Serão uma solução para um problema que ainda não surgiu? Os smartphones foldable são um fruto de pura ficção-científica que a realidade quis imitar e que as marcas quiseram empurrar para a frente da imprensa para mostrarem a sua mestria tecnológica. A primeira onda de smartphones dobráveis, nos quais se incluem o Samsung Galaxy Fold ou o Huawei Mate X têm as suas vulnerabilidades e, não obstante as qualidades, são ainda protótipos com baixa representatividade. Restam-nos opções como os LG V50 ThinQ, ou o LG G8X ThinQ, que usam ecrãs tradicionais, mas abordam uma nova fórmula para o clássico flip.
Uma marca que quis certamente entrar neste jogo foi a Lenovo, via Motorola. Para tal, a marca ressuscitou os traços estilísticos do lendário RAZR, trazendo-os para uma nova era de smartphones dobráveis. Depois de vermos diversas imagens conceptuais, as primeiras imagens de aparência minimamente oficial começaram a surgir, confirmando os traços gerais deste terminal que tem, a seu favor, um design muito próprio, diferenciador, e compacto.
Ao contrário dos smartphones que mencionamos atrás, o Motorola RAZR 2019 não abusa do formato foldable para criar um tablet enorme. Antes, cria um smartphone que, dobrado, fica suficientemente pequeno para caber num bolso. No exterior teremos aparentemente um ecrã mais pequeno para vermos notificações, horas, mensagens, etc.
Desdobrado, o RAZR apresenta um ecrã muito alongado que poderá ter 6.5 ou 6.2 polegadas, não sendo o tamanho certo ainda. No geral, gosto da abordagem e do estilo único, mas tenho um problema com o queixo.
O RAZR original tinha um belo de um queixo, e o novo também o terá, embora não seja claro porquê, mas parece lá estar um leitor biométrico. Quando o ecrã está aberto, este queixo fica numa das laterais ou na base e parece francamente desconfortável. Imaginem-se a utilizar este terminal na vertical, possivelmente com um ecrã 21:9 pelo menos, e pensem em executar gestos a partir da base com aquela protuberância a limitar os movimentos do polegar. Ou na lateral, com o mesmo efeito.
Aqui não me agrada certamente totalmente, mas deixo a ressalva de que só quando virmos um ao vivo podermos perceber realmente se o queixo impacta na ergonomia do RAZR. Certo é que o foldable ideal ainda não nascerá desta vez.
Uma desilusão no preço
Depois dos preços elevados dos Samsung Galaxy Fold e Huawei Mate X, o Motorola RAZR 2019 foi visto por muitos como o primeiro foldable budget. Afinal, o Galaxy Fold custa para cima de €2000.
Mas o RAZR não custará €1000, o que não é particularmente barato. Um exclusivo da Verizon, limitando obviamente a sua venda a utilizadores de outras operadoras e reduzindo-lhe o mercado (mas quiçá obtendo um investimento inicial interessante para o desenvolvimento), o Motorola RAZR 2019 poderá ter afinal um preço de $1500, ou perto disso.
Este preço não garante hardware de topo. O ecrã deverá ter uma resolução de 876 pixéis na largura, algo abaixo do FHD, e o processador mais falado é o Snapdragon 710, prestes a tornar-se um chip duas gerações atrás, com o lançamento em breve do Snapdragon 735. Aposta-se igualmente num máximo de 6GB de RAM com 128GB de armazenamento interno.
A dúvida é se existirão utilizadores suficientes que queiram tanto um smartphone compacto que paguem preço de topo de gama por um equipamento que custaria menos de €400 se não fosse pelo ecrã. Pensemos num Xiaomi Mi 9 SE que custa perto de €340, e acrescentem-lhe mil Euros em cima para termos um ecrã dobrável. Para quantos valerá o privilégio um valor tão avultado?