Um portátil é um portátil. A fórmula é, salvo raras exceções, fundamentalmente a mesma, apesar de todas as diferenças que possam existir em função do preço, do hardware, do design. Com o Lenovo Yoga Book 9i, a Lenovo que nunca fugiu a tentar ideias fora da caixa apresenta um equipamento arrojado e inovador, caracterizado pela utilização de dois ecrãs OLED em simultâneo. Muito mais do que um gimmick, o produto da Lenovo oferece toda uma nova série de possibilidades de utilização que revolucionam as nossas formas de trabalhar em múltiplos cenários. Afirma-se, por isso, como um portátil all-in-one, totalmente revolucionário.

Especificações técnicas (como testado):

  • Processador: Intel Core i7-1355U
  • Ecrã: 2 x 13.3″ 2.8K (2880 x 1800) OLED, 400 nits, 16:10 com 100% DCI-P3, PureSight
  • Armazenamento e memória: 1 TB PCIe SSD Gen 4 com 16 GB LPDDR5X 6400MHz
  • Gráfica: Intel Iris Xe
  • Conectividade: Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.1, Evo
  • Portas: 3 x USB-C 4, Thunderbolt com DisplayPort, Power Delivery
  • Autonomia: até 7.3H com vídeo em ambos os ecrãs, 14 com apenas um ecrã
  • Peso: a partir de 1,34Kg
  • Dimensões: 15.95mm x 299.1mm x 203.9mm

Um portátil elegante

Se algo se pode dizer do Lenovo Yoga Book 9i é que não coloca qualquer restrição no luxo sóbrio que caracteriza a família Yoga, apresentando um exterior em metal escovado com rebordos arredondados e cromados, muito familiar com o que já vimos no delicioso, delicioso Lenovo Yoga Slim 9i. É um exterior realmente elegante e premium sem se esforçar demasiado, sendo justo dizer que a grande surpresa é quando o abrimos pela primeira vez e… oh… dois ecrãs!

Acabamos por nos habituar, mas aquela primeira impressão no revelar de dois brilhantes ecrãs é realmente impactante. Apenas duas superfícies polidas, macias, se revelam para todo o nosso espanto. Claro que isto é apenas parte da história, nenhum portátil sobrevive apenas com ecrãs.

E todo um mundo novo

E é a partir desse momento de revelação que todo um novo mundo de potenciais interações se abre perante nós. Qualquer pessoa tem esta reação imediata de “onde está o teclado?” naquele momento, mas não se fica por aí: daí para a frente, sucedem-se as admirações.

O Yoga Book 9i não tem, obviamente, um teclado físico tradicional, mas um magnético que vem na caixa e que é honestamente bom para as suas dimensões. Mas adianto-me: abrir este portátil revela obviamente não um, mas dois ecrãs 2.8K OLED com cores sumptuosas e negros puros. A combinação destes dois ecrãs é realmente uma bênção para o multitasking.

Mas como podemos escrever com dois ecrãs? Bom, há duas maneiras. A primeira, e talvez menos óbvia, é a invocação de um teclado no ecrã de baixo com o toque simples de 8 dedos ao mesmo tempo, gerando teclado e trackpad virtuais. Há uma resposta háptica muito satisfatória sempre que pressionamos uma tecla ou os botões do trackpad e que lhe conferem uma sensação relativamente realista. Ainda assim, este teclado virtual não substituirá totalmente um teclado físico por falta de uma clara delimitação das teclas que os nossos dedos possam sentir sem termos de olhar para o teclado. Contudo, é suficiente para podermos continuar a trabalhar de forma eficaz na eventualidade de nos esquecermos do teclado físico ou para uma digitação rápida sem querermos estar a montar todo o estaminé.

Confesso que a ideia de colocar os pulsos sobre um precioso ecrã de vidro e teclar horas a fio me pareceu arrepiante de início, e não imagino o que pulseiras e braceletes de relógios acabarão por fazer a esta superfície brilhante e atraente. Portanto, prefiram sempre o teclado físico.

Este é fino e leve, conta com a sua própria bateria e carrega via USB-C, mas parece ter uma autonomia fenomenal, já que só o carreguei uma vez em mais de duas semanas. Com menos de 5mm de espessura, revela-se uma das grandes surpresas do Yoga Book 9i: as teclas têm boas dimensões e um efeito de mola muito espevitado que supera o de muitos teclados tradicionais que terão passado por nós. E aqui a diversão começa.

Ao abrirmos a caixa encontramos um pequeno… origami (à falta de melhor palavra). Não é totalmente aparente para que serve, mas depois torna-se claro e é francamente inteligente: numa extremidade, fixamos o teclado magneticamente, e este origami fecha-se sobre o teclado para ser um eficaz estojo de transporte para este e para a stylus.

Mas, mudando-se a dobra, temos um stand eficiente e seguro para colocarmos o portátil. Este pode ser colocado num posicionamento tradicional com os ecrãs acima um do outro ou então em modo vertical, com os ecrãs lado a lado. Não é difícil perceber como podemos utilizar estes formatos para multitasking e produtividade com cada ecrã a mostrar uma janela diferente. Fazer resumos ou trabalhos de pesquisa bibliográfica torna-se extremamente fácil. No trabalho, é fácil montar uma apresentação num ecrã enquanto se colecionam informações no outro, e isto é um impressionante acelerador de capacidade de trabalho por comparação a um único ecrã tradicional.

Ao mesmo tempo, trocar informação entre ecrãs é fácil e acrescenta toda uma agilidade na gestão dos nossos conteúdos.

