Inovação. Algumas marcas usam o termo mais do que outras, com mais ou menos razões, mas num ano em que os smartphones se tornarão dobráveis e extremamente caros, a Meizu conseguiu surpreender-nos com o novo Meizu Zero, um smartphone como nunca vimos outro. Certo, temos um ecrã à frente, um painel atrás com câmaras e flash, mas este é o primeiro smartphone absolutamente sem botões físicos ou ranhuras de qualquer tipo. E com um design a condizer!

O Meizu Zero é desde logo um exercício em imaginação tecnológica e perícia técnica. A Meizu utiliza aqui um corpo monobloco de cerâmica que abraça o terminal até se encontrar com o ecrã e não possui qualquer interrupção para os tradicionais orifícios obrigatórios. Portanto, desde logo damos pela falta da porta USB para carregamento, sendo este exclusivamente wireless com 18W, enquanto que auscultador e altifalantes também desaparecem, substituídos pela tecnologia mSound 2.0 que recorre a vibrações no ecrã para emitir o som. Entretanto, como deverá ser a norma em poucos anos, o Meizu Zero abdica do cartão SIM tradicional e troca-o por um eSIM.

Mas, e os controlos físicos? A solução da Meizu é análoga à que já vimos implementada por HTC e Google: as laterais possuem áreas sensíveis ao toque que, se manipuladas, geram feedback e permitem controlar volume e bloquear ou desbloquear o dispositivo.

Esta opção facilita imenso a transformação deste dispositivo em algo impenetrável pela água e poeira. É sempre possível a um dispositivo com altifalante clássico acumular poeira nos seus orifícios, o que não acontecerá aqui, pelo que qualquer smartphone dentro deste conceito será menos propenso a desgastes causados por intrusão de líquidos e partículas. Mas, como funcionará o cancelamento de ruído que requer um segundo microfone?

Em termos de hardware, o restante é talvez sem surpresas: a Meizu indica um Snapdragon 845, um ecrã AMOLED de 6 polegadas com leitor biométrico incluído, câmaras de 12MP+20MP e Bluetooth 5.

Mas será realidade?

Eis o senão: o Meizu Zero é neste momento mais um conceito do que um dispositivo pronto para produção em massa. Para a Meizu, o problema reside no eSIM que não se encontra adoptado na China. Dito de outro modo, embora o eSIM já seja suportado por algumas operadoras em todo o mundo, é-o em cerca de 20 países e não na China (excepto Hong-Kong), pelo que não existe mercado e obviamente a Meizu não quer condenar o Meizu Zero a ser um nicho.

Se bem que em Portugal as operadoras já estejam a preparar a tecnologia, o Meizu Zero seria aqui um equipamento estritamente limitado a WiFi. Resta-nos torcer para que a tecnologia se desenvolva e o Meizu Zero chegue ao mercado. Seja como for, a Meizu publicita o smartphone como uma expressão do que serão as tendências do design do futuro e este tipo de smartphones parecem-me inevitáveis, com ou sem o Meizu Zero. Inclusivamente, nada impede os futuros smartphones dobráveis de chegarem sem ranhuras.

Algumas perguntas subsistem ainda assim: como será a qualidade do áudio via ecrã? É sequer prático confiar exclusivamente em carregamento wireless?

Inovação. Algumas marcas usam o termo mais do que outras. Algumas marcas não se limitam a usá-lo, mas colocam-no em prática. Muito bem, Meizu!

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