As letras PD em PD32 significam, para os menos informados, Porsche Design. Este monitor é uma impressionante parceria entre a AOC e o conceituado estúdio de design, gerando um monitor que é bem mais do que a soma das suas partes. Podemos dizer, meus caros, que no mercado há monitores mais ou menos elegantes, que isto é uma questão de gosto, com mais ou menos especificações, mas o Porsche Design AOC AGON PRO PD32M tem algo muito próprio, um “músculo” específico e único, com uma genética Porsche Design que é aparentemente óbvia nas linhas robustas e automobilísticas, na atenção aos detalhes particulares que vão do suporte à drive com que podemos instalar o software, ou mesmo o telecomando incluído.

É uma atenção ao cuidado e ao estilo raríssima num tipo de dispositivos usualmente mais focados em exuberância. De resto, é uma experiência de luxo mal abrimos a caixa. Raramente veremos um equipamento tão cuidadosamente embalado e acondicionado, sendo o unboxing uma epopeia em si mesma. Mas, depois de tudo aberto, arrumado e colocado em cima da secretária, aí começa a diversão.

It’s a Porsche, baby!

Bom, antes de tudo é um AGON by AOC, claro, e isso implica uma certa garantia de desempenho e especificações equilibradas. Mas, por fora, este não é um monitor que se confunda facilmente com qualquer outro equipamento de gaming e isso é dizer muito neste tipo de mercado. Do ponto de vista visual, o PD32 é um estrondo, e se bem que estejamos a falar de um monitor e fosse natural passarmos logo para aqui, um retângulo é um retângulo. Ponto.

A peça central da estética do PD32 é inquestionavelmente o suporte, com a sua forma em estrela, é decididamente invocativo de um volante ou do típico bipé usado para expor aviões em voo. Francamente pesado e de uma robustez à prova de tudo, com o frio do metal a tocar-nos nas mãos, o acabamento cinza algo áspero é purismo industrial levado ao seu expoente máximo. Na coluna central o monitor pode rodar, inclinar, subir e descer com enorme agilidade, mas antes disso vamos notar o logótipo luminoso projetado por um LED sobre o espaço central da base.

Será necessário? Acrescenta algo? Se acharmos que não, podemos desligar a projeção, mas é estiloso para dizer o mínimo e a cavidade oca parece feita à medida para armazenar o telecomando. O certo é que não há questões quanto à qualidade deste suporte e à sua robustez para aguentar de forma muito sólida um monitor pesado. Único ponto de alerta é que os pés do suporte são algo amplos e não serão amigáveis para quem tiver uma secretária de tamanho reduzido.

Falando do telecomando, que excelente ideia, para podermos em qualquer momento ajustar as especificações do monitor como uma simples navegação rápida entre os modos de imagem (jogo, cinema, etc.) com o pressionar deste comando sem navegarmos por menus com botões semi-escondidos na base do monitor. Inclui mesmo um switch KVM para alternarmos entre computadores sem trocar de periféricos. Considerando que com as suas 32 polegadas estará algo longe de nós, a utilização do comando é a todos os títulos mais confortável.

Passando ao monitor propriamente dito, parece-me que também aqui temos todo o tipo de detalhes utilitários que passam por vezes ao lado dos restantes equipamentos. Podemos dizer que são excessivos ou supérfluos, mas catano: um suporte retrátil em cada lado do monitor para suspendermos os nossos headsets depois de uma partida? Não saberão até o experimentarem o quão reconfortante é acabar uma hora ou mais de reunião tensa e simplesmente tirar o headset e deixá-lo ali a oscilar silencioso. Se calhar sou eu que ainda me lembro do calmante do gesto de bater com o auscultador do telefone no suporte com um “vou-me eu lixar? Vai-te lixar tu”.

O painel traseiro do AOC é povoado pela iluminação RBG ao longo de duas filas verticais e uma terceira ao longo da porção superior. Totalmente programável, esta iluminação acrescenta aquela aura gamer a um monitor já bem conseguido. Temos a possibilidade de exibir vários efeitos, mas ss os painéis são realmente bonitos, não são brilhantes ao ponto de iluminarem uma parede com efeitos alucinantes.

As tomadas físicas estão na parte de baixo, o que não será a minha localização favorita, mas obviamente agiliza a integração de alguns portáteis de gaming que concentram na face traseira as suas ligações físicas, por exemplo.

A conectividade física é, de resto, de topo e inclui DisplayPort 1.4 x1, HDMI 2.1 x2 e USB Type-C 3.2 x1 com 90W de carregamento via Power Delivery, permitindo manter um portátil a funcionar apenas com ligação ao monitor. Uma capacidade de 90W pode não chegar para jogar um jogo no máximo com um portátil dos mais potentes, mas para tudo o resto será de sobra, enquanto o HDMI 2.1 abre portas (literalmente) a consolas de última geração.

Totalmente Porsche, meu!

Portanto, por todo o seu estilo e fogosidade, o que oferece o AGON PD32M?

Com o nome Porsche Design a bordo, a AOC não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. O estúdio de design não é conhecido por emprestar o seu nome a produtos medianos e por isso vemos que houve um compromisso da AOC com o melhor possível, ainda que não cheguemos a ter um OLED a bordo. Temos, isso sim, um excelente painel IPS LCD 4K (3,840 x 2,160) de 31.5″ com retroiluminação mini LED com uma taxa de atualização máxima de 144Hz e taxa de resposta de 1ms GtG.

