Um relato do Chefe de Operações da marca italiana Abarth sobre o renascimento da marca e do seu futuro
Quando Mario Alvisi entrava no seu escritório, encontrava esboços pousados por cima da sua mesa. Entre eles, nem mais nem menos do que um de Roberto Giolito, chefe designer do atual 500.
O esboço de Giolito na altura era de um pequeno, mas sexy coupé, que tornou o Abarth famoso. Rotulado como Bialbero 750, referia-se claramente ao Fiat-Abarth 750 Zagato, uma linda peça do final da década de 1950.
Mario Alvisi é o chefe de operações da Abarth e o seu escritório está localizado no coração da sede da Officine Abarth, um complexo composto por uma oficina especificamente criada para a preparação dos carros da Abarth. Além da oficina, existe também um elegante vestíbulo ocupado com exposições de modelos históricos e atuais da marca italiana. Existe também uma recreação do escritório do fundador Carlo Abarth, com a sua mesa e cadeira originais, com uma parede decorada com fotografias da época. É difícil controlar o entusiasmo ao visitar este espaço, mesmo que demore poucos minutos.
A Officine Abarth está localizada ao lado do Centro Stile, o principal estúdio de design das marcas europeias da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), e é por isso que Alvisi obtém com alguma frequência vários esboços na sua mesa, juntamente com muitas outras sugestões para esta marca. Alvisi encontrava-se a trabalhar apenas há algumas semanas quando a Alfa Romeu entra na FCA (e antes disso a Ducati). Alvisi é um entusiasta: tem um gabinete de vidro repleto de memórias de modelos anteriores (Abarth’s e Alfasud’s). Agora Alvisi admite estar na marca para descobrir onde a Abarth chegou e para onde está a ir, agora que a marca renascida está no mercado há sensivelmente uma década.
O modelo que impulsionou o renascimento em 2007 foi o Abarth Grande Punto, que foi acompanhado pelo Abarth 500 no ano seguinte. Tal como acontece com o seu “irmão” Fiat, o Abarth 500 evoluiu para inúmeras edições diferenciadas: descapotáveis; com várias potências; edições limitadas. Um dos mais emocionantes foi mesmo o Abarth 124 Spider, que foi apresentado em outubro do ano passado. O chefe da FCA utilizou o MX-5 da Mazda como base para o seu novo Spider. O facto da Fiat ter desenvolvido o 124 Spider permitiu que a Abarth lucrasse, também porque os preços deste modelo foram excessivamente inflacionados.
Os atraentes modelos do Abarth impulsionaram a marca, mas como explica Alvisi, há mais: “a verdadeira mudança ocorreu em 2015, quando as vendas dispararam. Passou de 4000-5000 no início, para mais de 18.000 (para a Europa, Médio Oriente e África) no ano passado”. O grande salto foi alcançado através do aumento do número de revendedores da FCA que detêm a franquia da Abarth, permitindo uma maior extensão de pontos de venda e consequentemente um maior volume de vendas.
Aumentar a notoriedade Abarth tem sido uma missão. “Onde há paixão, há uma comunidade da marca” diz Alvisi que é algo que aprendeu ao trabalhar para a Ducati. “O interesse da Abarth estava a crescer, pelo que decidimos abrir o Scorpionship há 16 meses, onde reunimos pessoas, proprietárias de Abarth’s ou não, através das redes sociais para a realização de eventos, jornadas e oficinas de tecnologia. Queremos colocar as pessoas nos carros e em contacto com a história, e precisamos que as pessoas sigam os carros. Se não conduzir um Abarth, nunca entenderá”.
Será que este sucesso pode levar a Abarth a construir algo semelhante às beldades criadas nas décadas de 1950 e 1960? “Não é possível entrar aqui, ver estes carros antigos, e não sonhar com este tipo de carros, diz Alvisi. “Os próximos passos têm que ser claros, objetivos e ponderados. Não podemos sonhar sem raízes estáveis. Temos que ser rentáveis para a FCA e posicionarmo-nos como uma marca estável e global. Estamos a fazer um bom trabalho em Itália. Estamos agora num bom caminho relativamente à expansão para o Reino Unido, Alemanha e França. Estamos a conseguir um mercado compartilhado nesses países, diz Alvisi.
As quatro estrelas do legado Abarth:
Fonte: Autocar