Sim, o nome do primeiro tablet da Oppo a chegar ao mercado Europeu invoca de certo modo outra marca, mas por trás este nome Pad Air, há mesmo uma intenção. O Oppo é leve na mão, com as suas 440g, mas é também relativamente leve na carteira com um custo de €369.99 que, sem ser uma pechincha, é relativamente atraente para um equipamento com as características que coloca em cima da mesa.
Com um ecrã de 10″ FHD, uma bateria de 7100mAh e munido do Snapdragon 680, o Oppo Pad Air não esconde a sua vocação de gama de entrada, acrescentando quatro altifalantes estéreo com Dolby Atmos, para se revelar como uma proposta muito atraente para o multimédia.
Principais características
- Processador: Snapdragon 680
- Ecrã: 10.36″ IPS LCD, 1200×2000, 15:9
- Armazenamento e memória: 4GB de RAM e 128GB de armazenamento expansível UFS 2.2
- Câmaras: Principal de 8MP, frontal de 5MP
- Conectividade: Bluetooth 5.1, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac
- Bateria: 7100 mAh, carregamento de 18W
Design: mérito por ser diferente
Com este preço em cima da mesa, é difícil equilibrar estilo com substância. A Oppo faz um esforço com muito mérito, oferecendo um Pad Air de rebordos pouco ofensivos em torno do ecrã e uma construção principalmente em metal, com linhas limpas e bem rematadas.
Para se distinguir do rebanho, o painel traseiro inclui uma porção em plástico moldado com relevos que supostamente invocam dunas ao pôr-do-sol, e há uma ligeira dança de tonalidades conforme a luz aí embate, mas devo admitir que é um toque que lhe dá uma sensação barata. Mais barata do que efetivamente é, destoando do esforço geral de grande sucesso na oferta de um tablet compacto, leve e elegante. Este acabamento dual tem muito melhor aspeto em fotografias e em renders do que ao vivo.
O apontamento estilístico dá-nos pelo menos uma excelente indicação de como o tablet deve ser utilizado: em modo de paisagem. A câmara fica mesmo no centro do rebordo mais longo, com a tecla de bloqueio no canto superior direito neste caso. Não se pode dizer de todo que a Oppo não se tenha esmerado para tentar criar um tablet com feeling premium até certo ponto, com a sua construção em metal e o logótipo Dolby Atmos gravado junto aos altifalantes.
Por outro lado, com um peso inferior a 500g, o Oppo Pad Air certamente merece o seu nome e sente-se como leve e confortável, não sendo um tablet problemático para utilização intensiva.
Multimédia de pés assentes na terra
Ao contrário de muitos, sou absolutamente tablet-dependente. Consumo uma quantidade razoável de artigos e publicações que não são práticas de ler em smartphones, nem compatíveis com um leitor E-Ink. Portanto, tablets são uma constante e são dos dispositivos que mais gozo me dão experimentar nestas páginas, enquanto vejo uma série ao almoço ou leio num momento de ócio.
O Oppo Pad Air fica mesmo no centro daquilo que tem sido a minha experiência com tablets. O conjunto é louvavelmente equilibrado, com boas especificações e desenvoltura suficiente para uma experiência global muito agradável. O Snapdragon 680, emparelhado com 4GB de RAM, é suficiente para uma resposta razoável das aplicações e navegação em browser ou redes sociais, sem ser obviamente suficiente para jogarmos algo com grande ambição.
Portanto, para multimédia, o ecrã IPS LCD FHD em conjunto com os quatro altifalantes Dolby Atmos, são muito promissores para filmes e séries e streaming no geral. Ao longo do meu teste também tive de participar em algumas reuniões nos Zoom e Teams, onde o Pad Air teve uma prestação suficientemente agradável para ficar bem como equipamento de trabalho: o áudio dos quatro altifalantes é suficientemmente audível, a imagem perfeitamente aceitável para um escritório, e a câmara de 5MP não fica nada mal por comparação à legião de câmaras HD no parque informático da maioria das empresas.
