Nós avisamos: o problema não era a Huawei. O problema não eram as supostas ligações perigosas da marca. O problema era Trump e a ingerência política no mercado livre. Começaram pela maior marca Chinesa de então e seria natural continuarem até apanharem outras marcas. A Xiaomi é, assim, a segunda marca Chinesa a ver-se colocada numa lista negra, se bem que as diferenças com a Huawei são enormes.

Dois nomes, duas listas

Embora ser incluída numa lista negra por parte dos EUA não augure nada de bom para a Xiaomi, a sua situação é, para já, muito diferente da situação da Huawei, porque a lista é também diferente. Nos EUA, as chamadas entity lists provêm de duas fontes: o Defense Department e o Department of Commerce.

Enquanto a Huawei se encontra nas duas listas, a Xiaomi está para já na lista do departamento de defesa, com a consequência de que o investimento de empresas Americanas deixa de ser autorizado na Xiaomi, e os atuais investidores devem sair até Novembro.

Por este motivo, o negócio da Xiaomi será impactado, mas não estará impedida de adquirir componentes ou tecnologias a empresas Americanas, ao contrário do que acontece com a Huawei.

Motivações nebulosas

No caso da Huawei, os EUA assinalaram diversos perigos de segurança para a sua nação, dos quais convenceram diversos aliados, mais por pressão diplomática e económica do que por apresentação de factos claros.

O caso da Xiaomi é aqui algo semelhante. A inclusão da Xiaomi advém de uma lei que em 1999 instruiu o Pentágono a compilar uma lista de empresas perigosas por serem detidas ou controladas pela máquina militar Chinesa. A Xiaomi, no entanto, é uma empresa cotada em bolsa que não tem ligações claras a instituições militares Chineses. Ora, a sua inclusão nesta lista não seria por si só nada de importante, exceto que, em plena desgraça eleitoral, a administração Trump decidiu deixar terra queimada e, em Novembro, assinou uma ordem executiva a proibir o investimento Americano em qualquer empresa nesta lista do departamento de defesa.

As motivações são obviamente estranhas. Se ambas as listas existem, concentram nomes ligados à indústria aeronáutica, química e energética. A Xiaomi foca-se muito obviamente em smartphones, dispositivos inteligentes, pequenos eletrodomésticos. É uma “simples” marca de eletrónica que se vê apanhada em fanatismo político.

Restará ver se a tomada de posse de Biden poderá, de algum modo, desanuviar as tensões entre China e EUA.

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