A parte mais impressionante da tecnologia envolvida, no entanto, pode bem ser a retroiluminação mini-LED que justifica o predicado de cobertura de 97% do espaço de cor AdobeRGB e exibe predicados muito importantes de HDR, graças a 1152 zonas de iluminação que permitem ajustar localmente em todo o painel os contrastes e brilho, para um brilho total de 600 nits, com brilho localizado até 1600 nits, garantindo uma certificação DisplayHDR 1400 e 1.07 biliões de cores. Upa, upa.

Uma ressalva quanto às zonas de brilho, porque embora pareçam imensas, face à resolução do painel, falamos de zonas relativamente grandes e no futuro veremos certamente de crescimento destas zonas em número. Desta forma existirá menos tendência a vermos claramente a passagem de uma zona para outra em cenas de elevado movimento com alterações luminosas.

O PD32M pode também pivotear para a vertical

Já o brilho é absolutamente espetacular. Dei por mim a utilizar valores de brilho abaixo dos 30% a maior parte das vezes para trabalhar normalmente sem queimar as retinas. Para quem está habituado a monitores que exibem algures entre 300 e 500 nits, o AGON é realmente brilhante e onde isto se destaca é mesmo nos jogos onde os grafismos mais complexos tiram imenso proveito da capacidade de brilho acima da média para manter um excelente nível de detalhe, quer falemos em luzes ou sombras.

A AOC inclui obviamente diferentes modos de imagem, incluindo um modo RGB que está lá para criadores de conteúdos, já que oferece cores mais exatas por comparação ao modo standard mais pensado para gráficos impactantes em jogos. Para os que procuram exuberância, o painel a bordo está cá para todas as voltas, dos jogos aos filmes, mostrando-se muito adepto de cenas com cores impactantes e uma soberba capacidade de contrastes. Não posso apontar defeitos nenhuns à qualidade de imagem deste monitor. Jogos ou filmes, se a fonte tem qualidade, a imagem será espetacular, com cores intensas e uma soberba gama dinâmica, principalmente com o HDR ligado. Tudo ganha uma nova vida de intensidade e energia.

Há, depois, todo o tipo de comodidades expectáveis para um monitor de gaming, como low input lag, uma mira, contador de framerate, etc., dando a este monitor boas pernas para qualquer utilização, gaming ou não gaming. Via HDMI, USB-C ou DisplayPort, o monitor permite gráficos a 3840×2160 a 144Hz (120Hz via USB-C) tornando-o perfeitamente compatível com consolas de última geração.

Podia ser mais Porsche

Há uma quantidade enorme de coisas Porsche no Porsche Design AOC AGON PRO PD32M, mas noutros casos, se este monitor fosse um Porsche, seria potencialmente um 924. Bonito, definitivamente um Porsche, mas não o melhor possível.

O AOC PD32M oferece dois altifalantes que, se algo há a dizer, são razoáveis, mas este monitor não elevará o áudio ao mesmo luxo da sua construção e visuais. As colunas estéreo são perfeitamente adequadas para trabalho e algum multimédia, mas não chegam a impressionar. São suficientemente potentes e detalhados para me parecerem superiores aos altifalantes típicos de monitores de gaming, e o DTS ajuda, mas ainda assim serão mais um backup que uma solução de primeira opção.

Ao mesmo tempo, se o telecomando é uma boa adição, o próprio método de navegação pelo sistema não é o mais ágil. É um exercício de design com setores sobrepostos pelos quais navegamos com a ajuda do dial na parte posterior do ecrã. É muito interessante visualmente, mas o dial deveria estar na base do ecrã em vez de no painel traseiro onde é mais difícil de lhe chegar, enquanto o formato dos menus é tão único que nos custa a habituar.

Dois pontos, mas dois problemas? Não chegam a sê-lo.

Conclusão

Só pela vertente visual, o PD32M é um espetacular monitor de gaming, mobilizando uma estética industrial de pendor guerreiro que não nos deixa indiferentes. Há elementos fundamentais, outros extras que podemos até questionar se seriam necessários, mas encontram a sua utilidade e se tornam elementos distintos. Por dentro, a AOC utilizou alguns dos melhores componentes do mercado, incluindo um painel com impressionante brilho e certificação DisplayHDR 1400, pelo que a capacidade de exibição de gráficos detalhados é excecional para um IPS. A qualidade de imagem é fora deste mundo, e o mais básico dos gráficos parece atingir outros níveis.

Falta uma câmara, que não será fundamental, porque para streaming quereremos um setup digno do nome. O seu grande ponto problemático é o preço. Com um valor que ronda os €2000, mais centena, menos centena, o AOC PD32M pode parecer demasiado caro. É discutível se a AOC poderia ter abdicado de alguns dos extras, como os suportes para headsets, o projetor ou a iluminação RGB, mas nenhum destes elementos parece ser particularmente caro para esperar um rebate importante que abdicasse da sua identidade. O tema aqui é termos um painel mini LED de tecnologia de ponta e que será o principal responsável pelo preço exorbitante.

O preço certamente é impeditivo para uma recomendação mais alargada do PD32M, mas talvez não lhe possamos levar este ponto a mal. O preço é uma consequência do exercício em premium e extras que entrou na conceção e fabrico deste monitor, além da tecnologia envolvida no seu painel. Os poucos monitores de gaming com tecnologia mini LED que se encontram no mercado são caros por definição. No final de contas, o Porsche Design AOC AGON PRO PD32M é um desportivo de coleção, que alguns terão o prazer de ter para si tanto como objeto de desejo, quanto como ferramenta, e certamente se destaca no mercado de monitores mais ou menos iguais. Para alguns, o preço será mais do que justificado para terem uma peça de elite, acessível a poucos.

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