAM, o Huawei Ascend P6 colocava-se na gama média, mas atrevia-se a trazer para o campeonato uma construção premium em metal, quando a concorrência se mantinha ainda no plástico. O mundo nunca mais seria o mesmo, na corrida aos smartphones de corpo em metal.
O Huawei Ascend P6 destaca-se ainda por ser o primeiro da série P a ser declinado em dois modelos, um com 16GB de armazenamento, o outro com 8GB. Em termos genéticos, o P6 é o ancestral dos P10 de hoje.
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Huawei Ascend P7
Se calhar falamos cedo demais naquilo da corrida aos smartphones de metal, porque em 2015 a Huawei lança o Huawei Ascend P7, com moldura de metal, mas um painel traseiro de vidro. Gorilla Glass 3, que na altura era o topo do topo. Com alguns dos concorrentes a recorrerem a plástico com opções questionáveis de estética, o Ascend P7 seria dos smartphones mais premium do ano.
O Huawei Ascend P7 foi o primeiro da série P a ter um chip Kirin, o Kirin 910, um octa-core com 2GB de RAM. Inovação na série, o Huawei Ascend P7 integrava slot de expansão para microSD.
Mas a maior evolução seria no ecrã, que pela primeira vez chegaria às 5 polegadas e resolução Full HD.
Mas não foi apenas isso que impressionou a crítica na altura. O Huawei Ascend P7 possuía uma bateria de 2500mAh – a mais potente da série até então – apesar de espessura de apenas 6.5mm.
Nas câmaras, o P7 fez escola, com um combinação de 13MP na câmara principal, e 8MP na câmara frontal, um combo que continuaria para o ano seguinte.
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Huawei P8
Em 2015, o Huawei P8 marca a maturidade da Huawei e faz escola, sendo a primeira vez que a gama P é declinada em três modelos.
Mas talvez o mais simbólico é a queda do Ascend no modelo. Em poucos anos, a Huawei cresce em qualidade e reconhecimento, e é já um nome que os consumidores conhecem. Estes já não necessitam do mais familiar Ascend para se identificarem, e a Huawei entra numa nova fase de branding.
A estratégia de lançar 3 versões (P8, P8 Max e P8 Lite) seria chave para um salto da Huawei em termos de venda: só o Huawei P8 Lite vendeu mais de dez milhões de unidades a nível mundial, em menos de um ano. O sucesso do Lite seria celebrado em 2017 com um muito actualizado Huawei P8 Lite (2017).
Além de uma construção de alto nível, o corpo do Huawei P8 cobria a câmara principal com uma lista de vidro que resiste até hoje com algumas evoluções. Embora as câmaras mantivessem a resolução do P7, a câmara de 13MP introduzia estabilização óptica de imagem. O ecrã crescia para as 5.2 polegadas e a bateria também, para os 2680mAh.
O Huawei P8 introduziria igualmente o Kirin 935, primeiro octa-core da marca, com oito núcleos Cortex-A53. Com isto, o Huawei P8 tornou-se on primeiro P com sistema operativo de 64 bits.
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Huawei P9
Se o Huawei P8 solidificou a Huawei como nome a levar em conta, o Huawei P9 de 2016 seria um game changer.
Nokia, Samsung, LG ou Sony: as marcas tradicionais reinaram supremas durante a década passada em termos de fotografia. Por comparação, as marcas emergentes da China continental continuam hoje em dia a lutar para chegar ao topo da qualidade fotográfica.
Em 2016 a Huawei fez assim um brilharete ao anunciar a mais ambiciosa parceria fotográfica no mundo dos smartphones, aliando-se à mítica Leica. Com os sensores Sony de qualidade reconhecida e a contribuição da Leica em software e nas ópticas, o Huawei P9 foi o primeiro smartphone da China continental a desafiar as marcas tradicionais em qualidade fotográfica. Mais, numa inovação que os fotógrafos aficionados saberiam apreciar, uma das câmaras era monocromática, e a app extremamente completa permitia controlo manual total e captura RAW.
Face ao Huawei P8, o P9 era um enorme salto geracional. O smartphone não só introduzia um leitor de impressões digitais, como o Kirin 955 era o primeiro SoC de gama alta da Huawei, acoplando quatro potentes Cortex-A72 aos económicos Cortex-A53.
