Não houve muitas dúvidas, desde o início, de que o embargo imposto pela administração Trump carecia de fundamento. Ainda assim, muitas empresas precipitaram-se a cumprir a ordem presidencial e cortaram o acesso da Huawei aos seus componentes. Agora, o embargo Trump começa a entrar em colapso à medida que diversas empresas voltam a negociar com a Huawei, à revelia da presidência, graças a um buraco legal que pode ser grande demais para mesmo Trump o tapar.
Primeiro foi a Micron ontem, e hoje o New York Times indica que outros fabricantes voltaram a fornecer componentes à Huawei, simplesmente porque aparentemente o embargo só se aplica a produtos com mais de 25% de componentes Americanos. Ironicamente, o embargo Trump pode levar a que as próprias empresas do país procurem reduzir a sua dependência de tecnologias nacionais.
Embora a administração Trump reconheça que empresas como Micron e Intel estão a voltar a fornecer a Huawei, o que fazer quanto a isso não é tão claro, já que seria uma questão de tempo até estes componentes passarem a ser comprados a outras empresas com largos milhões de dólares de prejuízo e impactos fortes na economia. A título de exemplo, a Huawei é o principal cliente da Micron e inúmeras outras empresas são particularmente expostas a quebras de vendas da Huawei.
Mesmo com este volte-face, muitas empresas Americanas já contabilizam os prejuízos e esperam quebras nos fornecimentos. O NY Times realça que muitas empresas simplesmente não compreenderam a letra do embargo e cessaram fornecimentos à Huawei por ignorância, esperando que fossem os advogados a resolver a questão. Tal não aconteceu somente nos EUA: a ARM Holdings, efectivamente uma empresa Inglesa, cessou relações com a Huawei, quando não fabrica nada nos EUA. Mais do que ter fundamento, o embargo da administração Trump mostrou-nos como muitas empresas são vulneráveis a alterações legais que não compreendem e como muitas agências internacionais supostamente imparciais não o são efectivamente. Os danos causados à actual rede de desenvolvimento e certificação tecnológicos podem ser enormes.