Portanto, regressando ao multimédia, o mesmo é efetivamente verdade, e quando lemos as nossas revistas, o ecrã tem boas dimensões e contrastes para o efeito. Todavia, para uma experiência mais cinematográfica, o ecrã de 2K oferece bom detalhe, mas contrastes que poderiam ser mais expressivos e traem a gama de preço do terminal, com ângulos de visão algo limitados e altifalantes que poderiam transmitir melhor a complexidade das bandas sonoras. Ainda assim, a experiência é globalmente positiva, se bem que não surpreendente.
E no capítulo do globalmente positivo, a combinação do Snapdragon 680 com 4GB de RAM e até 128GB de armazenamento interno é significativamente interessante nesta gama de preço, já que oferece um desempenho interessante, se não desportivo. É o suficiente para a vocação multimédia se revelar uma experiência agradável, sem soluços e bloqueios. É também suficiente para uma utilização escolar e mesmo profissional, embora a Oppo não preveja a combinação deste tablet com uma capa folio com teclado, o que teria sido ouro sobre azul.
Claro que a motorização a bordo marca passo quando puxamos por ela em jogos de gráficos mais evoluídos ou 3D, pelo que se procuram algo vitaminado para umas piruetas ou umas partidas no Lost Light, não o vão encontrar aqui.
Quanto à autonomia, temos a bordo uma bateria de 7100mAh com um dos mais básicos carregamentos disponíveis no mundo mobile: 18W. É o suficiente para carregarmos a totalidade desta bateria em cerca de 2 horas e meia, o que não desilude neste segmento. Por outro lado, a bateria parece-me bem gerida e para ler algumas horas ao longo do dia, e deixar o Youtube e algumas séries acompanharem-me ao almoço e outras refeições, um carregamento a cada três dias está bom. Para uma utilização mais intensa, por exemplo a ruminar filmes numa viagem de longo curso, uma utilização até 10 horas parece-me razoável e aceitável. Por outro lado, há que assinalar a possibilidade de carregarmos um dispositivo externo a 5W em caso de necessidade!
Ao contrário de outros tablets neste segmento de preço, o Oppo não inclui uma caneta na embalagem e não parece existir provisão para o conectarmos a um teclado exterior, o que é uma pena, considerando o acrescento diferenciador e produtivo que seria podermos contar com um teclado de encaixe magnético.
Experiência de utilização otimizada
Há muito a dizer de como o software certo pode melhorar em muito a experiência de utilização, mesmo com um hardware meramente banal. A Oppo tem do seu lado uma excelente ColorOS baseada no Android 12 e, em versão tablet a interface destaca-se pela produtividade garantida pela tab lateral de aplicações que podemos abrir na chamada “janela flexível”, em essência uma pequena janela flutuante que pode ser mantida a correr em simultâneo sobre outra app em janela completa. Podemos correr apenas uma app de cada vez neste modo, mas podemos correr múltiplas instâncias da mesma app, por exemplo ao fazermos uma revisão bibliográfica, podemos abrir várias instâncias do Chrome em janelas flutuantes.
Trabalhar em janela dividida também funciona agradavelmente bem e se tiverem um smartphone da Oppo é fácil partilhar o ecrã entre ambos, oferecendo em particular ao telemóvel a possibilidade de ser mostrado num ecrã maior.
Conclusão e recomendação
A €349.99 para a sua versão com 128GB de armazenamento interno, o Oppo Pad Air está bem no centro do que será o sweet spot para quem procura um tablet económico e por este preço já conseguimos ter um equipamento bem equilibrado. O Oppo Pad Air caracteriza-se por um design interessante e hardware globalmente completo para consumidores multimédia, sento talvez o seu maior pecado não oferecer algo particularmente diferenciador num segmento de mercado muito concorrencial.
Aqui, o preço do Oppo Pad Air pode ser problemático, já que não é particularmente agressivo face a alguns dos seus concorrentes mais próximos, o que dará ao primeiro tablet da Oppo disponível na Europa alguma dificuldade para se impor, apesar das suas virtudes.
