Se podemos ter tudo, escolhemos tudo, mas um smartphone com esse tudo custa-nos bem o equivalente a dois salários mínimos nacionais. Esse é, por isso, um patamar ao qual não queremos muitas vezes chegar. Em alternativa procuramos um smartphone prático, capaz de satisfazer a maioria das nossas necessidades diárias e que tenha ao mesmo um design que não nos envergonhe, tarefa por vezes impossível abaixo dos €200. O Hisense Infinity H11 Lite é assim uma boa surpresa neste segmento de preço.
Ficha técnica
- Processador: MediaTek MT6737T Quad-core a 1.5GHz
- Memória: 2GB de RAM, 16GB de armazenamento interno;
- Câmara principal: 13MP;
- Câmara frontal: 5MP com flash;
- Ecrã: 5.99 polegadas HD+
- Sistema operativo: Android 7.0 Nougat
- Bateria: 3,400mAh;
- Conectividade 4G: sim;
- Leitor de impressões digitais: sim
- Rádio: sim
- NFC: não
- Bluetooth 4.2
- Carregamento rápido: não
Na caixa
Geralmente não abordo muito o que vem na caixa, porque raramente esperamos encontrar alguma coisa na caixa. Aqui vale a pena, porque a Hisense foi bastante generosa para os utilizadores e, além dos auscultadores básicos, oferece-nos uma capa protectora de silicone e uma película rígida para protecção do ecrã.
Idealmente, todos deveriam ter este nível de consideração pelo utilizador, mas na prática nem nos topos de gama há esse pequeno gesto. A Hisense foi mais longe e, com isto, aumentou significativamente o valor do pack completo, tendo em conta que temos um equipamento de metal em mãos, que poderia de outro modo ser arranhado ou amolgado.
Design e construção
Como o nome Infinity poderá indicar, o Hisense Infinity H11 Lite pertence à mais recente leva de smartphones da Hisense com ecrãs de 18:9. Praticamente todas as marcas estão a correr atrás desta tendência máxima de 2018, mas a Hisense é das poucas que parece estar a fazê-lo realmente bem: o ecrã de 5.99 polegadas possui laterais relativamente modestas e os lábios superior e inferior são aceitáveis para este segmento. Isto significa que o Hisense não é particularmente grande para o ecrã que tem, com dimensões razoavelmente idênticas à de um Huawei Mate S com ecrã de 5.5 polegadas.
A face traseira, no entanto, é infinitamente mais interessante. O design é minimalista e fundamentalmente limpo, com uma traseira de metal com recortes para as antenas no topo e base. As linhas são discretas e apenas arredondadas nas extremidades, com câmara e leitor de impressões digitais centrados.
O design resultante é esbelto e compacto, parecendo sólido na mão sem sinais de distorções ou deformações nos materiais. Os acabamentos são decididamente irrepreensíveis e o Hisense Infinity H11 Lite será dos melhores equipamentos do seu segmento neste campo.
Ecrã
Big is better. Certo? Em termos de ecrãs de smartphones, sem dúvida, e o painel de 5.99 polegadas é obviamente um dos grandes argumentos do H11 Lite, com grande potencial para aqueles que gostam de assistir a algumas séries a caminho da escola e trabalho, ou que preferem ler os seus eBooks. As dimensões são ideais para estas actividades, mas a resolução é meramente HD, pelo que não podemos esperar detalhes extremamente refinados.
Ainda assim, o painel é de boa qualidade, não fosse a Hisense uma especialista nos televisores, e mostra-nos níveis razoáveis de luminosidade e contraste, não sendo impeditivo na sua utilização sob luz solar.
Experiência de utilização
A performance do Hisense Infinity H11 Lite é um ponto onde temos uma surpresa positiva, já que embora o hardware seja algo contido, a performance não sofre em demasia de soluços demoras, tendo em conta que estamos na presença de um quad-core. Existe, obviamente, um lag na abertura das apps que os habituados a equipamentos mais potentes irão notar, mas quem chega de um feature phone ou de um equipamento mais fraco irá certamente apreciar o que lhe é oferecido.
