Os Lenovo ThinkPad invocam uma certa mística no mundo profissional, onde a sua robustez, funcionalidade e estética utilitária são reconhecidas. O que não será de esperar é que se consiga enfiar tudo o que esperamos tudo o que esperamos de um ThinkPad numa volumetria compacta com peso de meras 907g.

Essa é a proposta do Lenovo ThinkPad X1 Nano, um ultraportátil que é um concentrado de ThinkPad, munido de ferramentas tão características como a tracker ball, mas também de um ecrã de 13″ 2K e os mais recentes Intel Core i7 de 11ª geração e gráficas Intel Xe. O ThinkPad X1 Nano coloca, na verdade, muito hardware num pacote muito compacto que nos dá segurança quanto a termos as ferramentas de trabalho necessárias em qualquer lugar, surpreendendo a todos os níveis pelo que traz para este campeonato. Há, claro, um preço elevado a pagar por este excelente portátil, mas se estiverem dispostos a pagá-lo, não se arrependerão.

Mitologia ThinkPad

Pode ser minimamente pequeno e estar longe das volumetrias bélicas dos ThinkPads tradicionais, equipamentos reconhecidos pela robustez, mas o ThinkPad X1 Nano é geneticamente um ThinkPad e incorpora deliciosamente todos os traços gerais dos seus irmãos maiores.

O acabamento aveludado em negro com o lettering na diagonal são traços característicos, mas é quando abrimos o ecrã que temos a certeza de estar perante o mais puro ThinkPad, ainda que em tamanho compacto. E apesar das linhas esbeltas do X1 Nano, encontramos um trackpad razoavelmente amplo para o tamanho do portátil, com dois botões abaixo e duas amplas teclas físicas na parte de cima. As teclas retroiluminadas possuem a típica forma em “U” com o sempre útil joystick bem no meio do teclado para dar um empurrão extra aos mais produtivos.

A construção do ThinkPad X1 Nano é esmerada, com bons remates e solidez apreciável. O feeling ao toque não é bem algo a que estejamos habituados, graças ao seu chassis em fibra de carbono e liga de magnésio. A combinação explica facilmente a leveza deste equipamento, ao mesmo tempo que lhe confere robustez extra. O X1 Nano, tal como todos os ThinkPad, tem certificação militar e deve mostrar-se à prova de qualquer transporte mais atribulado de casa para o trabalho. O corpo é pouco propenso a distorções, transmitindo bem uma sensação de robustez.

O look é discreto, ao contrário do que é a tendência atual, e tem apenas um senão na facilidade com que a superfície fica marcada pelo contacto com as mãos.

A segurança é um ponto fundamental em portáteis empresariais e, além da câmara de infravermelhos para o Windows Hello, há uma cobertura física para omitir a câmara sobre o erã e permitir maior privacidade. O leitor de impressões digitais, por seu turno, são do tipo match-on-chip, com armazenamento no próprio chip, em vez de no computador.

O único compromisso é mesmo na limitação de portas disponíveis, como me apercebi quando necessitei de colocar uma pen e não encontrei nenhuma entrada USB-A. Nem HDMI. Além do jack de áudio, o X1 Nano oferece apenas duas portas USB-C Thunderbolt 4, uma das quais servirá para carregar a bateria, pelo que pelo menos por aí temos alguma maleabilidade extra no momento de repor uma carga sem necessidade de andar com cabos atrás.

Performance ThinkPad

Quando temos em mãos um portátil de 907g, esperamos performance razoável, mas contida. Neste ponto, o X1 Nano é uma absoluta surpresa, oferecendo o nível de capacidade que esperamos de portáteis significativamente maiores. Assim como assim, o Lenovo ThinkPad X1 Nano terá das maiores potências por unidade de peso e deixa-nos as capacidades de uma workstation nas mãos.

