O HP Elie Folio é um portátil num clube muito pequeno de dispositivos especiais pela conectividade e autonomia, que alia um design excecional à eficiência energética de um processador Snapdragon. É uma solução relativamente nova que ainda tem de fazer as suas provas de rodagem no mercado de consumo dominado pela Intel e AMD, mas é precisamente com equipamentos como o Elite Folio que a plataforma Snapdragon mobile convencerá o mercado.

Afinal, este portátil alia uma engenharia inteligente a uma autonomia impressionante, mas também uma experiência de utilização do mais agradável que poderão encontrar no mercado. Todavia, não é um equipamento perfeito, em virtude das fragilidades do seu sistema operativo.

Design impecável

O design é a parte por onde geralmente começo ao abordar um equipamento e, no caso do Elite Folio, é mesmo imperativo começar por este ponto. Este é dos portáteis mais bem desenhados e elegantes que vão encontrar no mercado. Em cada traço dá para perceber que a HP quis ser convincente nas qualidades do equipamento que pontua por um perfil esguio e linhas muito limpas, com laterais em chanfra e um encaixe impecável dos componentes.

O chassis é inteiramente em metal, com uma sensação tátil extremamente agradável e bem rematada. Porque o Snapdragon não necessita de qualquer refrigeração ativa, a HP conseguiu manter as espessuras do ecrã e do teclado em mínimos, sem orifícios de refrigeração que estraguem estes perfis.

De relevo, a HP inclui uma caneta ativa que, ao contrário de outros equipamentos, tem sim uma doca muito bem colocada logo abaixo do teclado, o que maximiza a segurança por comparação às soluções de acoplamento magnético em que a caneta fica simplesmente encostada a uma superfície exterior. Nesta mesma doca, numa das extremidades, encontra-se a bandeja para o cartão NanoSIM que nos permite aceder a conectividade 4G/5G em qualquer localização, um gande trunfo do Elite.

Outro dos seus trunfos é, obviamente a engenhosa dobradiça dupla que segura o ecrã. Os movimentos são suaves e o ecrã permanece na posição desejada sem descair para qualquer um dos lados, ao mesmo tempo que se movimenta com grande facilidade. O ecrã tem rebordos muito modestos, exceto no topo, onde aloja uma câmara HD com obturador manual para aumentar a privacidade.

A conectividade física é inesperadamente reduzida num formato de corpo tão compacto, mas a HP inclui apesar disso duas portas USB-C, jack de áudio e leitor de cartões SD.

Ora, a HP quis dar um toque extra de elegância e prestígio ao HP Elite Folio e, por isso, envolveu este maravilhoso chassis de metal numa cobertura de pele muito agradável ao toque e oferece obviamente proteção extra contra embates e raspagens. Tenho alguma curiosidade em perceber como aguentará esta capa alguns anos de uso, aberturas e ajustes do ecrã, mas considerando que esta é uma unidade de testes que já passou por outras mãos, o revestimento está francamente novo.

Com este acabamento, é preciso ainda dizer que o toque do Elite Folio é soberbo.

Um ecrã de capacidades únicas

O rasgo de brilho da engenharia por trás do HP Elite Folio mostra-se plenamente no seu ecrã. Os conversíveis tradicionais mobilizam uma dobradiça de 360º, enquanto o Folio optou por uma muito interessante solução de puxar para a frente. Este ecrã levanta-se e o seu suporte dobra-se a meio, permitindo-lhe repousar em tenda dobre o teclado, com algum magnetismo a mantê-lo em posição.

Mas, continuando a puxar-lhe pela base, o ecrã acaba a repousar sobre o teclado como um tablet normal. Esta configuração tem inúmeras vantagens, desde logo porque podemos continuar a usar o trackpad em modo de tenda, mas também porque em modo tablet não ficam expostas as teclas. Finalmente, é muito mais ágil colocar este ecrã novamente em posição por comparação a uma dobradiça normal.

O ecrã propriamente dito tem resolução 1920×1280 e rácio de 3:2, o que lhe dá um perfil bastante alto por comparação aos mais comuns ecrãs 16:9. Se gostam de trabalhar com apps lado a lado não é tão fantástico, mas para produtividade em editores de texto e web, é fantástico pela área vertical. Em conjunto com a caneta ativa, o Elite Folio pode ser um tremendo equipamento para desenho e produtividade, já que a caneta Wacom tem 4096 pontos de pressão e também deteta inclinação.

