Os computadores de gaming não são dos mais baratos num mundo em que os computadores não são de todo baratos. Os gamers são, no entanto, uma espécie exigente, e um portátil de gaming é suposto ter muito “bling” por cada Euro: de iluminação RGB em todos os ângulos possíveis, a teclados RGB programáveis e ecrãs rápidos. E neste campeonato, ninguém bate os Legion by Lenovo, peças de competição ambiciosas com design marcante e especificações de fazer salivar qualquer um.

Contudo, recentemente temos visto também uma tendência para experiências de gaming mais puras, com computadores que oferecem o núcleo duro das especificações de um portátil de gaming, nomeadamente um poderoso binómio processador/GPU, munidos de sistemas de refrigeração evoluídos, sem gastar demasiado tempo em luxos. Foi para este campeonato que a Lenovo lançou a família LOQ, com um design decididamente gamer, mas de certa forma frugal. O mais recente LOQ 15 abdica por isso da iluminação RGB e da construção em metal, para apostar forte no desempenho gráfico com uma potente RTX 4060. O resultado é um gamer sólido a preço acessível.

Especificações técnicas (como testado):

  • Processador: Intel Core i7-13620H
  • Ecrã: 15.6″ IPS 1920×1080, 144Hz, 45% NTSC
  • Armazenamento e memória:512GB SSD, 16GB RAM
  • Gráfica: NVIDIA GeForce RTX 4060
  • Portas: 1 x USB-C, 2xUSB-A 3.2, HDMI 2.1, ethernet
  • Autonomia: 60Whr
  • Peso: 2,4Kg
  • Dimensões: 35.96 x 26.48 x 2.21cm

Plástico com estilo

Em comparação com alguns dos melhores Legion no mercado, o Lenovo LOQ 15 marca passo em relação aos materiais, já que abdica por completo dos componentes em metal para um fabrico inteiramente em plástico. Mas bem feito ainda assim, com um recorte angular em direção aos cantos na porção frontal, para não ser totalmente um retângulo.

O plástico tem um acabamento algo metalizado, disfarçando bem o material e, apesar deste, o LOQ 15 parece razoavelmente sólido, sem se livrar totalmente de alguma flexibilidade e ruídos parasitários. Atrás, a Lenovo colocou dois grandes radiadores agressivos, com barbatanas rematadas em azul para um look mais desportivo. É entre estes dois radiadores que se encontra a maior parte das conexões físicas, como bem deve ser num equipamento de gaming: especificamente, contamos com duas portas USB-A 3.2, uma porta HDMI 2.1 port, entrada Ethernet, jack, e ainda a porta de carregamento.

Portanto, é nos pequenos detalhes que se podem observar cortes para manter o preço controlado, já que não há uma Thunderbolt 4 a bordo. Há apenas uma porta USB-C numa das laterais, autorizando carregamento a 140W e saída de sinal para um monitor externo via DisplayPort 1.4. A outra lateral inclui uma USB-A 2.0, no que é um setup de conectividade completo, mas básico. Não consegui carregar periféricos via a porta USB-C, por isso fica o alerta.

Uma coisa boa no LOQ 15 é definitivamente o teclado espaçoso e herdado dos Legion, com a grande diferença de ter uma iluminação estritamente branca. Não há RGB de qualquer tipo, nem por zonas, exceto como opcional. Mas, temos que nos lembrar que o objetivo aqui é a experiência core de gaming e, quanto a isso, o teclado alfanumérico bem colocado e a presença de teclas direcionais de tamanho completo são argumentos muito sólidos.

A construção de plástico tem, dois inconvenientes: por um lado, a rigidez do chassis não é a mesma que a de um portátil em metal. Por outro, o Lenovo LOQ 15 não é exatamente um portátil leve. Mas, com o seu look inspirado nos Legion de gama alta, o LOQ 15 tem um design inegavelmente bem conseguido que marca a diferença face a concorrentes mais insípidos.

Última nota, a Lenovo indica que este equipamento tem certificação MIL-STD-810H. Inegavelmente impressionante para um equipamento de plástico.

Áudio e ecrã: contidos

Como equipamento que se posiciona num segmento budget, o Lenovo LOQ 15 apresenta um setup estéreo com branding da Nahimic e um ecrã em que aposta forte na velocidade: é uma unidade IPS FHD de 15.6″, com o principal destaque a serem os 144Hz de taxa de atualização.

Na prática, este é um bom ecrã, se bem que não surpreenda. O desempenho é bom quanto a movimentos e qualidade dos movimentos, diga-se com todas as letras, mas o painel não é particularmente expressivo com os seus 45% NTSC. Passaria bem num portátil polivalente, mas para jogos não oferece totalmente aquela exuberância de cores e contrastes que queremos nas nossas sessões e um monitor externo pode mesmo ser a melhor opção.

O áudio acompanha o desempenho mediano do ecrã. Estamos a falar de speakers de 2W com pouca profundidade, detalhe razoável, mas falta de força nos graves, que não fazem toda a justiça ao detalhado sonoro de muitos jogos.

