É difícil ser-se aquele puto especial, que se destaca da multidão e tem skills inimitáveis. Os portáteis seguem, na sua generalidade, uma fórmula bastante padronizada que o Asus Zenbook Duo 14 acaba por quebrar um pouco. Tem, afinal, um segundo ecrã que transforma profundamente a forma como interagimos com este equipamento e que, não sendo isenta de especificidades, é igualmente incrivelmente satisfatória para quem pode tirar disso o máximo proveito. O Asus Zenbook Duo 14 não se esgota no seu segundo ecrã, claro, oferecendo além do mais design impecável e especificações técnicas de nos deixar a salivar.

Especificações técnicas (como testado):

  • Processador: Intel Core i7-1167G7 com 16GB RAM LPDDR4X
  • Ecrã: 14″ FHD + 12.6″
  • Armazenamento: SSD 1TB M.2 PCIe x4 SSD 
  • Gráfica: Nvidia GeForce MX450
  • Conectividade: Wi-Fi 6, Bluetooth 5.0
  • Portas: combinada auriculares e microfone, HDMI 1.4, 1 x USB-A 3.2, 2 x USB-C 3.2 com thunderbolt 4, leitor de cartões microSD
  • Autonomia: 70Wh, >10 horas
  • Peso: a partir de 1,57Kg
  • Dimensões: 307.6 x 204.5 x 17.9 mm

A crónica do puto fixe cheio de truques

É um felino elegante nas suas linhas limpas e pintura esmeralda. O Asus Zenbook Duo 14 tem um peso muito apreciável, graças à construção inteiramente em metal, e atrevo-me a dizer que pelos componentes extras associados ao segundo ecrã. Um ponto de destaque é a textura circular na tampa do ecrã com um efeito estético impecável, mas que pode ser algo mais difícil de livrar de marcas de manuseio e no geral o Duo 14 é um portátil muito elegante.

É também um equipamento relativamente compacto, mas que não sacrifica em conectividade, com duas portas USB-C e HDMI, uma USB-A, jack de áudio e ainda um leitor de cartões. No geral, os acabamentos e as linhas gerais são irrepreensíveis, com uma sensação premium global.

Quando se abre, no entanto, há aquela transformação que não nos deixa indiferentes, quando o segundo ecrã se ergue do seu repouso e se ilumina. Este segundo ecrã empurra o teclado decididamente para a base e tira qualquer espaço para o usual repouso de mãos, enquanto o trackpad vai para o lado direito, e isto tem algumas particularidades, algumas vantagens e também algumas desvantagens.

Se o segundo ecrã desperta curiosidade, a relocalização e reorganização dos elementos de entrada é a que levanta mais perguntas e, por isso, começo por aqui. O teclado em si mesmo tem dimensões razoáveis e suficientes para uma utilização ampla. A Asus fez um tremendo trabalho neste teclado: a atuação das teclas é deliciosa e sólida, mas igualmente silenciosa, sendo inquestionavelmente um hardware feito para quem gosta de usufruir da experiência de escrita. Quanto ao trackpad, podemos ter muitas mais reservas pelo seu tamanho diminuto por comparação a um portátil tradicional, mas confesso que a sua localização me parece impecavelmente intuitiva: é fácil proceder a ajustes do cursor com o dedo mindinho ou usar a mão direita como faríamos com um rato normal, embora os canhotos tenham aqui um problema.

O par teclado-trackpad é, por isso, muito mais eficiente do que previsivelmente e, se nos habituamos, ainda passaremos uns dias a tentar encontrar o pé num portátil normal depois de passarmos pelo Zenbook Duo 14. Adorei toda a experiência, confesso, apesar do trackpad muito restrito em dimensões. O único verdadeiro senão, enquanto escrevo esta análise num Vivobook, com as mãos confortavelmente apoiadas na base é mesmo este: o Zenbook Duo 14 não é um portátil para usarem no colo numa viagem ou em repouso, porque à falta deste usual apoio para as mãos, a fadiga e o desconforto podem surgir rapidamente.

Com esta questão fora do caminho, vamos olhar então para o grande foco deste portátil: o ecrã duplo. Este é o terceiro Asus com ecrã duplo depois do Asus Zenbook Pro Duo e do ROG Zephyrus Duo, e é também o mais pequeno, com uma diagonal de 14″. Este ecrã é depois complementado com um ecrã de 12.6 polegadas, chamado de ScreenPad Plus, e se o principal tem uma resolução típica (1920 x 1080), enquanto o ecrã secundário apresenta um aspeto mais alongado de 1920 x 515 e por isso não poderemos utilizá-lo simplesmente para qualquer aplicação, mas ainda assim o ScreenPad Plus está cheio de truques interessantes.

Podemos aí gerir um serviço como o Spotify ou abrir a calculadora para substituir o teclado numérico ausente, e mesmo criar combinações de aplicações para serem utilizadas em conjunto, mas a melhor utilização para mim enquanto profissional é utilizar este ecrã para compor documentos e relatórios enquanto o ecrã principal apresenta a documentação de referência, por exemplo uma folha Excel para um relatório. É igualmente fácil fazer isto ao contrário, usando o ecrã principal para o trabalho e o secundário paras referências e, em qualquer um dos cenários, é muito mais produtivo do que alt-tab para saltitar entre documentos, principalmente quando os dados são relativamente complexos. Pessoalmente, uma das minhas utilizações favoritas foi poder fazer as minhas apresentações com os slides e o Teams no ecrã principal, e a navegação do Powerpoint no ecrã secundário: muito mais intuitivo e mais confortável para preparar o slide seguinte.