Este ecrã é declinado em duas versões, uma com 400 nits de brilho e sem o Sure View e uma versão com Sure View, mais luminosa. Foi esta última versão que recebemos e parece um ecrã com méritos. Na minha espera pós-vacina, o Folio foi a minha companhia no exterior e a legibilidade era mais do que suficiente, embora com sol mais direto possa sofrer. O ecrã tem boas cores e contrastes, mas o Sure View, ao favorecer a privacidade, limita obviamente os ângulos de visão, criando alguns artefactos quando a inclinação face ao rosto não é a ideal.

Em compensação, o áudio cortesia da Bang & Olufsen é surpreendentemente bom. Com a espessura do chassis, não parecia que a HP conseguisse lá enfiar muito hardware, mas as duas colunas frontais têm um som muito nítido que carece apenas de alguns baixos, normal em colunas viradas para cima. As reuniões via zoom são fáceis de ouvir e não há, do outro lado, problemas em sermos percetíveis.

Teclado e trackpad

Bom, decididamente dois pontos fortes do HP Elite Folio. Apesar da espessura mínima do chassis, o HP Elite Folio conta com teclas com 1.3mm de distância de atuação, um valor relativamente elevado e que contribui para um teclar confortável e correto, com as teclas a transmitirem uma solidez muito HP, sem oscilações e com movimentos seguros. São algo mais duras do que podemos estar habituados em equipamentos empresariais de gama alta, mas apenas marginalmente e rapidamente me habituei. Outra vantagem é que o teclado é razoavelmente espaçoso, com teclas de tamanho normal e bem intervaladas: as mãos ficam simplesmente numa posição confortável para teclar, sem gestos forçados ou fadiga. Tudo somado, o teclado é plenamente satisfatório.

Logo abaixo, o trackpad funciona de forma irrepreensível. Tem uma área muito razoável e responde bem aos toques, sem ações em falso, que é o que se quer.

Performance e experiência de utilização

Pois bem, este é o primeiro portátil anunciado com o Snapdragon 8CX 2 Gen. O primeiro Snapdragon 8CX, anunciado em 2019, foi o primeiro processador ARM desenhado de raiz para computadores portáteis, e esta segunda geração traz melhorias a todos os níveis. Claro que temos de nos perguntar como se comporta esta criação da Qualcomm, obviamente mais associada aos smartphones, principalmente em comparação com ultraportáteis empresariais com processadores Intel ou AMD.

A verdade é que, estando nós perante Windows on ARM, ainda mais a 32 bits, a diferença será entre as aplicações nativas ARM e as emuladas. Poderemos esperar uma quebra de performance com estas últimas, por isso se quiserem maximizar a performance deste portátil terão de escolher bem o que querem em termos aplicacionais. A vantagem é que as aplicações da própria Microsoft já existem em versões ARM nativas e isto inclui o Office e o excelente Edge que terá aqui vantagens de processamento sobre o Chrome.

Portanto, dependendo do tipo de software de que precisam, um Windows on ARM pode não ser para já a melhor opção, mas se – como eu – convivem principalmente com browsing, emails, Office, o HP Elite Folio cumpre bem as espectativas. As prestações são muito boas globalmente. Poderíamos ter dúvidas quanto ao que um processador ARM é capaz de fazer num Windows, e a verdade é que é capaz de fazer uma quantidade razoável de coisas, mesmo que o caminho seja ainda muito longo a percorrer por parte da Microsoft que chega tarde a um jogo que a Apple já dominou na perfeição.

A performance está acima do que alguns poderiam esperar ao abordar um portátil com plataforma Snapdragon e as aplicações de Office, Zoom ou Teams correm sem qualquer tipo de problemas, sem chegar a ser uma experiência tão fluída quanto num Intel Core, por exemplo. A verdade será que nesta utilização quotidiana nem sequer nos apercebemos que estamos perante um equipamento não Intel, e trabalhar com o Folio é uma delícia, em virtude da sua engenhosa dobradiça e ecrã, solidez e teclado.

