Todos os gamers podem sonhar com um certo futuro, mas para a maioria deles a vida reserva um trabalho perfeitamente banal num open space, com filhos ou família para sustentar, e o número de hora por dia gastos num jogo amplamente reduzidos. Mas a paixão fica lá. Perdura. O gamer apaixonado nunca a deixa totalmente para trás e continua a sentir a adrenalina sempre que entra no match making, mas há aquele dia em que tem de abrir o portátil numa salta com 10 fulanos engravatados e ninguém está totalmente impressionado com o pulsar energético de luzes RGB. São esse gamer? Já passaram por esse dia? Hão-de passar, e por isso o Omen 16 é para vós.
Os ecrãs de 16 polegadas são do melhor que apareceu no mercado, oferecendo não só portabilidade como uma área de visualização suficientemente ampla para agradar aos fãs dos grandes ecrãs. Com o Omen 16, a HP tira o partido de todas estas polegadas para um equipamento ao mesmo tempo portátil e espaçoso, com teclado bem conseguido, e um hardware suficientemente potente para satisfazer os desejos dos gamers ambiciosos. Tanto mais que temos em mãos uma versão bem vitaminada, munida do AMD Ryzen 7 5800H e de uma AMD Radeon RX 6600M com 8GB de memória, um setup que surpreende pela frescura do seu desempenho. Sem ser perfeito, o Omen 16 é um sólido desportista com boa potência por Euro e tem muitos argumentos.
Especificações técnicas (como testado):
- Processador: AMD Ryzen 7 5800H com 16GB de RAM
- Ecrã: 16″ FHD + 144Hz
- Armazenamento: SSD 512GB M.2 PCIe NVMe
- Gráfica: AMD Radeon RX 6600M com 8GB de VRAM
- Conectividade: Wi-Fi 6, Bluetooth 5.2
- Portas: combinada auriculares e microfone, HDMI 2.1, 1 x USB-C SuperSpeed DisplayPort 1.4, 3 x SuperSpeed USB-A, 1 RJ-45; 1 Porta de CA, leitor de cartões
- Autonomia: 83Wh, >9 horas
- Peso: 2.3Kg
- Dimensões: 36,92 x 24,8 x 2,3 cm
Predador discreto
Diz-se que o pior inimigo é aquele que não se vê. Muitos computadores de gaming fazem questão de entrar na arena completamente artilhados de luzes RGB e efeitos. O HP Omen 16 entrará discreto com o seu acabamento negro sem grandes luxos visuais, parecendo mais um portátil de trabalho que um verdadeiro combatente e devorador de fps. A ausência de visuais extravagantes e luzes RGB é o seu principal sinal de marca, com a exceção do teclado, claro, onde todo o esplendor RGB está ao dispor do jogador.
O HP Omen 16 não está a tentar ser extra fino, mas também não parece completamente despreocupado com o espaço que ocupa numa mochila ou numa secretária e, por isso, é um portátil com um aspeto relativamente compacto. As suas linhas limpas e angulares são típicas da HP e oferecem uma riqueza de portas a todo o redor: USB-C, USB-A, HDMI. Tudo o que quiserem, é só pedir.
É também um portátil surpreendentemente sólido para um fabricado predominantemente em plástico, mas com o painel do teclado em alumínio, como vimos na nossa comparação com o Victus 16, a plataforma do teclado é até bastante sólida e resistente a distorções, oferecendo um teclado confortável e responsivo, e confere rigidez adicional a todo o conjunto. Portanto, no painel inferior do Omen, encontramos o que é uma gigantesca grelha de ventilação para puxar todo o ar disponível para arrefecer este portátil quando ele está no máximo. Com pés de borracha para o manter algo elevado sobre a superfície e e a grelha propriamente dita deslocada para a parede interior da base, a circulação de ar é favorecida na esmagadora maioria das circunstâncias, o que explica que este portátil raramente se torne desconfortável de utilizar.
No fundo, o Omen 16 não se esforça para parecer um portátil de gaming e isso é bom para um grupo de jogadores que têm de conjugar lazer com trabalho e precisam de um computador de ar mais sério para colocar em cima da secretária na empresa. Este design também envelhece melhor do que os mais extravagantes designs do mercado e as suas linhas muito limpas, com o lettering em destaque, acabam por se revelar muito atraentes. Se conseguirem agarrar uma versão branca, então aí ficam com algo que tem estilo puro. Portanto, um portátil de gaming para o jogador adulto? Definitivamente.
Desempenho com adrenalina
Os que olham para o HP Omen 16 estarão talvez mais interessados no seu desempenho interno que nos seus visuais externos, e isso é bom porque é precisamente para os que procuram função sobre forma que a HP vocaciona este portátil capaz de oferecer um preço atraente por cada Kg de potência.
Neste capítulo, o Omen cumpre, encaixando com facilidade cargas gráficas pesadas com espaço de sobra para algo mais. O Scotty nunca vos vai dizer “capitão estou a dar-lhe tudo o que ela tem”, porque sem termos o hardware mais potente ao alcance de qualquer um, o que temos em cima da mesa chega para correr uma boa parte dos melhores jogos do mercado com gráficos a puxar. Como vimos já no nosso comparativo, a Radeon RX6600M atropela a RTX 3050 Ti no nosso Victus de teste e chega a pontuações dignas da 3060, se bem que esta esteja melhor preparada para ray-tracing, enquanto subsistem algumas dúvidas quanto a se a Fidelity FX Super Resolution da AMD está a par da DLSS da Nvidia. A refrigeração faz maravilhas, sem o teclado se tornar particularmente quente durante uma sessão mais longa, enquanto as ventoinhas não chegam a ser tão ruidosas quanto aquilo que podemos esperar de um equipamento deste calibre.
