A energia solar e eólica têm recebido grande parte da atenção, mas produzir energia através da evaporação da água pode vir a resolver os nossos problemas energéticos no futuro, pelo menos em teoria.
Este método de produção de energia ainda se encontra numa fase bastante inicial. Ao contrário dos métodos de produção de energia através do sol e do vento, esta tecnologia de evaporação ainda não esta a ser comercializada nem vai ser num futuro muito próximo. A grande questão com que ficamos é, será que vale a pena explorar esta ideia? Para responder a esta pergunta cientistas escreveram um modelo para concluir se valia a pena, e prevêem que a energia potencialmente presente na evaporação é comparável com a do vento e do sol. Esta pesquisa foi publicada no jornal Nature Communications.
Para melhor perceberem as potencialidade desta ideia vamos dar um exemplo com base nos Estados Unidos. Admitindo que produziam energia por evaporação em todos os lagos e reservatórios de água, excluindo os Great Lakes no Midwest, era possível gerar 325 gigawatts de energia ou seja 2,85 milhões de megawatts/hora por ano. Isto é cerca de 70% de total de energia eléctrica gerada nos Estudados Unidos em 2015.
Uma das grandes vantagens da energia da evaporação face à do vento e Sol é que não está tão dependente do clima. Por outro lado, claro que é pouco provável que consigamos usar a água de todos os lagos, e o autor também revela que isto poderia afectar os recursos de água fresca. Contudo o documento sugere que a energia baseada na evaporação da água pode vir a ter um grande impacto no futuro.
Mas Afinal como funciona?
Imagino que já estejam a pensar, mas afinal como é que vamos produzir energia através da evaporação? O autor do estudo Ozgur Sahin, e biofísico na universidade de Columbia, elaborou pela primeira vez um mecanismo de evaporação num documento em 2015. Imaginemos que temos um material que muda de tamanho quando tem muita água dentro dele. Neste documento Sahin falava em esporos, que quando absorvem água ficam maiores e quando está calor e a água evapora, os esporos diminuem e ficam pequenos. Tendo isto em conta, se imaginar que os esporos funcionam como um músculo que contrai e relaxa, ligando um gerador, que produz energia através do movimento, é possível recolher a energia deste processo.
Este sistema de produção de energia idealizado pelo Sahin iria ficar a flutuar à superfície da água. À medida que a água entra no sistema, vai fazer com que os esporos mudem de forma, o que vai criar energia. Os esporos estão também ligados a um sistema que permite controlar a quantidade de água que é evaporada. Isto significa que se torna possível controlar quanta energia é gerada, ou até mesmo quanta energia é guardada e libertada ao longo do tempo, de modo a podermos criar energia de forma continua.
Um segundo protótipo
A mesma equipa também idealizou um modelo diferente, um moinho de esporos, onde parte esta num ambiente húmido e outra num ambiente seco. Quando ligado a pequenas rodas, o dispositivo alimenta as rodas usando a evaporação.
Apesar de estar entusiasmado com este projecto, ainda existem muitos passos a cumprir antes de este método ser posto em prática. Contudo a equipa já está à procura de materiais que permitam o fabrico para grande escala, e pretende testar o mecanismo numa porção de água muito maior, como uma piscina. Mas acredito que no futuro isto pode vir a ter um grande impacto, não nos podemos esquecer que a Terra é 70% água.
