Como no caso do Honor 20 Lite de que falamos ontem, como no caso do meu favorito BQ Aquaris X2, ou Nokia 7 Pro (entre outros), é hoje possível encontrar excelentes smartphones abaixo dos €300-400, mas eu serei o primeiro a admitir que a maioria destes smartphones apostam forte no estilo e cortam demasiado em funcionalidades e substância. É por isso que favoreço a robustez e funcionalidades do BlackBerry Motion à elegância de alguns dos meus smartphones favoritos do ano, como o Mate 20 Lite. Quando disse que o Huawei Mate 20 Lite era o melhor que a gama média poderia oferecer, tal era verdade, mas esse foi um exemplo meritório numa gama média estagnada, que pode mudar profundamente com o anúncio, ontem, dos novos Google Pixel 3a e Google Pixel 3a XL.

Um exemplo (ou dois) a seguir

A maioria dos smartphones de gama média são muito look e pouca substância. Cortam em câmaras a sério em troca de gimmicks, esquecem-se de tecnologias fundamentais como a NFC, USB-C e carregamento rápido, e apostam em construção elegante, mas frágil, em vidro. Mas, acima de tudo, não oferecem de todo a experiência de funcionalidades avançadas da gama alta.

O significativo dos Pixel 3a e 3a XL é que oferecem essa mesma experiência de topo, com uma série de atalhos que justificam o seu preço menos elevado. Por exemplo, os dispositivos trocam o metal e vidro por plástico, com a vantagem óbvia de que aquele painel vítreo não se vai estilhaçar com um impacto. Tampouco temos câmaras duplas de utilidade duvidosa: os Pixel budget mantêm a mesma câmara de 12MP com sensor Sony IMX363, o que colocará estes equipamentos teoricamente acima de qualquer equipamento do mesmo preço em termos fotográficos. Para todos os efeitos, temos uma câmara de flagship, com os melhores algoritmos do mundo ao seu dispor.

Os Pixel 3a não têm luxos supérfluos, como leitor biométrico no ecrã: de facto, com os seus ecrãs 18:9 clássicos, sem notch e com rebordos francamente obsoletos, tanto o Pixel 3a, quanto o Pixel 3a XL parecem produtos de uma outra era. Mas aí está: são para utilizadores que ainda privilegiam a substância sobre o aspecto, e nesse campeonato os Pixel estão no mesmo campeonato que o Aquaris X2 e o BlackBerry Motion: acrescentam todas as funcionalidades possíveis, cortando nos refinamentos estéticos e no marketing que não acrescenta nada. A diferença claro, é que os Pixel são mais potentes que qualquer um dos meus exemplos.

O hardware

Portanto, o Pixel 3a oferece-nos um processador mais lento que o Pixel 3, na forma do ainda assim muito interessante Snapdragon 670, com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento interno. O ecrã é uma unidade OLED de 5.6 polegadas FHD+, e encontramos uma bateria de 3000mAh com carregamento de 18W via USB Power Delivery. Porreiro, porreiro, é que o jack áudio está de volta. De realçar que, em mais uma medida de corte de custos, nenhum dos dois novos Pixel possui Gorilla Glass, mas Asashi Dragontrail. Embora o Gorilla Glass seja mais reconhecido, o vidro Dragontrail tem propriedades semelhantes e o júri ainda não decidiu qual o melhor, mas será pelo menos mais barato.

O Pixel 3a XL é maior, claro, com um ecrã de 6.0 polegadas e uma bateria que também cresce para os 3700mAh, e face ao 3a, o XL acrescenta altifalantes estéreo frontais.

Nenhum dos dois novos Pixel possui certificação IP, o que não quer dizer que não sejam algo resistentes a salpicos, mas a Google não revelou detalhes neste campo.

Juntando o Android Pie limpo a uma das melhores câmaras do mundo, sem cortar em nenhuma tecnologia fundamental, os Pixel 3a e Pixel 3a XL são o que os equipamentos de gama média deveriam ser. Espero que as marcas Chinesas dominantes olhem para eles e comecem a apostar em funcionalidades em vez de truques estéticos.

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