Carros voadores têm-se relevado repetidamente como a ideia mais idiota desde o início da revolução industrial. Com excepção das descolagens e das aterragens, as aeronaves não precisam de estradas e os automóveis não são feitos para andar no ar. Normalmente são muito pesados e têm uma aerodinâmica pensada para os manter no chão. Um bom carro nunca poderá ser um bom avião, nem um bom avião poderá ser um bom carro. Ponto final.
No entanto, existem já alguns carros voadores. Na realidade, são apenas alguns aviões que são modificados para permitir a sua condução em terra. Funcional, mas não é eficaz na estrada. É por isso que a indústria tem vindo a mudar os projectos para algo mais parecido com helicópteros. No fundo, a tendência mais recente tem sido exagerar os drones e colocá-los no topo dos carros, carros esses que são mais leves e também autónomos.
Esta parece ser a direcção que a Audi está a tomar, na parceria que estabeleceu com a Airbus. Mas no fundo, este tipo de engenharia parece que nunca sai do papel. Vemos muitos projectos conceptuais, ouvimos muitas promessas grandiosas e, de seguida, nada acontece. Moller International tem trabalhado no seu SkyCar nos últimos anos e agora a empresa está a negociar um cêntimo por cada acção com nada para mostrar a não ser um protótipo que é capaz de andar alguns metros.
Então que tem a Audi de diferente?
Bom, como dissemos anteriormente, a Audi tem uma parceria com a Airbus, e isso, só por si, já acaba por ser um grande negócio. A Airbus não é uma simples startup insignificante, muito pelo contrário. No fundo, a Airbus é uma empresa gigante, multinacional, que projecta, constrói e vende aeronaves para instituições civis e governamentais. Para além disso, a Audi tem o apoio do governo local, neste caso o governo Alemão. De acordo com a Bloomberg, o governo alemão assinou uma carta de intenções com executivos da unidade da Audi, da Volkswagen e da fabricante de aviões Airbus SE para testar táxis aéreos dentro e nos arredores da cidade Ingolstadt.
“Flying taxis aren’t a vision any longer, they can take us off into a new dimension of mobility,” said German Transport Minister Andreas Scheuer. “They’re a huge opportunity for companies and young startups that already develop this technology very concretely and successfully.”
Um concept deste projecto já foi apresentado no Salão de Genebra durante o mês de Março. Este concept era baseado em veículos eléctricos, leves, transportados por um drone autónomo que deixava as rodas, bateria e motor para trás em terra.
O melhor é mesmo ver o vídeo, já que se torna um pouco complicado de por em palavras o concept que foi apresentado.
Muito provavelmente está a pensar se ainda verá esta tecnologia enquanto for vivo. E a verdade, é que muito provavelmente até poderá ser possível ver um destes carros voadores um dia, mas dificilmente estará vivo para ver uma implementação generalizada desta tecnologia. É que este tipo de transporte irá sempre depender da perfeição da condução / vôo autónomo, algo que ainda estamos muito longe de conseguir. Outro problema, serão os custos que serão demasiado altos por agora (não só a nível de compra inicial, mas também a nível de manutenção futura).
Mas para além do custo, existe também o problema de não estarmos minimamente preparados para ter carros a voar nos nossos céus. Não é preciso andar muito tempo para trás para nos lembrarmos das constantes notícias sobre os drones e as possíveis colisões dos mesmos com os aviões. Não temos neste momento uma infraestrutura capaz de garantir a segurança dos aviões relativamente aos drones, quanto mais para ter carros a voar nos nossos céus. Em caso de colisão, um drone é muito diferente de um carro.
Para além disso, para que o sistema de carros eléctricos seja normalizado, serão ainda necessários sistemas automatizados para garantir a navegação autónoma, sem qualquer tipo de erros.
Ainda não há uma data divulgada, nem pela Audi nem pela Airbus, para que haja um primeiro carro voador, mas a verdade é já há uma outra startup alemã, a Volocopter GmbH, que apoiada pela Daimler e pela Intel, prevê começar a oferecer as suas primeiras viagens comerciais nos próximos três a cinco anos, isto depois de concluir os voos de teste no Dubai e em Las Vegas.
Apesar de este projecto da Volocopter parecer de momento mais avançada que o da Audi, a verdade é que o facto da Airbus estar envolvida no projecto, faz com que as coisas possam acontecer muito mais rapidamente, graças ao Know How da Airbus.