Os processadores são um dos componentes mais importantes, se não o mais importante, de um aparelho. Este nível de importância faz com que cada vez mais fabricantes queiram produzir os seus próprios processadores. São muitos os fabricantes que já o fazem, como por exemplo a Apple com a série A, a Samsung com o Exynos, a Huawei com o Kirin e agora é a vez da Xiaomi entrar na corrida com o Surge S1.
Vamos tentar explicar um pouco melhor qual a vantagem de ter um processador próprio, perceber o porquê da Xiaomi criar o seu e onde este se vai posicionar no mercado actual.
Processadores próprios, porque?
Fabricar os seus próprios processadores, tem várias vantagens, sendo que as principais a capacidade de ter um melhor controlo sobre as limitações do hardware a nível de processador dos seus aparelhos, permitindo assim optimizar o processador de forma mais eficiente para as tarefas que o mesmo realiza. Por outro lado, também permite destacar-se da concorrência com funcionalidades extras ou melhorias significativas sobre o que ela oferece.
Os processadores são cada vez mais complexos, e muitas vezes as maneiras de optimização dos aparelhos requerem abordagens diferentes a nível de hardware. Um fabricante que desenvolva o seu próprio hardware abre muitas portas para diferenciar o seu produto final.
Surge S1
O Surge S1 foi fruto de um trabalho de 28 meses de desenvolvimento, desde o seu planeamento até ao processo de fabrico. A Xiaomi sabe que este vinha enquadrar-se num mercado já muito competitivo, que não ia ser fácil, mas era um risco que estava disposta a correr. Foi um risco que correu, e sem o produto chegar oficialmente ao mercado para ser testado as primeiras informações apontam para uma aposta de sucesso da marca.
O Surge S1 é um octa-core de 64-bit, com base na já famosa tecnologia big.LITTLE, conta com 4 cores A53 de alto rendimento com um frequência máxima de 2.2 GHz e 4 cores A53 de elevada eficiência energética para as tarefas comuns, mais leves, do dia-a-dia, com uma frequência máxima de 1.4 GHz. A nível gráfico a Xiaomi decidiu incluir uma GPU de 4 núcleos Mali-T860, o que vai garantir uma excelente performance a correr a maioria dos jogos actuais.
Nas características mais técnicas temos a inclusão de um DSP de 32-bit de elevada performance, para melhor processamento da voz nas chamadas, e a capacidade de incorporar 2 microfones para redução do ruído, permitindo que a sua voz seja ouvida de forma mais clara. Um ISP duplo de 14-bit para melhorar as capacidades de processamento de imagem, tendo em conta que o algoritmos do ISP incluído no Surge permite melhorias de cerca de 150% na sensibilidade da luz das fotografias tiradas e dupla redução de ruído melhorando os detalhes das fotografias tiradas em condições de pouca luz. Também capacidade de suportar sensores de câmara até 36 MP e gravar videos 4K a 30fps, 1080p a 120fps e 720p a 240fps.
Em termos de RAM, o Surge S1 suporta canal duplo LPDDR3 a 933 MHz. Por outro lado a memória interna suportada é eMMC 5.0. Pode também contar com resoluções de ecrã até WQXGA (2560 x 1600). E a Xiaomi também teve o cuidado de implementar tecnologia de carregamento rápido 9V/2A.
A Xiaomi também incluiu um modem programável e actualizável via OTA que possibilita a funcionalidade das chamadas de voz VoLTE e mais segurança contra estações base fraudulentas. Sem esquecer também as diversas medidas de segurança a nível do Chip que foram implementadas.
Quais os concorrentes directos do Surge S1, e onde se vai integrar?
Depois de ficarmos a conhecer um pouco melhor este chip percebemos logo que não se trata de um processador de gama alta. É um processador de gama média quando algumas características que o pode fazer destacar-se um pouco da concorrência. No evento a Xiaomi apresentou alguns testes de benchmark realizados ao Surge S1 e à concorrência. Nós fomos um pouco mais longe e decidimos ver como se comportava contra outros, podem ver os resultados em baixo.
Da análise que fizemos achamos que vão ser estes os processadores contra qual o Surge S1 pode concorrer. Mas como os benchmarks não são tudo vamos agora analisar as especificações em detalhe.
Chip | Tamanho | CPU | Tempo de relógio | GPU |
---|---|---|---|---|
Surge S1 | 28 nm | 8x A53 | 4×2.2GHz + 4×1.4GHz | Mali-T860 MP4 |
Exynos 7880 | 16 nm | 8x A53 | 1.9GHz | Mali-T830 MP3 |
Snapdragon 625 | 14 nm | 8x A53 | 2GHz | Adreno 506 |
Mediatek P20 | 16 nm | 8x A53 | 2.3GHz | Mali-T880 MP2 |
Kirin 650 | 16 nm | 8x A53 | 4x2GHz + 4×1.7GHz | Mali-T830 MP2 |
O Surge S1 tem algumas desvantagens em relação a alguns processadores a tabela a cima. Analisando a mesma podemos perceber que uma delas é o processo de fabrico do processador da Xiaomi. O mesmo já foi ultrapassado pela concorrência que significa que vai ter uma eficiência energética muito inferior. Outra é o facto de não suportar as ultimas gerações de memória interna como a eMMC 5.1, que a grande maioria já oferece, ou USF 2.0/2.1. Uma memória interna de maior velocidade pode influenciar bastante a fluidez e velocidade do aparelho. Por último temos a memória RAM que ao contrario do processador da Mediatek e Samsung, só suporta LPDDR3 e não a ultima versão LPDDR4.
Por outro lado a escolha num GPU de uma geração mais recente e 4 núcleos mete o muito à frente da concorrência em termos gráficos. Ao nível da câmara, apesar das melhorias vai ter uma tarefa difícil a concorrer com a Samsung e a Qualcomm. Ambos os fabricantes têm tido muito sucesso nos seu hardware e software ao nível da câmara. As melhorias de fast charging e ao nível da voz permitir estar a par com a grande maioria da concorrência.
Depois de analisar todos os pros e contra, penso que a Xiaomi conseguiu desenvolver um primeiro processador bastante consiste, que vai concorrer com a maioria dos processadores de gama média / média alta. O teste real vai ser quando os modelos equipados com este processador chegarem e forem verdadeiramente postos à prova, mas no papel deixa a concorrência atenta, pois podemos vir a contar com mais um concorrente de peso.
Especificações
- CPU Octa-core 64-bit (4xA53 cores 2.2GHz + 4xA53 cores 1.4GHz)
- Processo de fabrico de 28nm
- GPU quad core Mali-T860
- Tecnologias de compressão de imagem AFBC + ASTC
- DSP de alta performance 32-bit para processamento da voz
- ISP duplo de 14-bit
- Capacidades de melhoramento de processamento de imagem
- Melhorias de 150% na sensibilidade da luz devido ao algoritmo do ISP
- Algoritmos de redução dupla do ruído e preservação dos detalhes da imagem em ambientes de pouca luz
- Modem programável
- Funcionalidade de updates via OTA
- Suporte video e chamadas de grande qualidade via VoLTE
- Segurança ao nível do chip
- Arquitectura TEE, implementação completas das medidas de regulamentação de segurança.
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