Em última instância, podemos usar o Yoga Book como um portátil tradicional. O teclado pousa-se sobre o ecrã inferior e abre-se ao mesmo tempo um trackpad virtual logo abaixo, numa posição tradicional. Convém dizer que tocar com 3 dedos num dos ecrãs abre um trackpad virtual aí também. Esta é a minha posição preferida para o teclado, embora ele possa também agarrar-se à metade exterior do ecrã inferior, permitindo que a parte superior sirva de ecrã secundário, com aplicações aí para uma camada adicional de informação.

O trackpad, eficiente que prometa ser, é nesta fase de início da vida do Yoga Book ainda algo frustrante de utilizar, com toques acidentais e dificuldade em arrastar conteúdos de um ecrã para o outro, parecendo perder certa noção do que deve fazer nestas situações. Será a única parte deste puzzle que ainda não encaixa bem.

Como um tablet, como uma solução potente de produtividade de ecrã duplo, como portátil tradicional, como uma ferramenta de colaboração, o Lenovo Yoga Book 9i ocupa facilmente os cenários para os quais precisaríamos de dois ou três equipamentos diferentes. Claro que o teclado físico é muito melhor, mas e se o esquecermos? O teclado no ecrã chega para nos safar no momento. Não vamos simplesmente ficar “pendurados”.

Desempenho consistente

O Lenovo Yoga Book 9i é, primeiro que tudo, um ultraportátil. A sua espessura é francamente pouco mais do que a estritamente necessária para os dois ecrãs OLED e, por isso, internamente, não poderíamos esperar encontrar aqui processadores Raptor Lake H, ou mesmo P. A opção mais óbvia é mesmo um Raptor Lake U, precisamente como o i7-1355U que o equipa.

É a primeira vez que este processador novo passa pelas nossas páginas, e o seu desempenho promete ser muito superior aos processadores Alder Lake comparáveis que por aqui passaram. O i7-1355U é dos mais capazes processadores para ultrabooks da sua geração, oferecendo 2 núcleos P de desempenho com arquitetura Golden Cove e 8 núcleos de eficiência E, com arquitetura Gracemont. Como só os núcleos P oferecem Hyperthreading, estamos a falar de 10 núcleos e 12 threads.

A frequência máxima para os P-Cores é de 5GHz, algo superior aos 4.8GHz máximos de um antecessor como o i7-1265U. A TDP mantém-se nos 15W, com uma TDP máxima de 55W, ainda assim uma fração do que encontramos no Lenovo Legion Pro 7 que acabamos de analisar. A diferença, claro, é que o Legion é um combatente na muralha de escudos onde cada músculo conta, e o Yoga Book 9i é um Nureyev. Dobra-o, desdobra-o, roda-o, ajusta-o, posiciona-o. O Lago dos cisnes é o seu jogo.

E joga-o razoavelmente bem. O desempenho do Yoga Book 9i é, na sua maior parte, típico de um ultrabook: silencioso, capaz de lidar com a maior parte das tarefas quotidianas sem grande esforço e de forma silenciosa. As tarefas usuais de produtividade serão efetuadas sem esforço, sendo justo dizer que a Lenovo não compromete em nenhum aspeto. O processador a bordo, no entanto, não dá espaço para grandes ambições de processamento e revela-se meramente sólido, não excecional. Alguns poderão certamente – e com legitimidade – esperar mais, mas este é um portátil para produtivos de elevada mobilidade e comporta-se como tal.

Esta afirmação inclui a autonomia. Absolutamente surpreendente, diga-se. Vão tirar dele facilmente 8 horas, o que não é de todo expectável num equipamento com dois ecrãs, facilmente o componente mais sedento num portátil neste segmento. Mas em utilização com um teclado externo com a sua própria bateria, o ecrã no mínimo necessário para ser apenas um trackpad virtual, a autonomia é de facto idêntica à de um qualquer portátil tradicional.

Conclusão: anormalmente fantástico

Ao colocarmos o Lenovo Yoga Book 9i em cima da mesa, ninguém fica indiferente e a curiosidade é tão maior quanto mais explicamos tudo o que é capaz de fazer e a sua enorme adaptabilidade. É certo que todas as piruetas que faz trazem um custo algo oneroso, mas quem pode paga, quem não pode… tem de se amanhar com uma parafernália de equipamentos menos ótimos para conseguir fazer o mesmo. É a verdade.

Acima de tudo, os cenários de utilização do Yoga Book 9i poderão não ser para todos e muitos mais do que claramente se sentirão mais do que satisfeitos com o seu portátil clássico. Pessoalmente hesito perante a pergunta: trocaria o meu Yoga 7 Carbon pelo Yoga Book 9i? Só o meu medo endémico de danificar o Yoga Book 9i me impede de dar um taxativo “sim”, não obstante tudo aquilo de que gosto no Carbon. O Lenovo Yoga Book 9i tem um sem-número de cenários de utilização úteis que facilmente vejo que melhoram a minha produtividade em qualquer momento e permitem-me dispor, quer de um tablet, quer de um portátil tradicional em qualquer momento.

Entretanto, seguindo os passos da geração 8 testada por nós, a Lenovo renovou o Lenovo Yoga Book 9i para 2024, com os novos processadores Intel de 14ª geração. Torna assim melhor uma fórmula já de si fantástica.

Mas, quiçá o melhor que podemos dizer sobre o Lenovo Yoga Book 9i é que, por toda a inovação que coloca em cima da mesa, este terminal é maduro, prático e francamente útil, três coisas que nem sempre conseguimos dizer de equipamentos tão revolucionários.

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