Actualmente, as vítimas de violência doméstica e maus tratos dispõem de diversas linhas de apoio para as quais podem ligar. Em Portugal, a APAV presta os seus serviços de apoio via 116 006, enquanto em Espanha foram implementados os números com prefixo 016.

O trabalho que realizam as diversas instituições de apoio às vítimas é complexo, meritório e salvador de vidas. No entanto, a mera chamada telefónica pode colocar as vítimas em perigo, caso o agressor encontre o registo das chamadas.

Por isso mesmo, o protocolo deste tipo de chamadas requer que a vítima seja informada que o registo deverá ser apagado manualmente, enquanto as operadoras omitem as chamadas das facturas.

Mas não havia até agora como apagar os registos do terminal de modo automático, colocando em perigo os utilizadores menos versados em tecnologia, ou os que simplesmente não tinham tempo de proceder à eliminação do registo. As operadoras, anteriormente consultadas pelo governo Espanhol, já haviam manifestado a impossibilidade de o fazerem do seu lado.

Autoridades e operadoras pareciam por isso num impasse, até à entrada em cena da BQ, que investigou de mote próprio.

Os engenheiros da BQ desenvolveram então uma solução de software que apaga automaticamente o registo das chamadas feitas para o prefixo 016. Deste modo, as vítimas ficam protegidas na eventualidade do agressor consultar o telemóvel.

A funcionalidade será disponibilizada via actualizações OTA ao longo das próximas semanas, e chegarão aos terminais mais recentes da BQ.

Entretanto, a BQ já afirmou a sua disponibilidade para partilhar a sua solução com outros fabricantes, entendendo que é um passo que deve ser dado por todos os fabricantes, de forma a realmente protegerem as vítimas de maus tratos.

Esta iniciativa por parte da BQ pressupõe um grande avanço na protecção de vítimas de maus tratos, principalmente aquelas de maior idade, menos versadas na utilização destes dispositivos. Poderá igualmente permitir a que mais pessoas abordem os serviços de emergência com menos receio de serem descobertas.

Pressupõe-se, no entanto, que uma campanha de sensibilização e divulgação seja necessária para que esta implementação da BQ verdadeiramente se difunda. Ela mostra, para já, o que é possível fazer quando as empresas se empenham numa solução para um problema social grave.

Em Portugal, esta implementação seria mais complexa, visto a ampla rede de apoio à vítima possuir números telefónicos díspares. A Tek Genius  já entrou em contacto com a BQ e aguardamos resposta quanto à viabilidade de uma iniciativa idêntica em Portugal, face à lei e envolvente.

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