O Lenovo ThinkPad X1 Nano está disponível em algumas configurações bastante impressionantes, incluindo opões Intel Core i7. A nossa unidade de análise, no entanto, vinha equipada com um Intel Core i5-1130G7 vPro, 16GB de RAM e 256GB de armazenamento interno. Mais do que suficiente para deitarmos abaixo algumas folhas de cálculo muito ambiciosas, calculando fórmulas pesadas em pouco tempo, mantendo uma operação extremamente silenciosa. O X1 Nano tem uma saída de ventilação na base e esta não pareceu aquecer particularmente ao longo de toda a operação, o que é agradável, principalmente considerando que num portátil destas dimensões a refrigeração pode ser um desafio.

Por outro lado, e precisamente por causa das áreas disponíveis, não temos opções com gráficas dedicadas. Felizmente falávamos de um processador Intel de 11ª geração e isso significa uma das novas e muito melhoradas gráficas Iris Xe que não têm nada que ver com as gráficas onboard de gerações anteriores. Com a Iris Xe podem mesmo dar-se ao luxo de algum gaming contido. World Of Warships e War Thunder, por exemplo, são sempre a minha rotina e vão correr corretamente com gráficos intermédios.

Desta vez não temos o Cat S62 Pro à mão para medir as áreas de calor, mas os apoios de mão nunca ficaram desconfortáveis com temperaturas excessivas e francamente não me lembro do barulho que o X1 Nano faz sob carga. É um portátil extremamente silencioso na esmagadora maioria das circunstâncias e faz no máximo um pequeno sopro. Uma brisa de Verão através da minha janela é mais ruidosa.

Os benchmarks confirmam esta excelente experiência global de utilização, com 9737 pontos no PCMark e o X1 Nano não vacila na maior parte das tarefas mais correntes, oferecendo prestações seguras.

Ecrã e multimédia

Em termos de ecrã, o único problema dos laptops ultraportáteis é, claro, a própria dimensão do ecrã. 13.3 polegadas não são o ideal para multitasking e longas leituras, mas o IPS a bordo tem bom brilho (supostamente 450 nits) e a resolução 2K (2160 x 1350) é muito acima do necessário para conteúdos multimédia de excelente nitidez. O ecrã em si tem boas cores e contrastes, não havendo defeitos que lhe possamos apontar, e isso é bom porque pode ser disposto a 180º para um trabalho colaborativo (ainda se lembram disso, pré-2020?) sem que se alguém fique prejudicado por falta de ângulo de visão. Notem que se trata de um ecrã 16:10, menos óptimo para trabalhar com documentos lado a lado, mas soberbo para produtividade.

O Lenovo ThinkPad X1 Nano está, obviamente, pensado para as reuniões à distância dos tempos modernos e conta com quatro altifalantes para essa missão. Como é normal em muitos portáteis de pequenas dimensões, estes altifalantes não se concentram todos na parte superior, dividindo-se entre o topo e a base. O áudio é bom, mas só atinge o seu potencial quando o portátil está pousado sobre uma superfície sólida, e não tanto se estivermos a trabalhar com o portátil no colo.

Agilidade e produtividade

Tenho sempre algum receio quando abordo o teclado de um portátil destas dimensões. A minha preferência vai usualmente para portáteis maiores, pelas teclas com maior distância de atuação e, de preferência, com trackpads mais amplos.

Mas, o teclado iluminado do ThinkPad X1 Nano faz justiça à família, com uma atuação muito sólida e movimentos leves que contribuem para teclarmos com um conforto razoável. As teclas não estão compactadas e têm dimensões razoáveis, pelo que facilmente nos habituamos à sua disposição se estivermos acostumados a plataformas maiores, sem os dedos sofrerem com a mudança. Se olharem de perto, as teclas são ligeiramente côncavas. Além disso, não são escorregadias, o que contribui para que os nossos dedos sejam conduzidos para o centro de gravidade, com menos pressões em falso ou escorregadelas. Ao mesmo tempo, as teclas são silenciosas, mas acima de tudo é o seu conforto que se destaca.

Há apenas uma exceção extremamente frustrante neste teclado: as teclas Ctrl e Fn estão trocadas entre si em relação ao que parece ser a lei universal dos teclados. Não compreendo porque é que a Lenovo decidiu ser diferente aqui, mas metade do tempo é passado a ativar alguma função acidentalmente, quando queria apenas pressionar a tecla control.

Um detalhe muito importante nos ThinkPad é sempre a sua combinação joystick e TrackPad que não fica de fora aqui. Numa utilização casual, teremos tendência para utilizar o trackpad de forma tradicional, utilizando as zonas de toque inferiores para os cliques do rato. No entanto, quando queremos navegar mais rapidamente, por exemplo a rever um texto, a combinação TrackPoint com as teclas físicas muito suaves no topo do TrackPad é francamente confortável.

O trackpad em si é tão amplo quanto pode ser num portátil de 13 polegadas, o que significa que é algo constrangido, ainda mais porque abdica de espaço para as teclas físicas, mas quem procura um ultraportátil para produtividade não abdicaria destas mesmas teclas. De resto, graças à sua superfície de vidro, a experiência de toque é muito responsiva e irrepreensível.

Autonomia sólida

Bem, até agora não me poupei aos superlativos, e embora a autonomia não seja milagrosa, é efetivamente muito boa. O ThinkPad X1 Nano é um portátil extremamente compacto – não sei se já o disse – e, como tal, não poderíamos genuinamente esperar uma brutal autonomia, já que conta com uma bateria de 48Wh para alimentar um hardware substancial. A Lenovo indica até 13 horas de bateria, o que é um valor credível.

Não tenho por hábito fazer benchmarks para determinar a autonomia, e interessa-me muito mais a facilidade com que faço as minhas tarefas diárias sem ter que parar para carregar o portátil. O X1 Nano é impecável desse ponto de vista. Em duas semanas vi-me a carregar a bateria ao fim de dois (quiçá três dias de trabalho), o que pelos meus hábitos significa que vão extrair daqui uma autonomia algures entre 8 a 10 horas, dependendo da exigência do trabalho, valores mais do que confortáveis para a maioria dos profissionais em movimento que precisem de tratar algumas folhas de cálculo, tratar de apresentações e relatórios. E um valor muito bom para nem sequer 1Kg de peso e não é nada distante do prometido pela marca.

A porta USB-C, depois, dá uma maleabilidade extra na hora de repor alguma da carga, com um empurrão de algumas horas com poucos minutos de corrente.

Conclusão

Uma construção premium de elevada resistência e leveza inacreditável seriam argumentos suficientes para olharmos para o Lenovo ThinkPad X1 Nano, mas quando juntamos a isto o hardware surpreendentemente potente para o seu tamanho, o que temos em mãos é um dos melhores ultraportáteis empresariais no mercado.

A sua única fraqueza é a quantidade muito restrita de portas, o que nos vai tramar se necessitarmos conectar-nos a sistemas externos de projeção de imagem ou transferência de dados. Teremos de investir num dongle e de certo modo derrotar um pouco toda a elegância ultraportátil e simplicidade.

Mas, se trabalharmos de forma mais livre, e dependermos da nuvem para transferências, então a tecnologia atual dificilmente pode conceber um ultraportátil mais sólido e capaz. No mercado não faltam ultraportáteis leves, de Chromeboks a portáteis Windows, mas equipamentos com esta conjugação de portabilidade, capacidade de processamento e excepcional experiência de utilização são raros membros de uma elite. Com a sua enorme leveza robusta, o Lenovo ThinkPad X1 Nano consegue oferecer capacidade de encaixe suficiente para termos o trabalho feito onde quer que seja, com um conforto louvável, não só em termos de facilidade de transporte, como em termos da paz de espírito que dá sabermos que este portátil fará o trabalho necessário em qualquer local.

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