Dizer que o Lenovo Tab P12 é perfeito para o preço é dizer pouco. Mas também é correto: o Lenovo Tab P12 tem uma concorrência apertada no segmento logo abaixo dos €400, mas além das especificações sólidas que contrapõe, é das muito poucas opções na sua gama de preço com um ecrã de 12.7″, e logo um ecrã soberbo 3K. Não é um OLED como no superlativo Tab P12 Pro, mas acompanhado de quatro altifalantes Dolby Atmos, transforma o Tab P12 num soberbo tablet para multimédia. Podemos perguntar, claro, para que queremos um pesado tablet de 12.7″ que não nos cabe numa pequena sacola como o meu M10. A verdade é que para leitores quase compulsivos como eu, com uma biblioteca carregada de revistas A4, 12.7″ é na verdade fantástico.
A cereja no topo do bolo? A Lenovo inclui a Tab Pen Plus na caixa, acrescento que muita da sua concorrência negligencia, fazendo-nos pagar por fora por uma ferramenta muito útil para dar outro andamento à nossa produtividade. Para os power users, o Tab P12 será uma agradável surpresa, e veremos que em praticamente todos os cenários de utilização, este é um portátil com algo a dar.
O Lenovo Tab P12: design elegante
Munido de um chassis de alumínio rematado em dois acabamentos de textura algo diferente na face traseira, o Lenovo Tab P12 tem um look moderno e desportivo. O feeling é sólido e premium a toda a volta, com acabamentos impecáveis para um preço logo acima dos €300 e onde seria muito tentador cortar em qualidade para manter o preço justo.
As linhas são limpas e os acabamentos bons. Não diríamos ser um tablet de gama média. Uma importante característica do P12 são os quatro altifalantes Dolby Atmos e as ranhuras simétricas encontram-se nas laterais… ou em cima e em baixo se o segurarem na vertical. E porque tenho tendência a usar o P12 na vertical, os botões de volume encontram-se no topo da lateral direita, com o botão de bloqueio e leitor de impressão digital na porção direita do topo. Isto significa que se utilizarmos o Lenovo Tab P12 na horizontal, o bloqueio fica perfeitamente ao alcance do indicador esquerdo. É um posicionamento de teclas muito bem conseguido, tendo em conta os compromissos que temos de levar em consideração num tablet que pode ser usado em qualquer orientação.
Na base, o tablet já vem preparado com os pinos standard da Lenovo para acoplarmos uma capa com teclado.
Não temos uma doca para a caneta que a Lenovo oferece na caixa, mas há um ponto de fixação magnético na face traseira para não a perdermos. A fixação é suficientemente forte para nos dar segurança.
Lenovo Tab P12: um monstro multimédia
Francamente, ainda tenho na mente o Lenovo Tab P12 Pro e mantenho o que por então disse: melhor é difícil. Trata-se de um tablet premium que faz frente aos grandes nomes do mercado e não fica atrás. Ora, o Lenovo Tab P12 não está exatamente no campeonato do OLED fenomenal da versão Pro, mas ainda assim o seu ecrã IPS LCD de 12,7″ e resolução 3K oferece uma louvável nitidez e cores impressionantes para a gama de preço que temos à frente.
Um realce inquestionável deste tablet é mesmo esta combinação de ecrã de elevada resolução com os quatro altifalantes JBL com Dolby Atmos, criando uma tremenda experiência multimédia. O áudio é suficientemente volumoso para acompanhar um vídeo enquanto fazemos tarefas ruidosas como arrumar a cozinha, preparar o pequeno-almoço, tomar banho – mas cuidado nesta última opção, porque não temos certificação IP a bordo. É igualmente detalhado, graças aos quatro altifalantes, oferecendo uma saída francamente equilibrada com boa prevalência de graves e agudos. O suficiente para um bom filme ou boa série terem nitidez e profundidade, e para um simples documentário ter um áudio bem limpo.
A resolução do ecrã é muito correta para estas dimensões de ecrã. Embora o grosso dos tablets se fique pelas 11″, a minha predileção por 12.7″ é mais do que justificada pelo meu hábito de consumo de revistas em formato A4, sendo que as 11″ são mais portáteis, mas menos propensas a utilizações prolongadas com letras pequenas. E eu sou um filho da geração papel, gosto de ver a folha completa, não pequenas porções. O ecrã é excelente para este tipo de utilização sem ser perfeito, faltando-lhe algum brilho adicional para se sobrepor aos reflexos e ainda estamos limitados a 60Hz. Não é uma limitação apreciável no meu caso, mas será um ponto a melhorar.
Finalmente, há que dizer algo sobre a melhoria de vídeo a bordo, que promete melhorar os vídeos de baixa qualidade. Estas tecnologias por vezes valem o que valem, mas a comparação de uma simples série Netflix com e sem a melhoria de vídeo provoca admiração. Os contrastes são mais expressivos, os detalhes algo mais refinados, as luzes mais puxadas e no geral os tons ficam mais vibrantes, com um por-do-sol a ficar mais morno, por exemplo. A Lenovo alerta que a melhoria da qualidade de vídeo pode impactar a vida da bateria, mas vale bem o sacrifício.
E depois há a questão do processamento. O MediaTek 7050, juntamente com 4GB de RAM e 128GB de armazenamento na minha versão (disponível também com 8GB de RAM e 256GB de armazenamento), mostra a sua vocação multimédia. Não tem a genica do Snapdragon 870 do Pro, capaz de correr com muita dignidade jogos como Lost Light, mas surpreende certamente ao encaixar WarThunder Mobile com gráficos bem recortados e movimentos suficientemente fluídos. Não que me ajeite particularmente a jogar com um ecrã tão grande, mas outros de mãos maiores dirão algo sobre isso. Certo é que também nos jogos o ecrã revela a sua elevada qualidade e o estéreo é soberbo, quanto mais não seja pela grande distância entre as saídas.
No restante, a interface é obviamente ágil e sem temas de instabilidade ou bugs. O Lenovo Tab P12 tem poder de encaixe para a maior parte das exigências, com um coice bem acima do que o seu preço poderia indiciar.
Tremendo foco na produtividade e conveniência
É extremamente fácil encher um tablet de hardware e ficarmos por aí. O que não se faz muito é realmente ir algo mais longe, começando a Lenovo por surpreender com o Tab P12 logo pela inclusão de uma excelente pen com a qual facilmente tiramos notas ou expressamos os nossos traços artísticos.
O Lenovo Tab P12 vai algo mais longe e inclui algumas funcionalidades muito user friendly. É, afinal, quase um monitor externo. Por isso, quando emparelhamos um teclado, seja por via bluetooth ou via um monitor com hub USB, podemos alternar entre modo tablet e modo computador, com um desktop perfeitamente adequado a usar este tablet como um substituto do nosso portátil habitual, com teclado e rato. O desempenho não estará à altura de um portátil tradicional de gama média, quanto a processamento puro e duro. Certamente não substitui o meu Carbon, mas naqueles dias em que quero ir nos transportes a ler, não preciso levar tablet e portátil comigo, se vou passar o dia essencialmente a compor texto e responder a emails.
A Lenovo vende inclusivamente um pack com capa fólio com teclado incorporado que poderá ser o melhor de dois mundos, e há no mercado algumas alternativas fenomenais para o P12, mas fundamentalmente qualquer teclado wireless por ser facilmente emparelhado e tenho usado um ágil KW100 da LG. Sem qualquer tipo de dificuldade. Em modo de periférico, o tablet pode ser emparelhado também a teclados, comandos ou ratos para controlo de jogos (aqueles que o permitam), oferecendo um grau adicional de agilidade para os gamers. A faltar, só mesmo a possibilidade de transmitir vídeo via porta USB e assim conseguir ligar o Tab P12 a um monitor externo, como um verdadeiro portátil. Mas, não sejamos picuinhas, porque a esta questão voltaremos mais abaixo.
Mesmo sem teclados externos, o Tab P12 dá-nos alguma maleabilidade adicional com as configurações One Vision que permitem configurar ecrãs divididos e janelas flutuantes, combinando mesmo os dois.
Para quem precisa de um tablet para o trabalho, o Lenovo Tab P12 vem munido de tudo o que poderemos desejar para uma videochamada no trabalho. As enormes habilidades do Tab P12 neste aspeto podem não estar aparentes, porque encontram-se dentro da opção Funcionalidades Avançadas e depois Laboratórios, logo abaixo dos modos de periférico e PC. Podemos ativar embelezamento e utilização de backgrounds, opção de bloquear notificações durante uma chamada e ainda a possibilidade de compartilhar ecrã durante a chamada. A opção mais poderosa, o acompanhamento do rosto durante uma conferência, está para já disponível apenas no Google Meet.
Apesar das suas capacidades em termos de videoconferências, há que dizer que as câmaras não são o forte do Tab P12, com imagens meramente medianas. As câmaras são a minha última preocupação num tablet, ainda assim.
Finalmente, olhando um pouco para a última opção do ecrã anterior, a FreeStyle. Esta ferramenta é brutal para produtivos e permite usar o ecrã de um computador como uma extensão do tablet. Basta ter a app instalada nesse computador, estarem os dois equipamentos na mesma rede e arrastar para o portátil a aplicação na qual queremos continuidade.
Por exemplo, podemos arrastar o browser ou editor de texto, fazer toda a edição no computador, e continuar a usar o tablet para ouvir música ou seguir uma série, ou vice-versa. Ou ao contrário, claro, mas a opção de continuar a editar algo no computador permite-nos abdicar de andar com um teclado adicional atrás nos dias em que de facto tivermos que andar com tablet e computador connosco. Podemos igualmente transferir ficheiros, etc., e será interessante ver como a Lenovo desenvolve esta aplicação que abre novas pontes entre dispositivos, independentemente do sistema operativo.
E lembram-se de dizer que o Tab P12 era um monstro multimédia? Bom, com um gesto a partir da esquerda do ecrã, onde geralmente se encontram os insights da Google, encontramos antes o centro de entretenimento. Este painel muito rico bebe dos nossos serviços de streaming para oferecer sugestões de séries, filmes, jogos. O melhoramento de imagem a bordo faz uma diferença brutal na qualidade de vídeo e mais do que justifique estar ativo.
Autonomia
Até agora um tablet francamente impressionante para o seu preço, principalmente quando consideramos a inclusão da stylus de elevada qualidade, há poucos pontos onde o preço do Tab P12 se faz notar. Ao nível da autonomia, o Lenovo Tab P12 conta com uma bateria de 10200mAh, valor perfeitamente adequado considerando as suas dimensões.
Em destaque, o carregamento de 30W, muito bom para o preço e que tirará proveito dos carregadores que lá tivermos por casa, do monitor com hub USB-C, etc.. Em troca, a caixa inclui apenas um carregador de 20W, o que implica um carregamento algo lento desta enorme bateria. Mas de que me queixo eu? A stylus é bem mais valiosa que uns minutos menos de tablet ligado aos fios e cerca de duas horas e trinta para um carregamento completo não é nada de outro mundo.
Entretanto, quanto à autonomia, não é tão longa quanto poderia esperar para um valor de 10200mAh. Se puxarmos por todas as funcionalidades como por exemplo o a melhoria de vídeo, diria que conseguem extrair um dia inteiro de utilização, mas uma utilização temperada que inclua navegação, leitura e utilização de periféricos dará pernas para pelo menos dois dias.
Para a utilização que lhe dou, de leituras à noite, em viagem, em momentos de ócio ou filmes durante o almoço, parece-me um valor justo, tendo em conta o ecrã 3K que irá gastar obviamente mais bateria que uma unidade FHD típica.
Conclusão
Se procuram um tablet de grandes dimensões, e que neste caso significa 12.7″, o Lenovo Tab P12 não é apenas uma opção rara neste ou qualquer segmento de preço, como é francamente dos melhores tablets na sua categoria de preço. Fará mesmo ver a concorrentes mais caros, apresentando por isso um custo-benefício muito convincente. Contudo, os seus argumentos não se esgotam nas dimensões de ecrã. Este é simplesmente um tablet de apreciável polivalência para utilizadores incansáveis.
É um poderoso dispositivo multimédia com excelente vídeo e áudio para viagens ou relaxar ao almoço no trabalho. É igualmente uma ferramenta poderosa de trabalho graças às capacidades de utilização como PC e às funcionalidades pensadas para videoconferências, e é ainda um hábil gamer, ao qual poderemos adicionar facilmente periféricos. A isto juntamos o FreeStyle para uma utilização ágil em conjunto com outros equipamentos. Um teclado bluetooth é algo que a maior parte dos tablets pode encaixar hoje em dia. O Lenovo Tab P12 faz, ainda assim, de um grupo bem mais restrito de equipamentos que conseguem um desempenho suficientemente credível para serem reais alternativas a um portátil tradicional, tanto do ponto de vista do hardware, quanto da estabilidade do software.
A isto há que considerar que na caixa encontramos logo uma caneta que muitos concorrentes deixam de fora para ser comprada à parte. Tirar notas, rabiscar e editar são algo que poderemos fazer com o Tab P12 mal abrimos a caixa. Assim, pela qualidade e polivalência geral, o Lenovo Tab P12 é a escolha certa para um tablet de grande formato.
| A favor | Contra |
| Aplicações pré-instaladas bem pensadas para produtividade | Câmaras medianas |
| Ecrã e áudio de elevada qualidade | Sem certificação IP contra entrada de água e poeira |
| Excelente construção | Sem Jack de áudio |
| Polivalência |
