Parece que a Google sacou da carta Reverter do UNO, e estará a argumentar que a ameaça para a segurança dos EUA não é a Huawei usar o Android, mas precisamente o contrário.

É um caso de “mantém os teus amigos por perto, e os teus inimigos ainda mais perto”, e a lógica da Google é imediatamente compreensível para qualquer um que não seja acometido de uma certa estupidez típica da administração Trump: o Android é um sistema controlado pela Google e mantido seguro. Novos patches de segurança são emitidos mensalmente e correcções feitas a portas de entrada de terceiros.

A Google acredita que se a Huawei tiver que desenvolver um sistema sozinha, não terá a mesma capacidade para manter esta segurança, e os seus dispositivos serão mais facilmente violáveis por agentes mal intencionados e mesmo agentes oficiais de países adversários. Num mercado global onde é possível comprar equipamentos em qualquer loja, os EUA teriam um controlo efectivo quase nulo sobre smartphones Huawei e o tipo de informação que poderiam passar, em última instância comprometendo as aspirações securitárias dos EUA.

A Google está certa, mas não é por isto

A Google está obviamente certa de que banir a Huawei de negociar com empresas Americanas ameaça a segurança do país, mas não é porque os seus dispositivos seriam menos seguros. É sim porque para o mundo que está atento, nenhuma empresa se pode dar ao luxo de esperar até ao dia em que um governo Americano decida tomar uma decisão de força para forçar um qualquer acordo económico e condene a indústria de um país. Nenhum país e nenhum conglomerado de estados, como seja a União Europeia, quer acordar um dia e ver que um decreto presidencial lhes amarrou as mãos.

Depois da Huawei ter sido limitada em instituições supostamente internacionais e apolíticas, como o IEEE, ficou claro para o resto do mundo que algumas das agências certificadoras não possuem independência e representam um monopólio que convém evitar. Um pouco por todo o mundo, o passo natural será criar novas instituições que retirem importância às Americanas, e criar então alternativas ao nível do software e do hardware que permitam às empresas pelo mundo fora deixarem de utilizar componentes e patentes dos EUA e das suas empresas.

Com a sua indústria a perder o seu estatuto de farol por perda da independência, a economia Americana ficará verdadeiramente ameaçada e sem meios financeiros e uma economia sólida não há segurança que sobreviva. Pensem no que acontecerá ao icónico Silicon Valley, se as suas startups e empresas estabelecidas deixarem de vender os seus produtos a terceiros que não querem arriscar perder tudo da noite para o dia por causa da loucura de alguém.

Adeus EUA.

 

 

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