É mais um passo na guerra comercial entre EUA e China, e surpreenderá apenas aqueles que pensavam que o problema era a Huawei. Desta feita, o Departamento de Comércio o fabricante Chinês numa lista especial que obrigará a que todos os que queiram negociar com a SMIC a solicitar uma licença especial. Para a China, este novo assalto é muito mais grave do que o ataque à Huawei.
E é-o porque ameaça diretamente o maior fabricante Chinês de semi-condutores, o único que efetivamente já havia conseguido desenhar e fabricar um processador de forma independente, na forma do HiSilicon Kirin 710A. Mas, por mais “independente” que este processador seja, a indústria Chinesa continua quase totalmente dependente de software e hardware Americano para as maquinarias que efetivamente produzem os componentes dos chips aí fabricados.
O embargo à SMIC coloca por isso em causa a capacidade da China se tornar um fabricante independente de componentes eletrónicos. Para o governo Americano, é simples: existe um risco real e inaceitável de que a SMIC possa produzir chips para fins militares que ameaçariam a segurança dos EUA.
Os EUA têm ido mais longe, imiscuindo-se mesmo nos assuntos de outros países, como a ameaça velada a Portugal, ou uma mais óbvia pressão sobre o governo Holandês que impediu a ASML de licenciar os seus equipamentos de fotolitografia à China.
As dificuldades para a China podem ainda agora ter começado, mas fica aqui uma lição para a posteridade: depender de apenas um país é um risco que ninguém pode aceitar se quiser estar na primeira linha. A China terá muitos problemas em continuar a desenvolver-se tecnologicamente sob este embargo que poderá muito facilmente alargar-se a outras marcas e fabricantes, principalmente se Trump ganhar as próximas Presidenciais. Mas a própria Europa deveria olhar com cuidado para estes desenvolvimentos, já que o projeto Europeu não pode nunca ter realmente sucesso enquanto não passar de um animal de estimação dos EUA.