Neste momento estão todos a fazer a mesma pergunta: funciona bem? Surpreendentemente sim! Combinações destas têm tudo para correr mal, mas a Asus fez um excelente trabalho e os problemas são raros na hora de trocar aplicações de ecrã ou as redimensionar para o ecrã mais pequeno.

Ora se esta possibilidade de produtividade adicional pode ser sedutora para mangas de alpaca como eu, o principal público-alvo deste portátil são os criativos de multimédia e trabalhos gráficos, já que o segundo ecrã tem integração completa com os produtos Adobe, podendo então ser criados atalhos e ações predefinidas para algum do software mais fundamental nesta área.

E com isso chegamos à performance.

O Asus Zenbook Duo 14 concentra muito poder no seu chasssis engenhoso, com a configuração base a incluir um Intel Core i5-1135G7 e 8GB de RAM, hardware que talvez não se preste a edição pesada de vídeo, mas a nossa unidade de testes inclui o substancialmente mais potente i7-1165G7 e uma Nvidia GeForce MX450 (existe igualmente a possibilidade de termos apenas a Iris Xe). A nossa unidade inclui igualmente 16GB de RAM LPDDR4X a 4266MHz (infelizmente, soldada).

Para esta configuração, o PCMark 10 devolveu uma pontuação de 5127 pontos, que na verdade é do mais alto que podemos esperar para o processador a bordo. Apesar do chassis muito fino que causaria desafios grandes à refrigeração noutros equipamentos, no caso do Asus, a dobradiça ErgoLift é um dos seus grandes trunfos. Não só abrir o ecrã levanta o chassis da base, como o erguer do ecrã secundário aumenta ainda mais o fluxo de ar circulante capaz de arrefecer o processador.

O PCMark 10 é um benchmark universal que testa uma utilização polivalente do computador, incluindo navegação na internet, alguma edição de imagem e vídeo e aplicações Office. A pontuação pode deixar-nos perfeitamente à vontade nestes cenários, já que existe aqui desempenho de sobra por comparação aos computadores que a maior parte de nós tem de usar profissionalmente.

Mas, vamos olhar para o cenário gráfico. Para isso utilizamos o 3DMark, neste caso o teste Time Spy, onde os 2147 pontos são muito interessantes. Se bem que longe do que obteríamos mesmo com uma GTX, mostram uma clara vantagem sobre as Iris Xe ou Radeon Vega onboard de equipamentos tão compactos. E este desempenho é mais do que suficiente para edição fotográfica, mesmo alguma montagem de vídeo em movimento, antes das renderizações finais.

Tudo isto é muito giro, mas quão longas são as pernas do Zenbook Duo 14? O facto de termos aqui um segundo ecrã explica a sensação que tive inicialmente de que a bateria estava a esgotar-se mais depressa do que eu esperara. Ainda assim, não tive problemas ao longo de um dia de trabalho, puxando pela máquina em navegação e produtividade durante pelo menos umas 5 horas, com a bateria a tocar nos 50% depois de uma carga completa. Para alargar mais a autonomia, desligar ou diminuir o brilho do segundo ecrã é a opção a ter, sempre que não precisem dele.

Portanto, porque é que devo levar este puto fixe para casa?

Ao olharmos para o anterior modelo do Zenbook Duo 14, podemos ver o quanto a Asus melhorou a engenharia na versão de 2021, e as novidades são particularmente excitantes ao olharmos para toda a atuação do equipamento. O novo sistema da dobradiça Ergolift que ergue também o ecrã secundário, não só melhora o ângulo deste em relação aos olhos, tornando-o mais útil, como aumenta o fluxo de ar para o processador, permitindo a um chassis leve e fino debitar um desempenho irrepreensível, dentro dos máximos esperados para um Intel Core i7-1165G7.

Combinada com uma autonomia sólida e o seu set de skills muito específico, o Asus Zenbook Duo 14 é um bestial portátil para criativos insaciáveis em movimento e mesmo para ratos de escritório à procura de maximizarem a sua produtividade, mesmo onde não exista um segundo ecrã disponível. Com o Zenbook Duo 14, nem precisam.

Há, claro, alguns vícios derivados do seu design muito especializado, o maior dos quais é o teclado contraído e a falta de um repouso para as mãos, o que significa que teclar no colo é desconfortável, pelo que se o segundo ecrã não for primordial, podem olhar por exemplo para os Vivobook. Mas se o vosso cenário de utilização envolve uma secretária e um segundo ecrã para acelerar o vosso trabalho ou editar multimédia, o Zenbook Duo 14 é um portátil único com que poucos podem competir, para um tipo de utilizador exigente que quer ferramentas otimizadas para elevar o nível do seu trabalho.

REVER GERAL
Design & Construção
8.5
Hardware
8.7
Performance
9
Bateria
8.5
Experiência de utilização
8
Relação qualidade-preço
8
Artigo anteriorChromebooks de gaming? Sim, podem ser uma realidade
Próximo artigoUm dia dos namorados é mais romântico com a Dyson
review-asus-zenbook-duo-14-um-puto-especial-com-truques-de-gente-grandeO design do Asus Zenbook Duo 14 implica compromissos, como o teclado muito compacto que pode ser menos confortável para quem planeia teclar bastante. Mas os seus dois ecrãs são uma ferramenta potente para produtivos e, acima de tudo, sério valor acrescentado para criativos à procura de uma ferramenta especializada de edição. Neste campo, poucos portáteis oferecem argumentos tão fortes.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui