Introdução

O mundo dos auriculares e auscultadores Bluetooth está em alta, e embora seja daqueles que ainda prefere o som que debitam muitos auscultadores com fios, já existem opções Bluetooth que não são apenas convenientes, mas também convincentes. Os Marshall Minor II são precisamente uma destas opções, ao combinarem a assinatura estilística da Marshall, com uma qualidade sonora digna do nome da marca, surpreendendo pela positiva para o preço que é geralmente pedido por eles.

As drivers de 14,2mm são um dos seus destaques, sendo maiores do que usualmente encontramos em auriculares, e em teoria isto significará mais espaço de manobra para a afinação, além de capacidade extra para reprodução de tons médios e baixos. A bordo encontramos ainda Bluetooth 5.0 com aptX. A Marshall diz-nos que poderemos contar com Bluetooth estável até 10 metros, embora na prática isto fique dependente do chip do próprio smartphone.

 

Desenho e comodidade

Os Marshall Minor II têm um desenho muito específico, para o bem e para o mal. Disponíveis em preto, branco e castanho, os Minor II possuem um look clássico com a face exterior em dourado com o patenteado M da Marshall. Os remates são irrepreensíveis e os acabamentos aveludados não parecem baratos, os Minor II parecendo sólidos e densos, sem propensão a ruídos parasitários por toques no cabo ou vibrações no microfone, ao contrário de muitos equipamentos.

A opção foi feita por um desenho semi-fechado com um encaixe para o canal auricular em borracha rígida que deixa o canal aberto e permite a introdução de ruído externo, mas mais sobre isso abaixo. Entretanto, o cordão é ajustável para fixar cada auricular ao lóbulo da orelha, e a solução é bastante engenhosa, embora algo tricky.

Depois de muito praticar, julgo que vocês quererão o cordão puxado apenas o suficiente para manter os Minor seguros; criar um arco demasiado grande pode mudar-lhes a posição no canal auditivo e prejudicar a qualidade geral do som e o conforto. Em última instância, para quem está habituado a esponjas ou borrachas suaves, durante alguns dias poderão sentir algum desconforto. Com o tempo habituam-se, principalmente depois de encontrarem o encaixe correto, mas os canais auditivos mais apertados poderão não se habituar tão facilmente. Algumas pessoas consideraram-me os Minor francamente estranhos no ouvido, mas não tiveram tempo de aprendizagem.

Um grande destaque do design destes auriculares vai mesmo para o módulo central que foi desenhado de forma muito engenhosa. Ele inclui o microfone, a minúscula bateria que é boa para um dia de música, e ainda o controlador multidirecional da Marshall. A maioria dos auriculares carecem de algum tipo de comando, ou são complicados de utilizar. Alguns são simplesmente simplistas e inúteis para quem ouve áudio em contexto de trabalho e necessita de uma utilização mais ágil.

A solução da Marshall é um controlador multifunções que permite pausar/iniciar música atender/desligar chamadas com um pressionar vertical, e permite avançar/recuar em pistas com toques com direção lateral, e ainda aumentar e diminuir o volume com toques para cima ou para baixo. Por vezes confundimos um toque com o outro, já que os movimentos são limitados, mas rapidamente nos habituamos e a maioria dos auscultadores mais baratos parecerão simplesmente insuportáveis.

Finalmente, noto que os Marshall podem manter-se em funcionamento durante dois dias ou mais, sem necessidade de recarga. A marca indica 12 horas de música contínua, e parte da autonomia deve-se ao íman que cada pod possui: mal encostamos um pod ao outro, estes fixam-se e entram em estado de standby. A vantagem acrescida é que não os perdemos facilmente.

O áudio dos Marshall Minor II

O que mais gosto nos Marshall Minor II é definitivamente o som excepcional para este valor. Não obstante preferir auriculares com mais isolamento e quiçá mais conforto, dei por mim a utilizar os Minor em situações de grande ruído externo onde outros auriculares me teriam permitido ouvir a música sem tantas distrações.

Excepto que o design semi-aberto dos Minor realmente introduz um soundstage muito mais amplo que a generalidade dos auriculares, e mais do que compensa a falta de isolamento. Ao contrário dos Marshal Major que também possuo, os baixos não são tão pronunciados, mas os intermédios agudos têm muito mais equilíbrio e mesmo distinção. Isto é particularmente notório em músicas bastante desafiantes, como a “Release My Symphony” dos Austríacos Visions of Atlantis. Porquanto a música é intensa nos riffs de guitarra, quando entra a secção de metais imediatamente antes do refrão, os Minor acompanham a subida de forma irrepreensível. Tentei outras opções para conseguirem extrair da música a mesma expressividade, mas não me parece que se chegue exactamente ao mesmo patamar neste preço, muito menos com os auriculares in ear fechados que abafam naturalmente as frequentas mais altas.

Quem quiser mudar para algo bem mais focado nos baixos, continuará a ter um som bastante denso, com frequências médias bem distintas e baixos razoáveis. A comparação que podemos fazer entre o som dos Minor II e da maioria dos auriculares com borrachas isolantes é entre o som de um concerto ao ar livre, e um numa sala de concertos.

Estas virtudes passam para a questão dos vocais. Uns smartphones clarificam as vocalizações em detrimento de outras frequências, outros abafam-nas. Os Marshall Minor II são tão impressionantes na tradição Marshall de música rock, como em estilos de música menos intensos onde os vocais permanecem destacados e cheios de nuances, transmitindo de forma muito bem conseguida o detalhe da performance vocal.

A maioria dos smartphones irá debitar um som muito acima da média, viciante até, mas podem melhorar ainda mais o resultado se tiverem um player ou um smartphone com um bom DAC, caso do LG V50 ThinQ, cujo Quad-DAC levará a maioria dos auscultadores aos seus limites.

Mantém-se ainda uma regra aplicável a quaisquer auriculares: ajustar o cabo para um encaixe mais apertado ou mais solto no ouvido vai criar baixos mais fortes, ou um som muito fino. Com a prática qualquer um pode encontrar um ponto ideal de encaixe para tirar o máximo proveito deste áudio, sem que isso implique que os pods caiam mais vezes do ouvido.

Conclusão

Com um design muito próprio e um preço que ultrapassa os €100, os Marshall Minor II são auscultadores difíceis de digerir, e não posso deixar de alertar que nem todos gostarão do seu encaixe no canal auditivo. Outros irão adorar porque preferem os “pods” e detestam borrachas a selar o ouvido: a cada um o seu, é claro.

De igual modo, a falta de isolamento não os vocaciona para utilização em locais muito ruidosos como a carruagem do metro.

Aquilo em que os Marshall Minor II realmente se superam é na qualidade final do áudio e capacidade para reprodução de detalhe. Os pods mostram-se muito polivalentes, facilmente adaptáveis a vários tipos de música e multimédia, sendo particularmente indicados para o utilizador capaz de discernir qualidade superior de áudio e com um grau de exigência a condizer.

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