Sólido, moderno, o Kirin 955 era o melhor chip da Huawei até então e deu à Huawei a potência e modernidade que marca necessitava para se afirmar na dianteira do mercado, tornando o Huawei P9 o melhor smartphone Huawei de sempre e mais um sucesso de vendas.
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Huawei P10
É fácil crescer em passadas sólidas, e a Huawei tinha atingido o seu auge com o Huawei P9. Em 2017, o seu sucessor teria que superar este triunfo e consolidar os seus grandes pontos.
O Huawei chega ao mercado anunciado em grande pompa durante o Mobile World Congress de Barcelona, introduzindo uma construção monobloco em metal, e tornando-se o primeiro Huawei da série P a ostentar protecção contra poeira e água. Mais importante, se a qualidade dos materiais se mantém alta, a ergonomia é certamente das melhores no mercado.
Desta vez a Huawei iria fazer do P10 a sua aposta fashion, aliando-se ao Instituto Pantone para introduzir as cores Greenery e Dazzling Blue.
Do ponto de vista tecnológico, o Huawei P10 troca o leitor biométrico capacitativo por um moderno ultrassónico multifunções que permite navegar pelo sistema com gestos e aumenta a resistência do smartphone a quedas e embates, ao se posicionar sobre um painel inteiriço.
Mas a maior inovação tecnológica do Huawei P10 está debaixo do capô e muitos nem se aperceberam dela: o Huawei P10 é o primeiro smartphone anunciado com compatibilidade com a tecnologia LTE Advanced Pro. As antenas 4×4 MIMO (multiple in, multiple out) garantem melhor capacidade de captação de rede e maior estabilidade, com menor latência. As antenas 2×2 Wi-Fi MIMO aumentam as capacidades Wi-Fi do smartphone e combinam-se com a tecnologia HiGeo de localização, para mais rápida localização geográfica do aparelho, facilitando a navegação auxiliada.
Se o Huawei P10 combina performance com elegância, o Huawei P10 Plus vai ainda mais longe. A versão de 5.5 polegadas introduz algoritmos fotográficos mais avançados com luz dinâmica cortesia da Leica, e as objectivas Leica Summilux-H possuem agora uma abertura de f/1.8, permitindo que 67% mais de luz entre no sensor, face aos f/2.2 do Huawei P10.
A câmara monocromática é agora de 20MP, tal como no Huawei Mate 9, e isso faz toda a diferença, com a riqueza tonal a preto e branco a mostrar-se algo sem precedentes em smartphones.
No painel posterior, a textura hyper diamond cut não só protege o Huawei das impressões digitais, como fornece uma superfície de excelente aderência que nos ajuda a não deixar cair o telemóvel.
O Huawei P10 Plus apresenta ainda colunas estéreo frontais e o primeiro ecrã 2K da família.
Diz-se que numa equipa vencedora não se mexe e, por isso, o Huawei P10 não é, face ao P9, a revolução que este foi face ao P8. Pelo contrário, melhora todos os pontos que tornaram o P9 uma referência, e consegue uma proeza ao equipar o Huawei P10 Plus com uma bateria de 3.750mAh num corpo com apenas 6,98mm de espessura. E a tecnologia SuperCharge carrega 85% desta capacidade numa hora.
O Huawei P10 é o presente da Huawei, o sétimo de uma linhagem que viu a Huawei passar de uma marca desconhecida a uma referência no mercado e a segunda marca mais vendida em Portugal.
Nenhuma marca está imune a dar um tiro ao lado. Que o digam a Nokia ou a Samsung, que sofreu recentemente um dos mais severos revezes com o Note 7. Ou a HTC, que foi incapaz de acompanhar a evolução do mercado.
A Huawei cresceu a um ritmo sólido enquanto, por uma razão ou outra, os seus concorrentes vacilavam. A Huawei, entretanto, procurava melhorar os seus dispositivos a cada geração, por vezes sendo até conservadora em alguns aspectos, e a série P acabou por ser a ponta de lança da ascensão da marca.
E o futuro, o que reservará à Huawei?