Os jogos menos exigentes correm à vontade e temos algum espaço de manobra para shooters, mas sem exageros. Temos até algum espaço de manobra para jogar PUBG, mas aqui o equipamento já começa a atingir os seus limites e mostra bastante hesitação nos fps, mas Guns of Boom corre sem problemas e o jogo é tão dinâmico quanto interessante do ponto de vista gráfico, pelo que não nos faltam oportunidades de bom gaming neste dispositivo que não se limita aos jogos mais básicos.
A interface permite-nos “brincar” pouco com as configurações, e há que realçar aqui que o launcher é o Launcher 3, antecedendo o Pixel Launcher e que tem um visual decididamente datado, além de ainda nos chegar com algumas apps as apps mais antigas da Google, obviamente menos refinadas que as presentes nas versões mais recentes. Falta-lhe por isso algum do requinte e modernidade do mais recente design da Google, mas funciona sem falhas de maior. A Hisense não se esqueceu, por exemplo, de permitir ao utilizador esconder a barra de navegação do ecrã, aumentando a área activa disponível para jogos, filmes ou livros.
Outro ponto onde a Hisense se sai bem é nas actualizações. O dispositivo conta com o patch de segurança de Abril, o que não está mau, num mundo em que as marcas apostam em actualizações trimestrais.
Face ao hardware pouco exigente, não é surpreendente que a bateria de 3,400mAh bata muitos flagships em termos de autonomia (com a excepção de equipamentos como os BlackBerry KEYone e Key2 ou o Huawei Mate 10 Pro). Em conjunto com o ecrã de dimensões generosas e de qualidade muito aceitável, o Hisense parece-me uma boa opção para quem gosta de ler os seus eBooks descansado sem andar com um tablet atrás. A bateria de 3,400 permite-nos ler o dia todo e foi mesmo como leitor de eBooks de recurso que me deu mais prazer utilizar o Hisense.
Fotografia
A fotografia do Hisense Infinity H11 Lite é outro aspecto positivo, já que as imagens mostram-se bem conseguidas e os resultados são muito aceitáveis em boa luz. A verdade é que a câmara chegará bem para a fotografia quotidiana e é justo dizer que o fotógrafo casual não se sentirá desiludido. Os detalhes são, justos e a exposição correcta, para este segmento de preço, se bem que os detalhes sejam algo borrados e a câmara não fuja às aberrações cromáticas nas zonas de alto contraste.
A app é limitada pela sua antiguidade e falta de opções avançadas. É igualmente lenta e o processador não ajuda, já que carece de um bom ISP. O resultado aqui é que o HDR é particularmente lento ao ponto de ser inútil, demorando o suficiente a ser processado para que um ligeiro tremor nos deixe imagens sobrepostas. Ou temos um bom pulso, ou mais vale usar a fotografia normal, infelizmente sem possibilidade de controlos manuais que permitam extrair mais prazer da experiência fotográfica.
Conclusão
Para o preço praticado, e que ronda os €150, o Hisense Infinity H11 Lite destaca-se certamente pela aposta num design forte e excelente qualidade de construção, numa era onde muitos smartphones se parecem uns com os outros. Quem procurar um equipamento com funcionalidades básicas, mas não estiver disposto a abdicar de design e robustez de construção, o Hisense Infinity H11 Lite tem poucos rivais à altura no seu preço. O seu ecrã amplo é certamente uma vantagem para produtividade e leitura de documentos.
Acima de tudo, o Hisense Infinity H11 Lite oferece uma experiência Android sã e muito razoável para os utilizadores casuais que tirarão amplo benefício da sua bateria mais do que generosa. Esta proposta pode, ainda assim, ser prejudicada por uma aposta em hardware já antiquado e software já longo em idade que carece dos maiores refinamentos das versões mais recentes do Android e de uma mais profunda capacidade do utilizador para configurar ao seu gosto o dispositivo. A Hisense enfrenta hoje uma concorrência cerrada, repleta de smartphones com as mais recentes versões do Android, um ponto que os consumidores exigem cada vez mais, e fará bem em não se deixar ficar para trás nesta corrida.