No PCMark, a pontuação de 6857 não nos deixa dúvidas quanto à capacidade deste equipamento para processar fórmulas e tratar dados, se é que em algum momento tivéssemos dúvidas. Claro que isto é apenas a desculpa que vamos dar à esposa para comprar este portátil que não esconde a vocação desportiva. O Leitmotiv é mesmo o hardware de gaming a custo acessível, bem o sabemos.
O facto de termos um ecrã de 144Hz é suficiente para não detetarmos artefactos nos jogos, com animações muito fluídas em War Thunder, com as especificações gráficas bem puxadas, mas se quiserem mais, há uma opção com ecrã de 165Hz. As cores reproduzidas pelo ecrã de 16″ são boas, com contrastes abundantes, embora o brilho não seja muito expressivo (a HP fala em 300 nits, por isso não somos enganados) e as cores parecem algo mais frias e menos ricas do que num bom monitor externo, por isso talvez queiram calibrar o monitor para algo mais fiel que permita algum trabalho gráfico, se houver essa necessidade.
Pelo meio, acabei por também participar em algumas teleconferências com o Omen. A câmara é outro elemento de gama média, oferecendo resolução HD, o que não é o melhor para uma reunião, mas sai-se razoavelmente, com imagens algo brandas em termos de cor e detalhe, mais afins de um portátil normal mais barato, pelo que não será com esta unidade que nos sentirmos tentados a entrar no streaming. Os altifalantes, por outro lado, escondem-se na base e, por isso, acabam por ser bastante interessantes ao se refletirem e ampliarem na superfície sobre a qual o portátil está pousado. A cobertura da gama sónica é razoável, sem grandes baixos, e um volume que não vai encher a sala, naquilo que eu diria ser um setup muito aceitável para este preço.
Teclado com classe sem frivolidades
O teclado do Omen 16 é estupendo, desde que gostemos de teclas chiclete. Não temos aqui atuadores mecânicos, nem possibilidade de configurar RGB por tecla: há apenas por zonas, o que já é muito bom, considerando que muitos concorrentes nem isso irão oferecer. Para encontrarmos teclas mecânicas, entretanto, temos de subir razoavelmente no preço que estamos dispostos a pagar, e convém não esquecer que este é um portátil de gaming de gama intermédia.
Ao mesmo tempo, o trackpad é bastante razoável, mas não tem a cobertura de vidro de alguns portáteis empresariais ou de consumo no seu segmento de preço. Isto não deve ser uma preocupação. Não consigo encontrar uma razão para um portátil para gaming neste segmento de preço ter um trackpad de gama alta, não é como se me apetecesse jogar alguma coisa sem ser com um rato exterior de qualidade.
Portanto, tudo isto levado em consideração, só posso dizer que o teclado do Omen 16 se comporta muito bem, com atuação segura e confortável, que não deixa de ser silencioso e permite uma utilização em qualquer tipo de ambiente. A distância de atuação é razoável, embora pudesse ser mais profunda, mas mantém-se confortável para quem quiser codificar ou trabalhar durante algum tempo, tendo a composição dos meus diversos artigos sido um prazer com este equipamento.
A bateria para os 100 metros barreiras
Os portáteis de gaming não costumam ser maratonistas e o Omen 16 não o é também, embora a sua bateria de 83Wh esteja no topo do que está disponível no mercado e com isso consigamos extrair daqui umas 6 horas de trabalho regular, o que está muito razoável para este hardware. Se querem algo mais perto das 10 horas, um portátil de gaming não é aquilo que procuram. Ainda assim, recomendo fortemente que nunca se esqueçam de ligar o modo de poupança de bateria, porque o hardware a bordo é demasiado poderoso para ser deixado à solta, mesmo com a gestão automática e – francamente – não temos falta de capacidade de sobra para tarefas quotidianas.
Conclusão
Para quem é o Omen 16, afinal? Um dos seus argumentos é a ampla gama de configurações possíveis, o que nos permite ajustar o equipamento ao nosso orçamento. No entanto, a HP nunca perde de vista a sensibilidade deste portátil ao custo-benefício e por isso temos um preço inferior a €1500 como configurado para o nosso ensaio, sendo fácil perceber as ausências de luxos RGB ou teclas mecânicas.
Temos de ser muito claros: o Omen 16 é discreto por opção e destina-se aos que procuram performance pura sem atrito na forma de características acessórias e puramente estéticas. Com isto, a HP consegue um portátil poderoso e polivalente, no sentido em que pode ser a escolha de qualquer gamer que precisa também de o utilizar a nível profissional sem dar demasiado nas vistas num setting mais institucional.
A HP oferece, depois uma longa lista de possibilidades de hardware tanto mais contido, quanto mais potente que o setup testado por nós, mas a combinação de processador e gráfica AMD surpreendem pela positiva quanto ao desempenho, eficiência energética e custo-benefício. Pelos preços praticados, seria impossível não recomendar o Omen 16 aos gamers adultos entre nós.