O ecrã exibe igualmente uma webcam 1080p, mas… esqueçamos a webcam. Como em muitos portáteis de gaming, parece mais uma consideração secundária e não oferece uma imagem particularmente nítida ou expressiva.

Experiência de utilização: força bruta reconfortante

A questão é mesmo esta: a experiência. É aqui que a Lenovo joga as suas principais cartas. O Lenovo LOQ 15 não vai acender-se como uma árvore-de-natal RGB, mas o que nos oferece em termos de garantias de desempenho sólido para os nossos jogos preferidos? War Thunder e World Of Warships são, como é costume, os meus principais go to, dando uma noção muito clara de como correrão a maior parte dos jogos com exigências gráficas elevadas, sem entrarmos exatamente em território AAA e no tipo de jogos que queremos mesmo ter o melhor possível do mercado.

A combinação de processador/GPU no nosso modelo é definitivamente capaz. Um potente Intel Core i7-13620H junta-se a uma NVIDIA GeForce RTX 4060, 16GB de RAM e 512GB de armazenamento interno SSD, para um setup que oferece um núcleo duro de processamento capaz de dominar a maioria dos jogos de topo atualmente no mercado. Graças à presença da NVIDIA DLSS podemos usufruir de bons framerates, e com o Lenovo Vantage podemos puxar ainda mais pelo sistema, graças às diversas possibilidades de overclocking e reforço da robustez da rede.

Acima de tudo oferece uma excelente relação custo-benefício, ao potenciar gaming ágil, mas também produtividade e criação de conteúdos, para uma utilização relativamente polivalente. Por comparação aos pesos-pesados do mercado, armazenamento e RAM poderiam ser mais generosos, mas… quem estou a enganar? Não por este preço. Os benchmarks contam bem a história; o desempenho está no topo do que podemos esperar com estas especificações e por este preço, mostrando que o LOQ entra com tudo no desempenho.

Em destaque, os testes de stresse poderão ser reveladores, quanto à capacidade do LOQ 15 de manter um desempenho de topo por períodos longos. 99.5% sem sinais particulares de quebra de desempenho é obra. O que se pode obviamente dizer é que o desempenho é excelente para este valor, abrindo portas a uma utilização muito exigente e polivalente sem nos limitarmos a gaming e sem sofrimento.

Isto porque a refrigeração deixa ótima impressão, com as duas ventoinhas a debitarem ar em quantidade sem se tornarem intrusivas. Continua assim o foco num desempenho excelente para o preço.

Um ponto indiscutivelmente positivo no LOG 15 é o excelente teclado. Surpreendentemente excelente na verdade, não para a Lenovo que percebe de teclados, mas para um portátil de budget. As teclas têm uma distância de atuação de 1.5mm, são relativamente silenciosas e oferecem uma sensação tátil muito limpa e espevitada. O teclado é dos melhores pontos deste portátil, abrindo obviamente portas para uma utilização bem polivalente.

Por outro lado, a autonomia é – como na generalidade dos portáteis de gaming – modesta, com 3h20min de bateria nos testes do Procyon com ferramentas Office. Isto significa que poderemos obter mais uma hora ou duas com ajustes aos consumos e num cenário menos exigente do que trabalho pesado no Word ou Excel, mas não estamos perante um maratonista.

Conclusão/recomendação

Como equipamento budget, o Lenovo LOQ 15 faz alguns compromissos perfeitamente compreensíveis para manter o seu preço sob controlo. A construção é totalmente de plástico, falta-lhe a exuberância RGB típica dos portáteis de gaming, a autonomia é extremamente limitada e o ecrã é básico, apesar de pelo menos ser rápido.

Mas há igualmente argumentos fortíssimos a favor do LOQ 15: o custo-benefício é excelente, se pensarmos na capacidade do hardware a bordo, oferecendo-nos uma base com bastante potencial para encaixar a maior parte dos jogos com dignidade. Ao juntarmos a isto um teclado francamente surpreendente, o LOQ 15 é um excelente portátil para jogos, mas também para trabalho ou estudos pesados que necessitem de um processador pujante. O ecrã certamente chega para tudo o que não forem trabalhos gráficos profissionais.

Olhando para o alinhamento LOQ 15, a Lenovo tem certamente algumas apostas muito interessantes, com modelos com Intel Arc a começar nos 989,01€, ou um com RTX 2050 ainda mais barato, por 849,16€. Não têm de passar dos €1000 para uma máquina de jogos com potencial para utilização quotidiana, mas mesmo que apostem nas opções com processadores Intel mais potentes como a analisada por nós, o custo-benefício continua a ser excelente.

Mantendo tudo o resto igual, um ecrã mais exuberante será altamente recomendável para um futuro LOQ, mas com o que custa um LOQ 15 razoavelmente artilhado podemos comprar um excelente monitor externo e ficamos com um setup de muito potencial.

Pontos positivosPontos negativos
Excelente desempenho para o preçoEcrã mediano para gaming
Teclado surpreendentemente bomAutonomia limitada
Design globalmente bem conseguido
Resistência MIL-STD-810H

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