Continua a ser um dos desaparecimentos mais polémicos do mundo mobile: o jack áudio perde terreno, um smartphone de cada vez, e os utilizadores têm que o aceitar, mais por falta de opção, que por vantagens. Desta feita, é um dos últimos Moicanos, o OnePlus 6T, que fica confirmado como abdicando do jack áudio, segundo confirma o próprio Carl Pei.
Em entrevista ao TechRadar, Carl Pei não deixa de realçar que a OnePlus foi das marcas mais fiéis ao jack de áudio, mantendo-o mesmo após outras marcas o abandonarem nos seus equipamentos de áudio, mas neste momento a marca indica que 59% dos seus utilizadores já possuem auscultadores Bluetooth. O momento poderá ser o ideal para então dar o passo em frente, não obstante a polémica, mas pelo menos o OnePlus 6T chegará com um adaptador USB-C para 3,5mm.
Mais interessante é que a OnePlus anunciou hoje os novos auriculares Bullets com tomada USB-C, que pretendem ajudar os utilizadores a mais depressa abdicar dos seus dispositivos analógicos. Os novos Bullets terão um valor inferior a €20 e estarão disponíveis ao mesmo tempo que o OnePlus 6T.
Porque continuo a não querer smartphones sem jack áudio
As marcas têm passado os últimos anos a defender as virtudes do desaparecimento da tomada de 3,5mm, mas têm sido incrivelmente inaptas a colocar em prática essas supostas vantagens.
Ao mesmo tempo, os auscultadores wireless parecem ainda não ser totalmente mainstream, não ao ponto de representarem 59% dos utilizadores. É difícil encontrar dados concretos, mas no caso da rede Best Buy, no mercado doméstico Americano, é interessante notar que os AirPods se encontravam na 14ª posição de vendas, enquanto o conversor Lightning para jack áudio se encontra na 22ª posição, mostrando bem como a pioneira da morte do jack áudio tem ainda um enorme mercado graças a este.
E se mudarmos para a Amazon, verificamos que não só os auscultadores com fio continuam extremamente populares, como só os auscultadores com conector Lightning se encontram nas 50 primeiras posições, enquanto os USB-C não aparecem e ponto final.
A maioria dos fabricantes parece por isso altamente reticente quanto à adopção do padrão USB-C, por um lado porque tem custos elevados em licenciamento, por outro porque é difícil garantir que os mesmos auscultadores sejam compatíveis com todos os smartphones e computadores que tenham entrada USB-C (porque nem todas as saídas USB-C possuem actualmente transferência de dados) e poucas marcas querem arriscar um produto que deixa o utilizador impossibilitado de o usar em todos os seus dispositivos.
Ao mesmo tempo, se a qualidade do som é usada em defesa dos auscultadores USB-C, é altamente duvidoso que os Bullets de €20 sejam realmente mais amigos dos audiófilos só porque são USB-C, mas as marcas também têm mencionado as vantagens em termos de menor consumo energético. No entanto, até agora nenhuma marca foi objectiva em indicar quanta autonomia o seu dispositivo ganha por não ter o jack áudio.
Complementarmente, a solução continua a ser pouco elegante, pois ou temos que andar com um dongle para ligar USB-C a um pino tradicional, inviabilizando o carregamento do smartphone ao mesmo tempo, ou temos que comprar auscultadores USB-C, e continuamos a ter que andar com um adaptador para uma segunda entrada USB-C e os cabos que permitem saída de áudio e carregamento ao mesmo tempo são simplesmente caros.
Obviamente que os auscultadores wireless chegaram hoje em dia a uma qualidade inacreditável há apenas dois anos atrás, mas em termos de autonomia passamos a ter dois dispositivos com que nos preocuparmos.
Por isso, não obstante ser a decisão quase universal das marcas, quando o OnePlus 6T for lançado em Outubro, ninguém ficará realmente satisfeito com esta solução.