O sistema a 32 bits tem, claro, as suas limitações em termos de compatibilidades. O processamento, suficiente para tarefas básicas, começa a mostrar limites quando puxamos algo mais pelo portátil e – por exemplo o Asphalt 9 Legends – corre mal, mesmo com os gráficos no mínimo. Surpreendentemente, diga-se, porque é um jogo ao alcance de qualquer smartphone de gama média ou portátil de €500. A utilidade do Elite Folio fica assim algo comprometida perante os que necessitam de fazer algum trabalho pesado ou vão mesmo utilizar aplicações de 64 bits.

Em troca, a conectividade é impecável. Um cartão nanoSIM encaixa-se numa das extremidades da doca da caneta. Ficam a saber aqui onde está, porque não é exatamente fácil de detetar a ranhura, apesar do autocolante adjacente. Com o cartão aí, o Elite Folio está pronto para funcionar em qualquer momento, em qualquer local, sem caça às redes abertas ou à utilização do telemóvel como hotspot. Obviamente que a Qualcomm percebe algo de conectividade celular, e não tenho nada se não coisas boas a dizer deste ponto do Folio.

A utilização do HP Elite Folio é por isso favorecida fundamentalmente pela dobradiça inteligente, excelente teclado e longa disponibilidade da bateria, tudo equilibrado com um peso muito aceitável para as suas capacidades e conforto que transmite. Ao conhecermos o potencial deste equipamento e, tendo necessidades que vão ao encontro das suas virtudes, o Folio é um computador muito agradável de utilizar.

Autonomia

Eis o argumento mais impressionante do HP Elite Folio: a autonomia. Com o Snapdragon 8cx Gen 2 a bordo, o Folio não se fica pelas promessas e não é de todo descabido vermos uma autonomia de 14-15 horas de utilização normal, ou seja, com vídeo, documentos, reuniões online, edição de texto. A minha utilização normal será de perto de 12 horas contínuas, mas a autonomia em standby é bastante boa, daí que com paragens pelo meio do trabalho as 15 horas de disponibilidade sejam atingidas.

É um valor impressionante para um equipamento relativamente leve, com uma bateria modesta de 46Wh. A HP promete até 24.5 horas de playback de vídeo, e isso é ainda mais extraordinário. Não consegui exatamente chegar a esse ponto, mas em modo de poupança de bateria, com o ecrã com baixo brilho é certamente viável e mesmo as aproximadamente 12 horas que consegui, sem praticamente ligar a poupança de bateria, é superior ao que encontrarão no mercado. O carregador de 65W dá-nos depois a possibilidade de carregar a bateria em apenas um par de horas.

Conclusão

O HP Elite Folio é um portátil inovador e extremamente ambicioso. A sua genética vai até à fórmula de metal e pele estreada pelo já distante Spectre Folio, melhorando a fórmula até se tornar um equipamento absolutamente fascinante. O HP Elite Folio atrai o olhar mal nos apercebemos da sua cobertura de pele vegan e torna-se instantaneamente fascinante quando o abrimos e apreciamos a pureza das suas linhas, a solidez do chassis e o prodigioso ecrã posicionável. É o portátil ideal para trazer para o mercado a plataforma Snapdragon, porque vai seduzir-nos antes sequer de chegarmos até ao hardware.

Sem dúvida ou exagero, é dos portáteis mais excitantes que podemos utilizar. A combinação de design com funcionalidade torna um prazer trabalhar com este equipamento. Temos um teclado entre os melhores do segmento, uma stylus que não se perde porque está bem protegida na sua doca, e um ecrã que tanto se usa tradicionalmente, como em tenda ou em modo tablet com muita mais desenvoltura que uma dobradiça 360º normal. A sua autonomia elevada acaba de nos convencer: instintivamente sabemos que este portátil pode ir connosco para qualquer lado, inspirar-nos em qualquer local, com a pele a transmitir-nos uma sensação adicional de segurança contra desgastes.

Mas, se procuram um ultraportátil empresarial com capacidade de encaixe para tarefas mais pesadas, o Windows on ARM a 32 bits ainda tem muito que evoluir em termos de compatibilidade e performance. Com um Intel Core ou um AMD Ryzen e Windows standard, este seria um ultraportátil perfeito. O calcanhar de Aquiles do HP Elite Folio acaba por ser assim o seu preço extremamente elevado para uma performance distante de outros equipamentos da HP neste segmento de preço. Para apreciarem verdadeiramente o Elite Folio têm de necessitar das suas capacidades muito específicas, incluindo autonomia e conectividade irrepreensível, mas o seu custo-benefício não é encorajador.

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