Nos últimos temos assistido à lenta ostracização da entrada P2, também conhecida por jack áudio ou jack 3,5mm. Quem começou esta piada foi – nada surpreendentemente – a Apple, eventualmente carente de algo que pudesse chamar de inovação, e rapidamente seguida por outras marcas que quiseram aproveitar a conotação com modernidade. Excepto que milhões de utilizadores em todo o mundo têm excelentes auscultadores com fio e não têm qualquer razão para gastarem uma centena de Euros (ou mais) para os substituírem por versões wireless que não oferecem nada em acréscimo de qualidade. Mas, os utilizadores poderiam aceitar inúmeras outras vantagens que foram sendo vendidas pelos fabricantes como justificativa para o abandono do jack áudio. Excepto que até agora todas se revelaram pura treta, como os Samsung Galaxy S10 bem o provam (e também o seu rival, o LG G8 ThinQ, sejamos justos).

Entrada P2: uma morte desnecessária

Até recentemente, parecia que diversas marcas se recusariam a abandonar o jack de áudio tão cedo, e de repente até a Sony o abandonou com o seu Sony Xperia XZ2. A coisa não correu obviamente bem. A Sony ofereceu mesmo um conversor, mas a hipótese é carregar o telemóvel, ou ouvir música, e quando a marca começou a comercializar um com dupla entrada para permitir carregar e ouvir música ao mesmo tempo, o carregamento rápido não funciona. E haverá alguma coisa neste mundo com mais aspecto de ir falhar a qualquer momento do que os conversores USB-P2?

Os únicos que não se partem, são os que perdemos. E oh se os perdemos!

Os utilizadores podem ainda assim aceitar abdicar do jack áudio se virem vantagens no seu abandono, mas rápido fact checking mostra que o ganho foi zero para os utilizadores.

A demissão do jack áudio não tornou nenhum smartphone mais barato, num mundo onde os preços na gama alta são astronómicos, os fabricantes não colocaram novas funcionalidades graças ao espaço poupado pelo jack áudio, a qualidade do áudio não melhorou, e as baterias não têm mais capacidade. Mas… teremos sequer smartphones mais finos, graças ao fim do jack de áudio?

O Samsung Galaxy S10+ prova que tudo isto é possível sem sacrificar o jack áudio.

O Samsung Galaxy S10 e o Galaxy S10+ mantêm o jack áudio. Se tudo o que as marcas concorrentes dizem for real, estes dispositivos terão que ser mais grossos, ter menos funcionalidades e menos autonomia que os concorrentes sem jack áudio.

A realidade é totalmente diferente.

O smartphone mais facilmente comparável ao Samsung Galaxy S10+ é o Huawei Mate 20 Pro, mas o mais fino dos dois é – afinal – o Galaxy, com 7,8mm, quase 1mm a menos, sacrificando somente 100mAh, e mantendo todas as características imagináveis. A mesma comparação é válida para o Sony Xperia 1 ou para o OnePlus 6T.

Só mesmo o Xiaomi Mi 9 é mais leve nesta comparação e, ainda assim, por apenas 2 gramas, vantagem perdida para o S10 regular, que lhe rouba 16g, em virtude de ser fundamentalmente mais pequeno, e ainda assim garante uma bateria comparável. A lista de especificações dos Galaxy S10, por comparação, não é superada por nenhum smartphone.

Não há muitas voltas que possamos dar: a remoção do jack áudio passou de uma suposta modernidade para uma má desculpa pura e simples, e a Samsung mostra-o em todas as frentes. Ter a entrada P2 não significa sacrificar absolutamente nada.

Nem sequer o áudio wireless

Essa é talvez a parte mais irónica de toda esta história. Não só a entrada P2 no Samsung Galaxy S10+ comprometeu o que quer que seja, como ainda menos comprometeu o áudio wireless.

O Dolby Atmos funciona com ou sem fios, o Adapt Sound também, e se desbloquearmos as opções de programador, podemos seleccionar codecs, taxa de transferência, optimização da ligação. O Galaxy tem simplesmente tudo, mas ainda mais o jack de áudio. Existem reais vantagens no jack, neste momento? Várias, mas talvez a maior é que não precisamos abdicar da qualidade dos nossos auscultadores favoritos, porque há alguns de nós que têm o seu par há um, dois ou mais anos, e não os trocarão por nada.

No trabalho, uso auscultadores wireless. A qualidade parece-me excelente para o ambiente, e não tenho de me preocupar com os fios ficarem presos em secretárias, cadeiras e pessoas. Ao fim de semana… ao fim de semana e fora do trabalho em geral, prefiro fios.

Neste sentido, o Samsung Galaxy S10+ não vende banha de cobra. É um smartphone que pensa no futuro, mas não compromete o presente, e isso vale todo o respeito. Sigam-lhe o exemplo e deixem-se de desculpas de treta.

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