Provavelmente ainda se lembra bem da disputa que houve há uns tempos entre as autoridades americanas e a Apple, numa luta para desbloquear um iPhone que pertencia a um suspeito de terrorismo. Pois bem, agora é a Amazon que se envolve num embate deste género, também com as autoridades americanas que, desta vez, estão a investigar uma morte em Arkansas.
Em causa está o acesso a gravações que o Echo da Amazon possa ter, assim como outras informações associadas ao dispositivo que tem como dono James Andrew Bates, acusado do homicídio de um homem em Novembro de 2015.
A Amazon já recusou por duas vezes fornecer as informações que foram pedidas, no entanto já forneceu as informações sobre a conta de Bates, assim como o histórico de compras na loja americana.
Apesar de ser sabido que o Echo tem microfones sempre activos, de forma a que possa responder rapidamente à “palavra para acordar”, a verdade é que as gravações que faz não são gravados por mais do que uns míseros segundos. Apenas se a palavra para despertar for dita, é que o todos os microfones do dispositivo são ligados e o áudio começa a ser enviado para a Amazon para ser analisado.
No entanto, é sabido que muitas vezes este tipo de equipamentos confunde as palavras ouvidas e desperta, gravando conversas. E é com base nisso que a Polícia pretende aceder aos dados do Echo, dado que as gravações podem ser bastante úteis para a polícia investigar o crime, assim como as informações relativas à data e hora a que foram feitas as gravações. Segundo o relatório do tribunal, a polícia até conseguiu extrair alguns dados do Echo, baseando-se também nesses dados para pedir as gravações à Amazon.
Mas não é só no Echo da Amazon que a Polícia recolheu dados importantes. Segundo os relatório, outro elemento analisado foi um equipamento inteligente que mede água. Segundo o medidor de água, Bates gastou cerca de 530 litros de água entre a 1h e as 3h da manhã. Com base nesses valores, os investigadores do crime afirmam que esta é uma quantidade de água muito grande, e alegam que terá sido a água usada para limpar o pátio que teria ficado coberto de sangue.
A equipa que está a montar a defesa de Bates tem vindo a contestar o acesso a estes dados, assim como a precisão dos mesmos. A verdade é que Bates declarou-se inocente em Abril de 2016, estando a aguardar julgamento em liberdade.
Sendo que vivemos num mundo cada vez mais tecnológico e com mais dispositivos inteligentes, que têm obrigatoriamente recolher informações sobre o nosso dia a dia, será que a nossa privacidade está posta em causa? Deverão as forças de segurança ter acesso as nossas informações privadas?