O mundo tecnológico está cheio de notícias excitantes, e esta é de facto uma delas: Meizu e Texas Instruments estarão a colaborar para criar um novo processador móvel. Mas, por mais excitante que seja a perspectiva dum novo fabricante de processadores móveis, esta parceria é altamente improvável.
A Meizu tem um historial impressionante, e é das maiores fabricantes a nível mundial. Tal como as suas concorrentes, a Meizu sabe que ter o seu próprio processador pode significar maior liberdade de acção e alavancagem junto de outros fornecedores. Pensemos no caso do Snapdragon 835 que tem uma procura muito superior à disponibilidade.
Face a esta carência de números, a maior parte das marcas terá de lançar os seus dispositivos após a Samsung, ou optar por processadores de última geração, percepcionados como desfasados. E ainda assim, caso mantenham a opção pelo Snapdragon 835, algumas marcas terão de esperar na fila pelos clientes preferenciais.
Poucas marcas são alheias a este problema e a Huawei é uma das histórias raras. Com o lançamento do Huawei P10, a Huawei colocou no mercado um dispositivo de topo, com um processador muito capaz. Dir-se-á que não será tão moderno quanto o 835, mas o importante é que a Huawei oferece um produto soberbo sem ter que esperar por quem quer que seja. A marca depende só de si e isso, aliado aos seus processadores crescentemente potentes, tem sido a chave do seu sucesso.
Para a Meizu, este não é um panorama agradável e a marca tem inúmeras vantagens em seguir o caminho da Huawei e da Xiaomi, principalmente numa altura em que se apontam problemas importantes ao Helio X30 da MediaTek.
Aqui entra a Texas Instruments. Ambas as empresas são já conhecidas uma da outra, autorizando especulações de que poderão estar a colaborar.
O problema é que já lá vão 5 anos desde que a Texas Instruments colocou no mercado um processador móvel. A tecnológica Americana tem, no entanto, imensa experiência, e podemos encontrar os seus processadores OMAP em alguns dos mais amados smartphones e telemóveis do início da década, incluindo o Motorola Droid, Nokia N95 ou o Samsung Nexus.
Mas, em 2012, a Texas Instruments viu-se incapaz de competir com Qualcomm e Nvidia, aparentemente em boa parte porque a empresa foi incapaz de competir nos modems integrados. O que terá mudado agora para que a TI julgue poder voltar à carga? Terão algo na manga?
Nada foi revelado nos últimos tempos, nenhum indício para indicar que a Texas esteja perto de competir com os gigantes da tecnologia móvel actual. Apesar disso, este não é um mau momento para alguém voltar a apostar neste jogo
De facto, 2017 parece ser o ano dos regressos, se pensarmos na Nokia ou BlackBerry. Entretanto, desde 2012, a Texas perdeu alguns competidores, nomeadamente a Nvidia e a Icera, esta última comprada pela primeira e rapidamente vendida de novo. Paralelamente, o mercado móvel cresce de um modo que não acontecia em 2012.
Hoje sabemos que o Android ultrapassou o Windows como plataforma mais usada online, mostrando o crescimento nos dispositivos móveis. Teremos igualmente chips móveis a correr em portáteis no futuro próximo. Em suma, o mercado vai crescer.
Então porque duvidamos desta possibilidade?
Porque realmente nada sabemos sobre o que possa a TI ter que torne este ano melhor que 2012, e porque sabemos desta possível parceria no mesmo dia em que a Meizu anuncia novos despedimentos, tendo cortado 10% da sua força laboral desde o início do ano. Não é a imagem de uma empresa na altura certa para investir em processadores.
Por último, a MediaTek é accionista na Meizu. Embora a dimensão das suas quotas seja difícil de adivinhar, será pouco provável que um accionista deixe a sua empresa fugir para a concorrência. Não seria impossível, mas não é provável.
Teremos todo o prazer em estar errados nesta questão!